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Por , O Globo — Rio de Janeiro

Preso após ser alvo de acusações de assédio e importunação sexual, o pastor evangélico Davi Passamani usou "versículos bíblicos" para ganhar a confiança de uma fiel que o denunciou, posteriormente "pedindo para que a vítima se tocasse" e "realizasse atos sexuais nela mesma", como detalha a delegada-adjunta Amanda Menuci, da Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem), responsável pela prisão do religioso na noite desta quinta-feira.

— Ele se valeu da vulnerabilidade dela, que já havia descrito um problema emocional de relacionamento. O pastor abordou ela nesse sentido, com toda uma conotação religiosa para o discurso, e realizou por fim a ligação de vídeo onde praticou os toques, em seus órgãos genitais, incidindo na prática de importunação sexual — relata a delegada.

Davi Passamani era pastor da igreja "A Casa" e foi acusado de crimes sexuais contra membros do templo religioso pelo menos duas vezes. Em dezembro, ele chegou a renunciar ao cargo de presidente e líder do grupo após a denúncia de uma fiel.

Em um dos casos, a mulher registrou ocorrência no dia seguinte ao assédio. Segundo ela, o pastor a enviou uma mensagem de texto e perguntou se estava tudo bem. Depois, questionou sobre o namorado dela e descobriu que o relacionamento havia acabado.

O pastor pediu, então, que a vítima fizesse algumas “confissões”, e passou a narrar uma fantasia sexual. Ainda segundo a mulher, ele fez uma chamada de vídeo, mostrou o pênis, desligou a câmera e iniciou uma masturbação. Então, desligou o celular e enviou novas mensagens. Ela não respondeu.

Antes, em 2020, outra fiel denunciou Davi e disse que ele perguntou sobre sua vida sexual durante uma conversa. O pastor teria dito, ainda, que queria “sentir seu beijo” e contou ter tido um sonho com ela. No mês seguinte do mesmo ano, outra mulher procurou a polícia e denunciou o sacerdote pelo mesmo crime.

Para a advogada de defesa das vítimas, Taisa Steter, a prisão só foi possível a partir do relato do caso nas redes sociais pela primeira denunciante, em 2020. A publicação teria motivado as outras vítimas a endossarem a acusação.

— A repercussão dos crimes envolvendo Davi Passamani, com a denúncia de outubro de 2023, no curso do inquérito policial, contribuiu para que a delegada entendesse a necessidade de decretar a prisão preventiva — opina Steter.

De acordo com o advogado Leandro Silva, advogado de Passamani, a delegada também teria relatado que a prisão se deu porque Passamani estaria “apresentando risco à sociedade”, uma vez que ainda comandava os louvores na igreja.

A advogada Taisa Steter acrescenta que Passamani encontrava “meios de descobrir o telefone” das vítimas, frequentadoras da igreja, para então começar “sua empreitada de violência de gênero para satisfazer seus desejos sexuais”.

O pastor conduzia um “louvor” no momento em que foi capturado. Em nota enviada ao GLOBO, o advogado Leandro Silva classifica as informações do inquérito que baseou a prisão como “vazias, lacunosas e genéricas” e diz ter entrado com pedido de habeas corpus. A defesa de Passamani afirma, ainda, que a polícia se negou “a entregar a cópia da decisão judicial que fundamentou a prisão”.

“Davi Passamani nunca foi condenado criminalmente por tipo penal de assédio sexual e a defesa nega tais acusações. Reafirma-se, mais uma vez, que tudo não passa de uma conspiração para destruição de sua imagem e investida ilegítima de seu patrimônio, ruína financeira, bem como o impedimento de qualquer prática religiosa. No momento estratégico adequado, seus conspiradores, todos eles, serão representados e seus nomes divulgados”, afirma o texto.

Davi Passamani: pastor preso por suspeita de crimes sexuais — Foto: Reprodução/Instagram
Davi Passamani: pastor preso por suspeita de crimes sexuais — Foto: Reprodução/Instagram

Polêmica de desembargadores em votação

Recentemente, em votação sobre uma das denúncias de assédio contra Davi Passamani, o desembargador Silvânio Divino de Alvarenga, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), sugeriu que a denunciante poderia ser “sonsa”, falou em “caça aos homens” e deu voto negativo a um pedido de indenização por danos morais. A declaração foi feita durante sessão da 6ª Câmara Cível do estado, no dia 19 de março. Posteriormente, o magistrado alterou o voto.

“Essa caça aos homens… Daqui a pouco não vai ter nem encontro. Como você vai ter relacionamento com uma mulher, se não tiver um ‘ataque’? Vamos colocar ‘ataque’ entre aspas (...) Ela mesma falou que era sonsa… Se ela não foi muito sonsa”, disse Alvarenga.

E questionou o que chama de “rigor moral”:

“Não sei se a gente deve levar a questão moral a ferro e a fogo (…) Nos Estados Unidos eu vi uma situação vexatória, me contaram uma coisa sobre uma determinada empresa que os homens não estavam chamando as mulheres para as festas que aconteciam. Achei isso horrível”.

Na sessão, a turma de magistrados analisava uma ação movida pela jovem, que pedia a reparação. O caso da mulher chegou a passar pela esfera criminal, mas foi arquivado por “falta de provas”. No âmbito cível, os desembargadores julgaram a indenização, e não o caso de assédio. Por fim, deram parecer positivo ao pedido.

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