Galões com material radioativo furtados apresentam baixo risco, mas diretor do CNEN faz alerta: 'possibilidade de contaminação'

Diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Alessandro Facure explica que o dispositivo por si só não representa risco, mas o perigo ocorre caso ele seja violado e, consequentemente, uma pessoa tenha contato com o material, o germânio 68. Nessa caso, pode ocorrer contaminação por inalar ou ingestão, o provoca risco à saúde, "apesar de que óbito não é esperado em função da manipulação desse tipo de material".

— Esse dispositivo contém uma coluna do isótopo radioativo germânio 68, que possui uma meia-vida de 268 dias. Isso significa que o material leva até 268 dias para ter a sua atividade reduzida pela metade e é considerado um material de baixo risco, já que sua atividade de 30 milicuries [unidade de medida de radiatividade] é relativamente pequena, comparado com outras fontes radioativas — explica Facure.

Segundo Facure, o furto ocorreu "por um desvio de conduta de um dos motoristas", que, "em vez de deixar o carro em local apropriado, constantemente monitorado, resolveu ir com o veículo até a sua casa", local de onde o veículo acabou sendo furtado. A empresa transportadora é regularmente autorizada pela CNEN e segue um procedimento para manter seus carros em local protegido e constantemente monitorado.

— Importante ressaltar que pelas normas nacionais que todos os veículos que transportam radioisótopos devem contar com um dispositivo GPS. No entanto, os meliantes, ao furtarem o carro, removeram imediatamente o GPS do veículo, e perdemos, então, a sua rastreabilidade — explica.

Facure reitera que "não é esperada nenhuma dispersão no meio-ambiente, muito menos efeitos severos para a saúde de quem os manipule, pela sua baixa atividade". Ele, porém, pede à população que, caso encontre o dispositivo, comunique à Comissão Nacional de Energia Nuclear imediatamente, para que o material seja recolhido e levado de volta à segurança.

A entidade afirmou, por meio de nota, que o furto de uma caminhonete com material radioativo em São Paulo aconteceu após imprudência do motorista do veículo. Segundo o órgão, o condutor optou por levar o automóvel para um local diferente do "pátio seguro onde o veículo deveria ficar abrigado durante à noite". O caso é investigado pela Polícia Civil de São Paulo, que segue em busca das demais embalagens desaparecidas.

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De acordo com o órgão, as fontes radioativas foram levadas junto com a caminhonete. Apesar de apresentarem "risco radiológico muito baixo" e estarem guardados em embalagens de chumbo, os itens ainda podem causar danos à saúde se manuseados incorretamente.

"Esclarecemos que o material radioativo furtado com o veículo está acondicionado em embalagens de chumbo que o blindam e evitam qualquer irradiação para o ambiente. No entanto, a manipulação inadequada pode vir a causar danos à saúde", disse a CNEN em nota.

A caminhonete que transportava o material pertence à empresa de transporte Transporte Medical Ald e estava a serviço da R2 Pharma. Os itens levados consistiam de um gerador de 68Ge/68Ga e 4 unidades de blindagens de geradores exauridos.

Segundo a CNEN, o gerador é uma fonte de Germânio/Gálio e foi fabricado pela empresa Eckert & Ziegler. Esse equipamento pode ser usado na preparação de radiofármacos usados em tomografias por emissão de pósitrons (PET).

"Diligências estão em andamento para recuperar o material e o veículo furtados e identificar o autor do crime", disse a Polícia Civil por meio de nota. O caso é investigado pela 49ºDP.

'Por esse motivo, alertamos a população para, caso encontre o material radioativo, mantenha distância segura e contate imediatamente a CNEN pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também a Polícia", diz ainda a nota. Uma coletiva de imprensa deverá ser feita pelo CNEN no início da tarde.