Filmes
PUBLICIDADE

Por Mari Teixeira — Rio de Janeiro

Quando Ludmila Dayer anunciou em uma live no Instagram que tinha recebido o diagnóstico de esclerose múltipla e um quadro crônico causado por vírus Epstein-Barr (EBV, na sigla em inglês), criou-se uma comoção em torno do assunto. Tudo começou em 2021, enquanto a atriz e produtora, de 39 anos, editava seu primeiro trabalho como diretora, o documentário “Eu”, cuja motivação para a filmagem foi outro problema de saúde: ataques de pânico.

Diferentemente do que o nome sugere, o filme é sobre autoconhecimento, não sobre a vida de Ludmila, mas usa sua história como norte. A ideia é mostrar que há um caminho até a cura e que ele é diferente para cada um, ela diz. De início, o longa seria totalmente impessoal, mas, diante da descoberta das novas doenças, Ludmila decidiu mudar tudo, fazê-lo em primeira pessoa e expor mais suas questões. Com realização de sua própria produtora, a Lupi Productions, o longa foi exibido no último dia 3 para convidados da indústria cinematográfica e está sendo negociado com plataformas e distribuidoras.

— Minha questão com a saúde mental foi muito séria. A ponto de limitar meu dia a dia. Parei de dirigir. Cancelava meus compromissos de trabalho por ter medo de ter crise. Praticamente parei tudo e fui me dedicar a mim mesma. Nesse processo, comecei a descobrir coisas tão inacreditáveis, que transformaram minha vida para melhor — diz ela, acrescentando que passou a se sentir grata e que foram essas descobertas que a fizeram querer dividir com os outros sua trajetória em forma de documentário.

Ludmila Dayer compartilha sua trajetória para o autoconhecimento — Foto: Ana Branco
Ludmila Dayer compartilha sua trajetória para o autoconhecimento — Foto: Ana Branco

‘Preparada psicologicamente’

Foi depois de tratar as crises de pânico que Ludmila recebeu as duas notícias que poderiam abalá-la ainda mais. Ela conta, no entanto, que levou o diagnóstico com muito mais tranquilidade porque já estava cuidando da mente desde 2019. O passo seguinte foi mudar a alimentação (cortou carne, ovo, glúten, álcool, gordura e cafeína, e abusa de frutas e suco de aipo) para controlar o vírus. Buscou, então, profissionais que a amparassem para o tratamento da esclerose.

— Eu já estava mudando a minha forma de viver, psicologicamente falando, aí veio o EBV, depois, esclerose, que, sinceramente, eu levei de uma forma muito positiva. Não à toa que meu tratamento está sendo um sucesso, hoje em dia eu vivo 100%. Mas foi porque eu estava tão preparada psicologicamente, e falei: o diagnóstico não vai me definir. As coisas se alinham, acho que os problemas na saúde primeiro começam na nossa mente, nas nossas emoções — diz.

Desde muito cedo, Ludmila Dayer colocou suas emoções à prova. Começou a trabalhar como atriz aos 10 anos no filme “Carlota Joaquina — Princesa do Brasil” e recebeu o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de atriz revelação. Pelo longa seguinte, “Traição”, em que interpretou a personagem Diabólica de Nelson Rodrigues ao lado de Fernanda Montenegro, Ludmila ganhou o Candango de melhor interpretação no Festival de Cinema de Brasília. Protagonizou ainda o filme “Vida de menina”, baseado nos diários de Helena Morley. Depois, participou da novela da Globo “Senhora do destino”, e, em 2006, foi para os Estados Unidos visitar uma amiga por 15 dias — e está lá há 16 anos, casada, desde 2016, com um empresário britânico.

— Naquele momento, estava com um pouco de depressão. Me sentia um peixe fora d’água. Acho que estava vivendo usando uma máscara durante muito tempo e, quando cheguei aos Estados Unidos, me vi livre disso — diz a atriz, lembrando que, por ter começado muito cedo, se sentia pressionada a corresponder às expectativas, “dar certo, não poder decepcionar ninguém”.

Estreia na direção de ficção

Experimentando aqui e ali, descobriu que quer investir em direção. Já está preparando a continuação de “Eu” e, em paralelo, vai dirigir seu primeiro filme de ficção:

— Nunca me senti tão à vontade na vida. Foi uma sensação de pertencimento.

Dividido em sete atos, o documentário de aproximadamente 70 minutos vai traçando rotas que começam na vida intrauterina e chegam a um processo de cura na vida adulta. O longa reúne depoimentos de Waldemar Falcão (escritor e astrólogo), Sandra Regina (médica e adepta da técnica de constelação familiar), Diogo Lara (neurocientista), Max Tovar (xamã) e Eleanor Luzes (médica psiquiatra).

Partindo das crises de pânico, Ludmila volta à sua infância e propõe uma reflexão sobre situações familiares e suas consequências. Ela, por exemplo, foi criada sem uma figura paterna presente e conta que nunca teve vontade de ser mãe — e quis menos ainda depois do que ouviu de especialistas para o projeto, entendendo a dimensão da responsabilidade.

— Acho que não tenho capacidade de lidar com isso. Prefiro fazer o que puder para ajudar outras mães. Sobre meu pai, aprendi a aceitar que foi da maneira que foi e acredito que as pessoas dão aquilo que têm para dar e, se não foi o que eu esperava, tenho que lidar eu com as minhas expectativas, né? — reflete ela. — Aprendi que existe uma força enorme na vulnerabilidade. Não existe autoconhecimento com máscaras e tive que tirar todas elas. Mas tomei cuidado em dosar o quanto de mim ajudaria o outro sem passar em cima da história desse outro. Não queria que fosse sobre a minha vida.

Ludmila Dayer e Fernanda Souza — Foto: Divulgação
Ludmila Dayer e Fernanda Souza — Foto: Divulgação

No projeto “Eu”, Ludmila formou uma equipe de amigos. Entre eles, Anitta, que atuou como produtora associada, e Fernanda Souza, como produtora executiva.

— Entrar em contato com as vivências da Ludmila e as ferramentas que ela apresenta foi um abraço, sabe? O processo de autoconhecimento é de cada um, mas a gente não precisa passar por ele sozinha — diz a cantora, que recentemente passou por problemas de saúde e chegou a citar o EBV, o mesmo vírus que acomete Ludmila.

Fernanda, além de produzir o longa, aparece na tela representando Ludmila. As duas se conhecem desde que trabalharam juntas em “Malhação”, há 20 anos.

— Estou muito orgulhosa do resultado que alcançamos. A Lud usou a força interna dela para contar uma história sobre dores e processos de qualquer ser humano de um jeito único — observa a atriz.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Concurso 2.757 foi realizado pela Caixa Econômica Federal neste sábado

Mega-Sena: confira os números sorteados do prêmio de R$ 7,1 milhões

Influenciadora digital recebe amigos das crianças, frutos de sua relação com o cantor Zé Felipe, para tarde regada a recreação

Virginia Fonseca faz 'open house' em nova mansão, com festa na piscina para as filhas

"Como é o nome francês pra pix?", escreveu um internauta

Torcedores brasileiros encontram perfil de árbitra de Brasil x França em rede social e criticam acréscimos de 18 minutos

Mateus Alves acredita que equipe sucumbiu à pressão; última ainda viva no torneio, Jucielen Romeu luta neste domingo

Após derrota de Bia Ferreira, técnico da seleção de boxe analisa campanha dos brasileiros em Paris: 'Vergonhoso, uma bosta'

Seleção brasileira vive a expectativa pelo retorno de Marta contra a Espanha

Análise: Com time 'operário' e agressivo, Brasil faz melhor jogo na Olimpíada em vitória contra a França

Cantores Gui Valença, Camilla Marotti, Rafael Direito e Bruno Fernandes vão se apresentar, das 12h às 17h, na praça em frente ao estabelecimento

Hotel festeja cinco anos de abertura em Copacabana com shows gratuitos na tarde deste domingo

Detenções ocorreram na região Norte do país, e não há informações sobre o paradeiro dos religisoos; governo de Daniel Ortega acusa a Igreja de ter apoiado protestos de 2018

ONG afirma que 12 sacerdotes católicos foram presos 'nas últimas 48 horas' na Nicarágua

Atriz e comediante encanta web ao mostrar, ao lado da menina de 4 anos, reações diante da final disputada pela atleta nas Olimpíadas

Após prata de Rebeca Andrade, filha de Tatá Werneck diz que quer fazer ginástica artística

Pane no sistema de geradores deixou o aeroporto às escuras por três horas

Falta de luz no Aeroporto do Galeão provoca atraso em voos

Natural de Goiânia, empresário promete prédio maior que o Burj Khalifa na cidade e deve ter como vice herdeiro de Levy Fidelix, fundador do partido

Marçal lança candidatura em São Paulo neste domingo em meio a disputas no nanico PRTB