Cultura
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Por Ricardo Pinheiro — Rio de Janeiro

Nem mesmo em sua despedida dos palcos, aos 64 anos, em 2012, Rita Lee deixou de lado sua postura combativa. Sempre atenta à violência policial, desde os tempos da ditadura militar, quando chegou até a ser presa, Rita, que morreu nesta terça-feira, aos 75 anos, não teve medo de denunciar o que ela considerava errado.

Durante uma confusão na plateia com agentes policiais, Rita interrompeu a apresentação em Aracaju, Sergipe, e “bateu de frente” com eles. No final da noite, ela parou na delegacia, onde foi enquadrada no crime de “desacato e apologia ao crime ou ao criminoso”.

Os policiais pareciam estar revistando o público durante o show. Conforme consta em nota da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, os agentes abordavam as pessoas que fumavam maconha na plateia. De cima do palco, Rita interrompeu a apresentação e se demonstrou inconformada com o ocorrido.

— Olha, se a polícia bater, eu vou falar para o Brasil inteiro, denuncio e processo. Isso é força brutal. Vocês não têm o direito de usar a força na ‘meninada’ que não está fazendo nada. Cadê o responsável? Eu quero falar, tenho o direito. Esse show é meu, não é de vocês. Esse show é minha despedida do palco e vocês continuam tendo que guardar as pessoas, não agredir. Seus cachorros – coitados dos cachorros. Cafajestes. Vocês estão fazendo de propósito. Eu sou do tempo da ditadura. Vocês pensam que eu tenho medo? [Efeito sonoro para cobrir palavrões] — disse Rita, entre aplausos e gritos eufóricos da plateia.

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— Vem aqui. Eu sou mulher. Tenho três filhos, uma neta, 64 anos. O que vocês vão fazer? É isso que vocês querem: chamar atenção. [...] Cadê por escrito que vocês têm que fazer isso? [...] O que é isso? Não, eu não vou esperar. Esse show é meu. As pessoas estão me esperando cantar. Não é a gracinha de vocês, seus [efeito sonoro para cobrir palavrões]. Vêm me prender. Agora vêm aqui — enfrentou Rita.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, Rita começou a se dirigir aos policiais faltando cerca de 40 minutos para acabar o show.

— Ela dizia que o show era dela e, em um determinado momento, ela disse: 'Me dê um baseado para eu fumar aqui em cima' — afirmam.

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Logo após o ocorrido, Rita comentou sobre o caso em seu Twitter. “Polícia dando trabalho para mim. Quer me prender. Embasamento legal não há. Não retiro uma palavra do que disse, o show era meu!”, publicou.

Em seguida, Rita completou: “Alô ‘twittlawyers’, polícia abusiva e abusada, não sou obrigada a fazer o que me pedem: ir à delegacia agora, ou amanhã às 9h. Último show e ela vai presa? Não poderia ser mais ‘la cantante’, afff”.

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Ela também agradeceu à então vereadora Heloísa Helena, de Maceió (AL), por prestar depoimento. A política estava na plateia do show e, segundo Rita, ela só foi solta por causa dela.

Em abril do ano seguinte, Rita foi condenada a pagar R$ 5 mil por danos morais causados a dois policiais envolvidos na confusão. Por meio da assessoria de imprensa, na ocasião, a cantora disse que “por enquanto nada a declarar, apenas a lamentar”.

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