Era setembro do ano passado quando uma produção nigeriana orçada em US$ 1 milhão — valor recorde no país africano, mas irrisório para o padrão hollywoodiano — se tornou uma das mais assistidas do mundo após sua estreia no streaming. A obra em questão era o filme “A lista da vingança”, do diretor estreante Editi Effiong, sobre um ex-assassino (personagem de Richard Mofe-Damijo) que tem o filho vítima de policiais corruptos e decide ir atrás de respostas.
O cineasta nigeriano Editi Effiong sobe ao palco do Rio2C, principal encontro de criatividade e inovação da América Latina, na próxima quinta-feira (6), para falar sobre o trabalho no longa e sobre a indústria cinematográfica da Nigéria. Ele também participará de rodadas de conversas para construir pontes entre o cinema brasileiro e o nigeriano.
— Penso que Nigéria e Brasil são países com muitas coisas em comum culturalmente e socialmente. Achei interessante descobrir que o cinema brasileiro tem o governo como principal investidor. Na Nigéria, o investimento é todo do setor privado. Quero trocar essas experiências e explorar nossas ligações para pensar em como podemos trabalhar juntos — diz Effiong, de 40 anos, em entrevista por videoconferência, dias antes de sua chegada ao Rio.
Alemanha devolve artefatos saqueados da Nigéria no século XIX; veja fotos
![Artefatos saqueados do antigo Reino do Benin foram devolvidos a atual Nigéria pela Alemanha — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/qpY3Xg-hp-RmlAhdoDoXRrpJAag=/0x0:5964x4108/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/j/2/Wl8EPIQHCNd0S18wrVFA/101570328-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
![Artefatos saqueados do antigo Reino do Benin foram devolvidos a atual Nigéria pela Alemanha — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/HBDTn8xWpJHJJOd8zh-Mn81JciU=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/j/2/Wl8EPIQHCNd0S18wrVFA/101570328-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
Artefatos saqueados do antigo Reino do Benin foram devolvidos a atual Nigéria pela Alemanha — Foto: Kola Sulaimon / AFP
![Ministra das Relações Exteriores da Alemanha disse que país havia decidido corrigir erro do passado — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/yzodiZO6ZZIZcJ6aJcYymeRK97E=/0x0:5736x3748/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/h/T/GpURO3SPiN7sJem8o63A/101570352-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
![Ministra das Relações Exteriores da Alemanha disse que país havia decidido corrigir erro do passado — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/_ZgKsf5WNGlmOEPaCB4rnF0CuVk=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/h/T/GpURO3SPiN7sJem8o63A/101570352-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
Ministra das Relações Exteriores da Alemanha disse que país havia decidido corrigir erro do passado — Foto: Kola Sulaimon / AFP
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![Ao todo, 20 peças foram devolvidas a Nigéria — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/jcIracSK7f6inp0iXGkrL14cm0w=/0x0:5544x4000/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/q/v/xCGmC2T6aWsu8fQIBU1A/101570358-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
![Ao todo, 20 peças foram devolvidas a Nigéria — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/nA3nhfBOmvNtvdd-1931R0Q7WQY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/q/v/xCGmC2T6aWsu8fQIBU1A/101570358-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
Ao todo, 20 peças foram devolvidas a Nigéria — Foto: Kola Sulaimon / AFP
![Peça foram roubadas há 100 anos por tropas britânicas; Alemanha devolveito 20 delas nesta terça-feira — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/zg9nMI53L2oN50QW2I0hWijne3I=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/o/l/q2xnceQtm1FpqJARyc2g/101570432-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
Peça foram roubadas há 100 anos por tropas britânicas; Alemanha devolveito 20 delas nesta terça-feira — Foto: Kola Sulaimon / AFP
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![Artefatos de bronze estão entre as peças devolvidas a Nigéria pela Alemanha — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/NANa_ZsDokweXxx2M5VC-7jCLB8=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/C/B/VjPVpsQneyDPBV3PiCBw/101570434-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
Artefatos de bronze estão entre as peças devolvidas a Nigéria pela Alemanha — Foto: Kola Sulaimon / AFP
![Peças foram devolvidas para a Nigéria; Governo alemão disse que estava corrigindo erro — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/qcJbgV8dMyxkpB_2ueiuN5K4QvY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/A/l/9slr4jTRyGTnlAfZ6ieA/101570338-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
Peças foram devolvidas para a Nigéria; Governo alemão disse que estava corrigindo erro — Foto: Kola Sulaimon / AFP
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![Esculturas variadas foram devolvidas pelo governo alemão a Nigéria — Foto: Kola Sulaimon / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/SUw3jo0LTI7PPx6i7RN_vSZulSQ=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/8/G/lmAIBATGGuuJAZrGgvAQ/101570336-this-december-20-2022-image-taken-at-the-nigerian-ministry-of-foreign-affairs-in-abuja-sho.jpg)
Esculturas variadas foram devolvidas pelo governo alemão a Nigéria — Foto: Kola Sulaimon / AFP
Hollywood e Coreia do Sul
Popularmente chamado de Nollywood, o cinema nigeriano só fica atrás do indiano (Bollywood) no que diz respeito ao número de produções. A Nigéria produz cerca de 2.500 filmes por ano, com uma indústria que emprega diretamente 300 mil pessoas, além de um milhão indiretamente.
— Temos uma indústria que é uma das mais rápidas do mundo. E vem crescendo nos últimos três anos, com cada vez mais investimento. E quero trabalhar como essa ponte de colaborações. Quero fazer colaborações com Hollywood, com a Coreia do Sul, com o Brasil — planeja o diretor.
![Cena de "A lista da vingança" — Foto: Reprodução](https://s2-oglobo.glbimg.com/WT7KkAJPXaxz1iQMi4KE7Ciefy8=/0x0:1600x900/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/0/9/MaRZABRPAhex7pyzTcHw/blackbook1.jpg)
Mas, mesmo tão prolífico, o cinema do país ainda encontra dificuldades em alcançar o público fora da Nigéria, o que tem melhorado com o streaming.
— O streaming permite às histórias fora de Hollywood viajarem. Antes, eu precisaria me reunir com distribuidores separados de cada país, seria muito mais difícil — diz o diretor, que viu sua obra ocupar o top 3 entre os filmes mais vistos nos EUA na Netflix.
Em suas primeiras 48h após a estreia, “A lista da vingança” foi visto por quase 6 milhões de pessoas, alcançando o top 10 da Netflix em mais de 60 países. Effiong conta que desde o início pensou o filme para um público global, mesmo que o acordo com a plataforma tenha vindo apenas após a conclusão do projeto.
A repercussão positiva de seu filme nos Estados Unidos fez render comparações com obras como “John Wick” e “O protetor”, sagas de vinganças estreladas por Keanu Reeves e Denzel Washington, respectivamente. Apesar de ficar feliz em ver seu filme colocado ao lado de sucessos de Hollywood, ele diz que não foram referências e que as conjunturas envolvidas em sua trama são particulares.
Com o sucesso, Effiong comemora uma transformação em sua carreira e a abertura de diversas possibilidades, a exemplo de participar de uma reunião com o produtor de seu filme favorito na infância (“Jumanji”, 1995), como ocorreu há poucas semanas, ou visitar o Rio, palco de outra importante referência cinematográfica, “Cidade de Deus” (2002).
— Poucos filmes me atraíram tanto quanto “Cidade de Deus” — cita o diretor, que quer transformar o sucesso em oportunidades. — Nenhum sucesso é válido se não for possível aumentar o nosso impacto na indústria, se não conseguirmos viabilizar mais investimentos ou fazer projetos maiores. Temos que aproveitar as oportunidades para ocupar espaços.