Cultura
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Por — Rio de Janeiro

Muito antes de tocar quatro vezes no Carnegie Hall, em Nova York, e de rodar quase todos os continentes para se apresentar, a pianista Simone Leitão foi uma menina sonhadora de Caratinga, pequeno município do interior de Minas Gerais, ansiosa por mais acesso à música clássica. Este sentimento a inspirou quando já era musicista formada e com carreira sólida. Ela morava nos Estados Unidos e terminava seu doutorado em piano e performance na Universidade de Miami quando teve a ideia de criar um projeto social que não somente levasse concertos para cidades do interior, mas que também colocasse jovens músicos à margem dos grandes eixos culturais em grandes palcos consagrados.

Doze anos depois, sua Academia Jovem Concertante (AJC) chega à 25ª edição colecionando bons números: mais de mil músicos já passaram pelo projeto social, que rodou 15 estados do Brasil ao longo desse tempo, empreendendo 200 concertos apresentados para mais de cem mil pessoas. Hoje, a AJC sobe ao palco do Theatro Avenida, em Espírito Santo do Pinhal (SP), iniciando uma nova turnê que vai passar ainda pela Sala São Paulo, na capital paulista, amanhã; pela Sala Cecília Meireles, na Lapa, Centro do Rio, na terça-feira; e pelo Theatro Municipal de São João del-Rei, em Minas, na quinta-feira.

Compromisso e qualidade

Nesta edição, 45 jovens, entre 18 e 29 anos, de 11 estados brasileiros, apresentarão um programa com a “Sinfonia nº 2 em ré maior”, do alemão Johannes Brahms, o “Concerto para piano e orquestra em lá menor”, do norueguês Edvard Grieg, e a obra “Da terra”, da compositora paraense Cibelle Donza, com regência do maestro Daniel Guedes.

— Buscamos uma orquestra que mostre cada vez mais a diversidade do Brasil — diz ao GLOBO a pianista mineira de 54 anos. —Amo saber que um oboísta do Rio Grande do Sul está dividindo a responsabilidade com outra de Barra Mansa, do Rio. Ver que uma fagotista venezuelana que vive em Roraima está dividindo estante com gente de São Paulo e de Santa Catarina. O que nos une é o total comprometimento com a música feita com a melhor qualidade possível.

Para chegar aos jovens, a academia de Simone abre edital regularmente e mantém contato com outros projetos sociais pelo país. Como o que a tia de Letícia Rodrigues Ferreira montou em Conceição do Coité, na Bahia. Ela estreia hoje na AJC como violoncelista.

— Eu comecei aprendendo violino, tive contato com os instrumentos, mas depois de dois anos me apaixonei pelo violoncelo. Digo que o violoncelo me escolheu. O que mais apaixona na música é a conexão que ela me proporciona. Em momentos da minha vida que não sabia me expressar com palavras, foi a música que me acolheu — diz a jovem de 25 anos. — A música também me deu oportunidade de conhecer pessoas eu lugares.

Da pequena cidade de Luís Gomes, no Rio Grande do Norte, Andresa Laíze Moreira conheceu a música aos 6 anos através de um projeto de erradicação do trabalho infantil. Ela tinha 12 quando um maestro fundou uma camerata na cidade e sugeriu que ela tocasse contrabaixo. Mais tarde, foi para Natal e começou a estudar contrabaixo acústico na escola de música da UFRN. É o instrumento com o qual se apresentará na turnê da AJC.

—Minha cidade só tem 12 mil habitantes. Meus pais sempre me apoiaram, mas tinham medo de ter a filha na cidade grande — conta Andresa, hoje aos 24 anos. — Os grandes palcos me realizam, mas também é muito emocionante se apresentar para pessoas que nunca assistiram a uma orquestra.

Acostumada aos grandes palcos, Simone Leitão diz que costuma conversar com os jovens, vez ou outra, quando o nervosismo chega de bate-pronto. A receita é simples: ensaiar, ensaiar e ensaiar:

— A gente conversa, sei como é, passo por isso ainda. Mas o grande antídoto do nervosismo é a preparação. Então temos que nos preparar muito bem. E eles se preparam muito. A AJC tem essa coisa da alta performance, eles já vêm sabendo que vão dar o melhor de si.

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