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Por Alexis Soloski, The New York Times — Nova York

Mike White sempre soube como tudo acabaria. Meses antes do início das gravações da segunda temporada de “The White Lotus”, da HBO, que terminou com mortes na noite de domingo, o criador da série ligou para a atriz Jennifer Coolidge, sua amiga e colaboradora de longa data.

Tanya, a herdeira de lábios carnudos com uma conexão tênue com a realidade interpretada por Coolidge, foi um dos dois únicos personagens a transitar da primeira temporada, ambientada em um hotel cinco estrelas no Havaí, para esta, ambientada em uma propriedade irmã em Sicília.

— Jennifer, eu sinto muito. Você está morrendo — disse o roteirista.

White quis dizer que no final, como nem mesmo o fã mais obsessivo havia previsto, Tanya correria por um iate cheio de “gays de alta classe” com a intenção de assassiná-la, avaliaria mal a distância do convés até um bote e mergulharia, de mau jeito, para a morte. Em entrevista, White descreveu a morte como propositalmente “tola”.

Na noite de domingo, na casa de Coolidge, ela e White assistiram ao final juntos. E na manhã de segunda-feira, cada um se conectou para discutir a trágica morte de Tanya e para onde a série, já renovada para uma terceira temporada, pode ir a partir daqui. Leia a seguir trechos da conversa.

Se a primeira temporada foi centrada em riqueza e privilégio, por que esta se concentrou em sexo e desejo?

Mike White: Originalmente, eu tinha um conceito diferente. E então, quando fui para a Sicília, aquelas esculturas de Testa di Moro (figuras inspiradas em uma lenda popular sobre infidelidade sexual) estavam por toda parte. Parecia um lugar onde algumas histórias clássicas de homens e mulheres poderiam ser contadas com personagens contemporâneos.

Você sabia desde o início como terminaria?

White: Na primeira temporada, a última frase de Tanya é algo como “tive tantos tratamentos na minha vida; a morte é a última experiência imersiva que não tive”. Eu estava pensando: talvez seja para onde levar a história dela. Na ópera italiana, as mulheres devem chorar e morrer, e eu imaginei que essa poderia ser uma história apropriada para a Sicília e esta batalha dos sexos, e Tanya é uma vítima disso.

Mike White, criador da série The White Lotus, durante entrega do Emmy: “Eu amo essa história”  — Foto: PATRICK T. FALLON/AFP via Getty Images
Mike White, criador da série The White Lotus, durante entrega do Emmy: “Eu amo essa história” — Foto: PATRICK T. FALLON/AFP via Getty Images

Os fãs ficaram obcecados em descobrir quem morreria e como. Você prestou atenção nas teorias?

Jennifer Coolidge: Achei hilário. Havia coisas malucas que as pessoas diziam. Tipo o marido de Tanya, Greg (provavelmente envolvido na trama do assassinato e interpretado por Jon Gries), precisa voltar e salvá-la daqueles gays. Mas adorei. Todas as possibilidades foram esgotadas.

White: É engraçado, porque 95% das teorias teriam sido realmente chocantes. Mas como escritor, não teria como conseguir isso. Tipo Daphne mata todo mundo! Mas eu acho que esse final é um pouco mais selvagem. Eu costumo trabalhar em uma realidade mais modulada. Esta foi uma conclusão maior e operística. Porque eu senti que era essa a vibe lá. E também porque a ideia de Jennifer no barco com aqueles caras parecia engraçada.

Jennifer, você tentou convencer Mike a desistir desse final?

Coolidge: Não dá para convencer Mike White a nada. Mas sempre que Mike estava de bom humor e rindo de alguma coisa, eu dizia: “Não preciso morrer, certo?”

White: Mesmo quando estávamos filmando a cena no mar onde Daphne encontra o corpo, ela disse: “Devemos fazer apenas uma tomada em que eu me projeto para a praia? Apenas uma?”

Coolidge: Essa é uma atriz lutando por mais uma temporada! Eu queria ser prática caso Mike mudasse de ideia. Eu só queria deixar as possibilidades em aberto.

Por que você queria uma morte “tola” para Tanya?

White: Isso me lembra Jennifer. Ela vem e faz uma performance incrível e depois se tranca no banheiro. Eu posso ver Jennifer nesta situação realmente matando todos os bandidos, sobrevivendo a esta tentativa de assassinato e então tropeçando no caminho. Parte de Jennifer é assim: ela não vai desistir sem lutar. Ela quer viver. Mas, ao mesmo tempo, ela talvez seja um pouco desajeitada.

Você fez alguma das cenas finais, Jennifer?

Coolidge: Implorei para fazer isso! Mas Mike já tinha dublê na filmagem. E ela estava esperando por horas. Não havia como Mike dizer a ela, esperando no barco frio, que ela não teria seu momento. Então, Mike não me deixou fazer isso.

White: Ela realmente queria pular do barco. Na água gelada. Não havia como.

Algum personagem da segunda temporada irá para a terceira temporada?

White: A verdade é que eu realmente não sei.

Jennifer Coolidge em cena: 'The White Lotus' — Foto: Divulgação / Fabio Lovino / HBO
Jennifer Coolidge em cena: 'The White Lotus' — Foto: Divulgação / Fabio Lovino / HBO

Permita-me sugerir um fantasma da Tanya...

Coolidge: Obrigado por tentar me colocar lá.

White: Especialmente se estivermos fazendo algo sobre o reino espiritual.

Na primeira temporada, vocês enfrentaram a Covid-19. Desta vez, atores e personagens puderam sair do hotel. Foi diferente?

Coolidge: Obviamente, nos divertimos muito na primeira. Na segunda, pensei: meu Deus, nunca teremos essa camaradagem. É impossível. Com a Covid foi muito intenso. Eu amei o Havaí, sair com todos os colegas de elenco no final do dia, nadar e, possivelmente, ser comida por tubarões, o drama disso... Mas a Sicília é tão bonita, e as pessoas acabaram sendo engraçadas e interessantes. Eu disse a Mike: “Você não apenas dá trabalhos de atuação para as pessoas, mas também uma experiência.” Foi imprevisível e extraordinário.

Você se arrepende por ter matado Tanya?

White: Eu amo essa história. Mas ontem (domingo), fui assistir sozinho com Jennifer. A certa altura, eu estava rindo e olhei para ela, e ela estava tão triste por Tanya. Naquele momento, eu pensei: puxa, este é o fim para mim e para Jennifer. E Jennifer é a razão pela qual eu fiz “White Lotus” antes de mais nada. Porque eu só queria escrever algo para ela. Simplesmente a adoro. Então é triste. Não percebi até ontem, mas agora estou triste. Vai ser difícil fazer isso sem ela. Com certeza, vai faltar algo.

Coolidge: Eu não esperava que ele ficasse tão comovido como eu.

Você o perdoou por tê-la matado?

Coolidge: De jeito nenhum. Vou ficar triste para sempre com isso.

A terceira temporada já foi confirmada. Quem morrerá?

White: Talvez seja como Kenny em “South Park”: toda temporada, Tanya tem que entrar e morrer de novo.

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