Finanças
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Por — Rio de Janeiro

Depois da bonança que a Bolsa viveu no fim do ano passado, agora o mercado de capitais brasileiro sofre com uma forte saída de investidores estrangeiros. Nos dois primeiros meses do ano, R$ 16,6 bilhões deixaram o país, de acordo com levantamento do sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, Einar Rivero, com base em dados da B3.

Apenas no mês passado, a saída de capital estrangeiro chegou a R$ 8,7 bilhões, superando os R$ 7,8 bilhões do mês anterior.

Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank, lembra que o saldo positivo visto em novembro e dezembro de 2023 teve relação com a corrida para aprovação de projetos que poderiam destravar a economia no Congresso brasileiro, além da perspectiva positiva para corte de juros nos Estados Unidos na época.

Ambos os fatores despertaram interesse de gringos para a compra de ativos que estavam depreciados no Ibovespa. O índice chegou a se valorizar em 18,5% nesses dois meses, fechando o ano a 134.185 pontos.

No início de 2024, no entanto, o cenário mudou. O cumprimento da meta de déficit zero ainda levanta dúvidas entre analistas, mesmo com aumento da arrecadação federa. E dados mais fortes na economia americana têm levado o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a dar declarações mais cautelosas sobre o início do ciclo de corte de juros.

Investidores de todo o mundo voltam os olhos para a economia americana — Foto: Unsplash
Investidores de todo o mundo voltam os olhos para a economia americana — Foto: Unsplash

A última ata do Fomc (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto do banco central americano) mostrou que os dirigentes do BC americano avaliam que o pico de alta de juros já foi atingido, mas aguardam sinais mais claros sobre se a inflação realmente está caminhando para a meta de 2%.

Segundo a ferramenta Fed Tool do CME Group, apenas 25% dos analistas projetam corte de juros em maio. Dentre os entrevistados, 77,5% confia em algum corte em junho, enquanto 92,7% acreditam em um corte na reunião de julho. Até o Fundo Monetário Internacional (FMI) vem adotando cautela: a vice-diretora gerente do FMI, Gita Gopinath, já disse que a queda da taxa só deve ocorrer no segundo semestre.

Esse é o mesmo posicionamento da economista do C6 Bank, Claudia Rodrigues. Para ela, a desaceleração do mercado de trabalho é insuficiente para garantir corte de juros no 1º semestre nos EUA.

Nesta sexta-feira, o Departamento de Trabalho americano divulgou a abertura de 275 mil vagas de emprego em fevereiro e revisou os dados de janeiro, passando de 353 mil para 229 mil. No saldo dos dois meses, foram gerados menos postos de trabalho do que o esperado.

— A taxa de desemprego segue em patamar historicamente baixo. Os ganhos por hora trabalhada desaceleraram de 4,4% para 4,3% no comparativo anual, mas seguem acima da inflação acumulada no período. Ou seja, o mercado de trabalho segue aquecido e desacelera em ritmo lento — analisa Cláudia.

Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, cita como razões para a saída de capital estrangeiro a redução do diferencial de juros futuro — visto que o Brasil tem feito cortes na Selic, enquanto os EUA mantêm a taxa inalterada —, além da maior atratividade de ações de tecnologia.

— O capital que sai daqui acaba indo para as treasuries americanas (títulos de dívida dos EUA) — avalia Marcatti, acrescentando que a busca por renda variável nos EUA também sobe. —Há uma aposta muito grande em empresas de inteligência artificial como grandes geradoras de resultado daqui para frente. Isso ajuda a Bolsa americana a se manter atraente.

Quando divulgou alta de 769% no seu lucro no trimestre, superando todas as expectativas, a Nvidia disparou na Bolsa de Nova York. A gigante de tecnologia já é a terceira empresa mais valiosa do mundo, com valor de mercado superior a US$ 2 trilhões, atrás apenas de Microsoft e Apple.

A Alphabet, dona do Google, também reportou que cresceu 51,9% no quarto trimestre, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2023, o lucro ficou em US$ 73,79 bilhões, alta de 23% em relação a 2022.

Resultados de empresas de tecnologia têm animado investidores — Foto: Unsplash
Resultados de empresas de tecnologia têm animado investidores — Foto: Unsplash

Enquanto outros emergentes também sofrem com a saída de capital estrangeiro, Rodrigo Franceschi, sócio e especialista de investimentos da Ável, destaca que a Índia vem se consolidando como alternativa para investimentos por ser um polo de tecnologia, com mão de obra barata.

— A gente sabe que as empresas de tecnologia acabam sofrendo com juros altos. E, agora, acaba sendo um momento interessante para investir nessas empresas, afinal, o juro vai cair e a perspectiva para elas tende a ser ainda melhor daqui para frente — opina.

O Japão, segundo ele, é outro destino para onde o dinheiro tem escoado. No fim de fevereiro, a Bolsa de Tóquio bateu seu máximo histórico desde o final de 1989. E, na última segunda-feira, superou o novo recorde, passando da marca de 40 mil pontos. A fraqueza do iene tem tornado os títulos japoneses mais atraentes para os investidores estrangeiros, inflacionando artificialmente os resultados de suas empresas voltadas para a exportação.

Drausio Giacomelli, estrategista-chefe para mercados emergentes do Deutsche Bank, destaca que, com os conflitos globais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a disputa entre Israel e Hamas, há um certo temor na aplicação de recursos na Europa.

O continente também tem sido preterido por indícios de desaceleração econômica devido aos apertos na política monetária.

A situação da China, que vive uma crise no setor imobiliário, também preocupa. Segundo ele, como a Bolsa brasileira é baseada em commodities, o Brasil acaba não sendo uma boa opção para diversificação dos investimentos, pois boa parte da demanda dessas empresas vem dos chineses.

— Não é mais tão seguro investir na China, que tem tido um crescimento relativo baixo quando comparado aos Estados Unidos. Por ser um país emergente, deveria crescer mais. E, devido à dependência de commodities, quem compra Brasil acaba comprando outra face da mesma moeda — avalia.

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