Economia
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Por O Globo — Brasília

Funcionárias denunciaram o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, por assédio sexual, segundo o site “Metrópoles”, que registrou depoimentos em vídeos que preservam as identidades das vítimas. A reportagem publicada nesta terça-feira, diz que o caso está sendo investigado, sob sigilo, pelo Ministério Público Federal (MPF). O MPF do Distrito Federal afirmou que não fornece informações sobre procedimentos sigilosos.

De acordo com o “Metrópoles”, há diversas acusações contra Guimarães, um dos integrantes do governo mais próximos do presidente Jair Bolsonaro. Os relatos descrevem situações em que o executivo age de forma inapropriada diante de funcionárias do banco estatal, com toques íntimos não autorizados, convites incompatíveis com a situação de trabalho e outras formas de assédio.

Segundo o colunista do GLOBO, Lauro Jardim, Guimarães deverá deixar o cargo nesta quarta-feira para reduzir os danos à campanha a reeleição de Bolsonaro, que sofre maior resistência no eleitorado feminino. A colunista Bela Megale informa que o Planalto considera a situação do executivo "insustentável". Já Malu Gaspar aponta a pressão do núcleo político da campanha bolsonarista pela demissão dele.

Os relatos destes supostos abusos ocorreram, na maior parte das vezes, em viagens de trabalho da Caixa pelo Brasil. Os vídeos publicados pelo Metrópoles destacam relatos de vítimas que, dizem sob a condição de anonimato, terem sido convidadas por Guimarães para irem à sauna ou piscina durante viagens a trabalho do banco.

Em um dos depoimentos ao site, uma das funcionárias que integrava comitiva de Guimarães em uma viagem pelo país diz ter sido convidada para ir à piscina do hotel onde estavam hospedados. No local, ela e outra empregada do banco convidada teriam assistido ao presidente nadar na piscina. Na ocasião, ouviram de um dos auxiliares de Guimarães: "E se o presidente quiser transar com você?"

Em outro episódio, Pedro Guimarães teria sugerido que em uma das viagens seguintes, para Porto Seguro, deveria ser feito um "carnaval fora de época". A declaração aconteceu durante um jantar após ele participar de eventos do programa Caixa Mais Brasil em uma determinada cidade.

O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, em cerimônia no Planalto — Foto: Pablo Jacob
O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, em cerimônia no Planalto — Foto: Pablo Jacob

"Ninguém vai ser de ninguém. E vai ser com todo mundo nu", teria dito o presidente da Caixa, segundo o relato de uma testemunha divulgado pelo Metrópoles.

'Vou te rasgar'

As declarações do presidente foram confirmadas pelo "Metrópoles" com outros integrantes da comitiva presentes no jantar. Uma funcionária contou ao site que o Guimarães teria se virado para ela e feito uma afirmação agressiva: "Ele me falou: 'Vou te rasgar. Vai sangrar'".

As denúncias divulgadas pelo Metrópoles também apontam que Guimarães “pegava” na cintura ou no pescoço de funcionárias sem consentimento.

Segundo o site, o presidente da Caixa chegava a pedir com frequência que suas auxiliares levarem em seu quarto de hotel objetos que ele “precisava”, como carregadores de celular ou algum documento. Ao menos uma vez, atendeu a uma delas de cueca. Em outra, teria pedido para a mulher tomar um banho e voltar ao seu quarto para “tratarem de sua carreira”.

O presidente da Caixa dança quadrilha em uma cidade do Nordeste em uma de suas muitas viagens ao interior do país que ganham contornos políticos  — Foto: Divulgação
O presidente da Caixa dança quadrilha em uma cidade do Nordeste em uma de suas muitas viagens ao interior do país que ganham contornos políticos — Foto: Divulgação

Em nota enviada ao Metrópoles, a Caixa disse que "não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo".

"A Caixa esclarece que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio. O banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de ‘qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça’. A Caixa possui, ainda, canal de denúncias, por meio do qual são apuradas quaisquer supostas irregularidades atribuídas à conduta de qualquer empregado, independente da função hierárquica, que garante o anonimato, o sigilo e o correto processamento das denúncias. Ademais, todo empregado do banco participa da ação educacional sobre Ética e Conduta na Caixa, da reunião anual sobre Código de Ética na sua Unidade, bem como deve assinar o Termo de Ciência de Ética, por meio dos canais internos. A Caixa possui, ainda, a cartilha ‘Promovendo um Ambiente de Trabalho Saudável’, que visa contribuir para a prevenção do assédio de forma ampla, com conteúdo informativo sobre esse tipo de prática, auxiliando na conscientização, reflexão, prevenção e promoção de um ambiente de trabalho saudável”, afirma o banco.

Um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro

Presidente da Caixa Econômica Federal desde o início do governo Bolsonaro, Pedro Guimarães é um dos aliados mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, de quem conquistou a confiança rapidamente.

A gestão de Guimarães tem sido marcada por viagens dele pelo país, participando de eventos públicos com políticos aliados e da abertura de agências. Segundo reportagem do GLOBO no ano passado, foram 97 viagens em 28 meses, passando por 147 municípios. De acordo com o "Metrópoles", eram na maioria dessas viagens que funcionárias dizem ser alvos de assédio sexual de Guimarães.

Antes de entrar no governo, Guimarães era sócio do Banco Brasil Plural e foi apresentado ao então candidato à Presidência por um conhecido do mercado financeiro durante uma viagem internacional na campanha. Na ocasião, Guimarães se aproximou de Bolsonaro, atuando até como intérprete.

Já no governo, a relação entre os dois se estreitou. Bolsonaro valorizava as viagens de Guimarães, a quem descreve como um dos seus auxiliares que mais coloca o "pé na estrada". Exemplo dessa proximidade é a participação recorrente de Guimarães nas lives presidenciais, transmitidas todas as semanas nas redes socias de Bolsonaro.

Nas transmissões, Guimarães costumava falar dos programas lançados pela Caixa, que alcançou maior espaço no governo ao concentrar os pagamentos do Auxílio Emergencial e, mais recentemente, os do Auxílio Brasil, que atinge mais famílias que o seu antecessor, o Bolsa Família, e também paga um valor mensal maior.

O perfil de Guimarães rendeu especulações sobre uma possível candidatura este ano, que não se confirmaram.

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