Apesar da suspensão do leilão para compra de arroz, o governo decidiu na tarde desta terça-feira manter a compra do produto de outros países. A previsão é importar entre 150 mil e 200 mil toneladas do produto a ser adquirido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e distribuído por supermercados e atacadistas.
O assunto foi discutido em uma reunião coordenada pelo Ministério da Agricultura, com representantes da Casa Civil, da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário. O governo já havia lançado um edital, mas ele foi suspenso porque havia expectativa de a isenção da tarifa de importações de mercados fora do Mercosul seria suficiente.
Porém, a avaliação é que a medida causou ainda mais instabilidade no mercado. O Ministério da Agricultura foi alertado nesta terça-feira de que grandes indústrias de arroz do Rio Grande do Sul, com produtos estocados, teriam suspendido as vendas. A Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz) nega.
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Os temporais, que começaram em 27 de abril, ganharam força no dia 29 e já afetaram mais de 873 mil pessoas em território gaúcho, de acordo com o último boletim da Defesa Civil.
O plano do governo é importar o arroz e vender o produto de forma subsidia no mercado doméstico, no valor de R$ 20 o sado de cinco quilos. O custo para os cofres públicos é estimado entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 dois bilhões.
Leilão suspenso
O leilão para a compra de cerca de 100 mil toneladas de arroz do Mercosul, previsto para esta terça-feira, foi suspenso. A medida foi tomada porque, segundo o governo, foram constatados aumentos especulativos de preços praticados pelos sócios do bloco.
A suspensão foi comunicada pelo Ministério da Agricultura. Uma nova dada para o leilão e a origem da importação do produto estão em discussão entre os vários órgãos envolvidos. O mais provável é que a importação terá como origem a Tailândia.
As compras, que tinham como prioridade de origem o Mercosul, têm o objetivo de evitar aumentos especulativos de preços e garantir o abastecimento do país, em um momento em que o maior estado produtor, o Rio Grande do Sul, enfrenta inundações que compõem um cenário de catástrofe climática.
Em entrevista ao portal g1, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que os preços subiram até 30% no Mercosul. Esta foi uma das razões de o governo zerar o Imposto de Importação do produto, dando as mesmas condições que existem se a compra fosse em um dos mercados do bloco sul-americano — Paraguai, Argentina e Uruguai.
A suspensão do leilão foi decidida pelo presidente da República. Uma nova data será estabelecida nos próximos dias, mas técnicos envolvidos no assunto afirmam que, com a redução das alíquotas de importação a zero, prevista para durar até o fim deste ano, o setor privado terá liberdade para importar o arroz de onde considerar mais vantajoso.
Em uma avaliação interna, interlocutores do governo dizem que, atualmente, o mercado de arroz brasileiro já opera em um cenário de menor disponibilidade de grão. Isto porque a área plantada vem sendo reduzida ao longo dos últimos anos, com exceção da atual Safra 2023/24, que foi semeada em um cenário atrativo de preço e rentabilidade.
No caso do Rio Grande do Sul, responsável por mais de 70% da produção nacional, estimativas de mercado indicam uma perda em torno de 600 mil toneladas. A safra de arroz prevista era de cerca de 40 milhões de toneladas.
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