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Por — Rio de Janeiro

Apesar de sete títulos mundiais nos últimos dez anos, o surfe brasileiro vive um dos piores momentos da sua história recente, com apenas três surfistas na elite do surfe masculino. Italo Ferreira, Gabriel Medina e Yago Dora conseguiram se manter após o corte — 22 permaneceram —, mas estão fora do top 15. Para reverter esse cenário, o trio busca levantar o troféu da etapa de Teahupo'o, no Taiti, sede da modalidade nas Olimpíadas de Paris, que tem uma nova chamada, neste sábado, às 13h45 (de Brasília).

A temporada do circuito mundial se divide em duas fases: pré e pós-corte. No início do ano, todos os surfistas classificados competem nos cinco primeiros eventos, sendo que quatro são no Havaí e na Austrália, em ondas, majoritariamente, para a direita. Por exemplo, a etapa de Teahupo'o, que tem os tubos para a esquerda, acontece nesta segunda metade da temporada, com o ranking já reduzido.

É justamente a falta de variedade de mares que Yago Dora, de 28 anos, relaciona como um dos fatores que possam ter dificultado o seu desempenho e dos brasileiros até este momento da temporada.

— Tirando Portugal, todas essas primeiras etapas têm características parecidas de ondas oceânicas e fortes. Na primeira metade do ano, não tem o estilo high performance como o brasileiro normalmente gosta, com acrobacias em aéreos e manobras radicais — diz o surfista catarinense.

Brasileiros estão fora do top 15 no ranking — Foto: Editoria de Arte
Brasileiros estão fora do top 15 no ranking — Foto: Editoria de Arte

Além disso, Yago destaca que o nível dos estrangeiros se aproximou realmente daquele dos brasileiros. Exemplo disso é que “zebras” venceram campeonatos e se juntaram aos dez melhores na classificação, que tem o californiano Griffin Colapinto, de 25 anos, como atual líder do ranking.

Quem também pensa dessa forma é Breno Dines, comentarista de surfe do canal SporTV. — É inegável que os estrangeiros estão incomodando mais. Quando a "Brazilian Storm" chegou, era o fim da carreira de grandes nomes do circuito mundial, como Mick Fanning e Joel Parkinson. Tirando o John John Florence, os brasileiros atropelaram o resto nos últimos anos. Agora, essa nova geração está surfando muito bem, tanto que está tomando conta do top 5.

Assim como Yago, Breno aponta certo desequilíbrio no calendário, com mais direitas do que esquerdas até o corte. No entanto, ele comenta que o ideal seria que cada surfista pudesse mostrar o seu repertório em todo tipo de onda, independentemente de favorecer um estilo ou outro de surfe.

Luiz Campos, o Pinga, técnico de Filipe Toledo e João Chumbinho — afastados desta temporada — analisa que a pré-temporada precisa ser mais intensa com o corte, já que não existe praticamente tempo de recuperação na primeira metade da temporada. Ao mesmo tempo, ele já esperava que a geração da "Brazilian Storm" (como é chamado o grupo brasileiro) caísse de rendimento após dez anos de completo domínio no circuito mundial.

— É muito pesado manter esse nível no alto rendimento e, por isso, essa queda de desempenho aconteceria em algum momento por causa de todo cansaço físico e, principalmente, mental dos nossos atletas — ressalta Pinga.

Luiz Campos, o Pinga, é técnico do bicampeão mundial Filipe Toledo — Foto: Reprodução / Redes sociais
Luiz Campos, o Pinga, é técnico do bicampeão mundial Filipe Toledo — Foto: Reprodução / Redes sociais

Como os melhores brasileiros em 2023, Toledo e Chumbinho deixaram de vestir a lycra nesta temporada por motivos diferentes. O bicampeão mundial se afastou das competições para cuidar da saúde mental, enquanto o local de Saquarema sofreu um acidente na onda de Pipeline, no Havaí, em dezembro do ano passado. Apesar dos imprevistos, ambos seguem confirmados nos Jogos Olímpicos.

Embora acredite na recuperação brasileira, Pinga alerta para a ausência de uma geração preparada a manter o nível da "Brazilian Storm".

— Precisamos ligar o sinal amarelo e não podemos ser cegos a ponto de negar que existe um gap (buraco) atualmente. Não existe uma geração pronta para entrar na elite com a quantidade e qualidade de atletas da Brazilian Storm — afirma o treinador.

Julgamento contestado

Se o desempenho geral dos brasileiros mudou em relação aos últimos anos, o julgamento seguiu com enorme repercussão na elite do surfe em 2024.

O tricampeão mundial Gabriel Medina foi um dos surfistas que mais contestaram as notas dos juízes nesta temporada. Para Breno Dines, o atual 19º colocado poderia estar facilmente no top 5 do ranking se tivesse avançado em baterias polêmicas.

Por outro lado, Yago Dora evita acreditar que haja uma “perseguição” dos juízes contra os brasileiros.

— Se eu pensar nisso, eu vou estar me boicotando porque eu sou mais um dentro d’água . Eu sinto que o brasileiro tem mania de sentir que foi roubado em toda bateria próxima — desabafa.

Ao mesmo tempo, ele critica as mudanças constantes nos critérios de julgamento, o que pode prejudicar o rendimento dos surfistas do Brasil, conhecidos pela progressividade nos fundos de areia.

— Os juízes estão valorizando bastante o “power surf” (surfe de borda) e a conexão de uma manobra na outra sem desequilíbrio. Isso favorece justamente os surfistas "gringos" que cresceram nesse tipo de onda, com fundo de coral — lamenta.

Teahupo'o e Olimpíadas

Gabriel Medina é bicampeão em Teahupo'o, no Taiti — Foto: Damien Poullenot / WSL
Gabriel Medina é bicampeão em Teahupo'o, no Taiti — Foto: Damien Poullenot / WSL

A presença do primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, Gabriel Medina, no Taiti, é quase que garantia de resultados expressivos. Em nove etapas, o atleta tem seis finais e dois títulos. Desde que foi campeão mundial em 2014, ele chegou, pelo menos, à semifinal.

Como as Olimpíadas serão na Polinésia Francesa, Medina é um dos favoritos a conquistar a medalha de ouro na modalidade.

— Essa segunda metade da temporada vai ter muita alegria para os brasileiros, incluindo as Olimpíadas. Dá para ver pelo histórico com sete títulos nos últimos dez anos. Vai demorar pelo menos sete anos até outra nação virar potência — brincou Yago Dora.

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