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Por , Em The New York Times — Washington, D.C.

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GERADO EM: 28/08/2024 - 04:31

Kamala Harris lidera pesquisas nos EUA após desistência de Biden

Kamala Harris lidera pesquisas nos EUA, surpreendendo após desistência de Biden. Sua candidatura cresce com apoio em estados decisivos. Desafio é manter vantagem, já que críticas de Trump não a afetaram negativamente. Eleitores buscam mudança e esperança na democrata.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, encerrou um mês extraordinário. Em pouco tempo, ela transformou completamente a eleição presidencial de 2024 no país. A democrata lidera a maior parte das pesquisas nacionais e nos estados decisivos, e os sinais do entusiasmo por sua candidatura estão por toda parte, desde estádios lotados até arrecadações recordes de campanha. Tudo isso era difícil de imaginar antes da desistência de Joe Biden, quando a maioria dos americanos tinha uma opinião desfavorável sobre ela.

Sua candidatura anterior à Presidência tampouco correu bem. Na verdade, sua trajetória política nacional trouxe consigo uma bagagem considerável, incluindo um papel de destaque na política de imigração na administração Biden, pela qual costuma ser criticada, e uma série de declarações políticas impopulares na sua última campanha presidencial. Kamala, no entanto, conseguiu reverter sua sorte – e rapidamente. Muitos americanos não tinham uma visão definida sobre ela, e após um mês de discursos bem elaborados e aparições positivas sob holofotes nacionais, ela conseguiu se reapresentar ao país com sucesso.

Agora, mais eleitores nos estados decisivos dizem ter uma visão favorável dela do que desfavorável – um grande efeito num país dividido. Essa reviravolta, contudo, não se deve apenas à Kamala. É também, em grande parte, devido à imensa insatisfação dos eleitores com um novo confronto entre Biden e Trump, algo que trouxe ansiedade e desânimo para milhões de americanos. De repente, a candidatura de Kamala ofereceu a essas pessoas o que elas desejavam: algo novo, diferente e mais esperançoso do que aquele confronto temido. Ela desbloqueou anos de entusiasmo reprimido entre os democratas.

Como resultado, Kamala se tornou uma espécie de candidata da mudança. Ainda que ela não represente uma mudança na política ou no partido, a democrata representa a promessa de um novo começo. Ela também transformou o ex-presidente republicano Donald Trump em um candidato do status quo, ou mesmo do passado – não o status quo político, mas o candidato de uma década contenciosa e exaustiva na vida política americana. Isso foi o suficiente para dar a Kamala uma liderança antes da convenção de semana passada, e sua vantagem poderá aumentar ainda mais nas próximas pesquisas, após milhões de pessoas terem assistido ao seu discurso.

Vinte e um dias após virar as pesquisas, Kamala Harris continua à frente de Trump na corrida pela Casa Branca. Nas últimas semanas, a candidata democrata tem melhorado sua posição, de acordo com sondagens compiladas pelo agregador RealClearPolitics (RPC). Agora, ela tem 48,4% de chances de conquistar a Presidência dos EUA, em comparação com 46,9% do republicano. Biden, por sua vez, estava há quase um ano sem alcançar essa margem de vantagem. Quando desistiu de sua candidatura, em 21 de julho, estava 3,1 pontos atrás do republicano.

A retirada de Robert Kennedy Jr. da corrida ou sua decisão de apoiar o ex-presidente também não parece ter impactado significativamente a disputa. Embora inicialmente houvesse o temor de uma transferência de votos, as pesquisas do New York Times revelam que não está claro qual candidato seria beneficiado – e mostram que os seguidores de Kennedy são menos propensos a votar em novembro.

Kamala é favorita em 11 das 15 pesquisas cujos resultados são compilados pelo RCP, com vantagens que chegam a até 4 pontos. As outras quatro que dão vitória a Trump mostram uma oscilação entre 1 e 3 pontos. E a situação por estados também ilustra o quão acirrada ainda está a disputa eleitoral: a democrata teria 23 estados a seu favor, em maior ou menor grau, contra 27 estados do republicano, segundo previsões do The Economist. Estariam em jogo Arizona, Michigan, Carolina do Norte, Geórgia, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.

A vice-presidente democrata também se consolidou como favorita no Metaculus, comunidade que possui o melhor histórico de acertos. De 20 a 21 de julho, ela passou de 17% para 35% de chances de ser a próxima presidente. Desde 8 de agosto, ela mal saiu de 55%. Trump, por sua vez, alcançou máximos de 75% antes da retirada de Biden, e agora se encontra em 46%.

Se essa vantagem vai durar até novembro dependerá, em parte, das respostas a estas perguntas: Será apenas uma reviravolta? Kamala causou uma boa impressão, mas será que causou uma impressão duradoura? Se há um risco nos seus números atuais, é o de que ela esteja surfando em um “impulso” nas pesquisas, alimentado por uma cobertura midiática positiva, mas insustentável.

Esses impulsos nas pesquisas são comuns após debates ou convenções, e o último mês de Kamala tem algumas dessas características. Ela se beneficiou de vários eventos que a colocaram no centro do debate: sua entrada na corrida eleitoral, a aceitação de sua candidatura pelos democratas e sua escolha para vice-presidente. Depois veio a convenção democrata, um caso clássico de impulso provocado pela mídia. Muitas vezes, esses impulsos não duram. Em outras ocasiões, porém, eles mudam permanentemente a corrida – tornam-se “saltos”.

A eleição presidencial de 1992 nos Estados Unidos, por exemplo, foi permanentemente alterada pela convenção democrata, quando um impopular Bill Clinton unificou um partido dividido e ajudou a afastar Ross Perot da corrida. Se a posição de Kamala se mantiver depois que os holofotes se apagarem, a próxima questão é se seu apoio será forte o suficiente para resistir às dificuldades que virão. Até agora, ela não enfrentou nenhuma adversidade real na campanha: não houve erros gritantes, ciclos de notícias difíceis ou investigações profundas. Em algum momento, espera-se que isso mude.

O que se sabe é que as opiniões sobre Kamala Harris não são definitivas. Uma pesquisa da CBS News antes da convenção revelou que apenas 64% dos eleitores registrados disseram saber o que ela defendia. Isso deu a ela a oportunidade de se redefinir no último mês, mas também significa que não é seguro assumir que sua posição seja duradoura.

Trump pode redefinir Kamala?

A candidata democrata não apenas melhorou sua posição no último mês: Trump e os republicanos também falharam em defini-la sob uma perspectiva negativa. Ele e seus apoiadores disseram coisas como: “ela é uma contratada do D.E.I” (política usada por organizações que define Diversidade, Equidade e Inclusão como valores) e “ela só recentemente se tornou negra” (inferindo que Kamala estivesse usando sua cor para atrair votos). Trump também já disse que sua rival é “uma comunista radical”, que “ri alto demais” e que suas posições políticas “mudam constantemente a depender do ambiente”.

O republicano ainda afirmou que Kamala “provoca a queda dos mercados” e que as multidões que a seguem são, na verdade, geradas por inteligência artificial”. Até agora, nenhuma dessas acusações parece ter funcionado, e há uma razão óbvia para isso: esses ataques não atingem sua integridade. Não há nenhum escândalo envolvendo o nome dela – e, deixando de lado as opiniões políticas, na lista de argumentos usados por Trump não há, de fato, alguma razão para desgostar dela como pessoa.

A percepção de um histórico limpo é algo muito importante atualmente. E é especialmente relevante contra Trump, que se alimenta da sensação de que existe um sistema quebrado e corrupto que favorece as elites, e não o interesse público. Se houve alguma oportunidade perdida na recente convenção, pode ter sido o fato de Kamala não ter enfatizado isso ainda mais, prometendo combater a corrupção, o poder corporativo e os interesses pessoais em Washington.

Além disso, nas últimas sondagens do New York Times/Siena College, menos da metade dos eleitores nos estados decisivos disseram que Kamala era “muito liberal ou progressista”, embora ela tenha conduzido uma campanha presidencial inclinada à esquerda há cinco anos. Ela não é uma forte representante da esquerda – como Elizabeth Warren ou Bernie Sanders, por exemplo. E, embora tenha adotado muitas posições progressistas em 2019, ela o fez para ganhar apoio. Sua campanha foi criticada por não se posicionar claramente sobre quase nada.

Consistência, raça e gênero

Também nas últimas pesquisas do Times/Siena, a maior parte dos eleitores concordou que ela muda de posição nas questões mais importantes. Apesar disso, esse não é o ataque mais potente, já que é preciso um conjunto de circunstâncias para que essa crítica destrua uma candidatura. O ex-secretário de Estado dos EUA John Kerry e o senador Mitt Romney, por exemplo, tentaram fazer campanha contra as próprias posições – a guerra no Iraque e o Obamacare – que seus oponentes argumentaram que eles haviam apoiado anteriormente.

Se Kamala estivesse fazendo campanha contra o Medicare para todos, seu apoio anterior à política seria um grande problema, mas não é o caso. Os republicanos parecem saber disso e adotaram uma abordagem diferente, afirmando que as opiniões de Kamala sobre política energética, imigração e outros tópicos representam suas “verdadeiras” opiniões sobre essas questões. Somado a isso, Trump também tentou atacar Kamala ao questionar sua identidade racial – embora raramente tenha falado algo que pareça estar relacionado com seu gênero. A crítica ao seu riso é uma exceção, mas não repercutiu.

Nos últimos dias, surgiu uma nova linha de ataque: a de que ela é apenas mais das mesmas políticas falhas do governo Biden-Harris. Ao contrário dos outros, nesse caso o argumento atinge o cerne de sua força inicial na campanha: a ideia de que ela representa a mudança. Nas últimas pesquisas do Times/Siena, metade dos eleitores disseram que ela traria “o tipo certo de mudança” para o país. Se a força de Kamala tem bases sólidas depende em parte do motivo pelo qual os eleitores estavam tão insatisfeitos com Biden. (Com El País)

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