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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 03/07/2024 - 04:00

Salvando a Cegonha-bico-de-sapato

ONG na Zâmbia salva a Cegonha-bico-de-sapato da extinção com programa de reprodução. Fantoches são usados para evitar contato humano e garantir sucesso no retorno à natureza. Espécie vulnerável devido a hábitos de reprodução e comércio ilegal.

Conhecido pela aparência amedrontadora e pré-histórica, a Cegonha-bico-de-sapato (Balaeniceps rex) é comum em partes pantanosas da África Oriental. No entanto, com estimativas de apenas 8 mil indivíduos da espécie na natureza, uma organização não-governamental criou um programa de monitoramento de ninhos e de reprodução em cativeiro.

Localizada em Bangweulu, na Zâmbia, a African Parks tem parceria com o Departamento dos Parques Nacionais e da Vida Selvagem do país e tenta garantir que mais filhotes nasçam e prosperem um futuro para a espécie. Geralmente, de maio a outubro, essa ave produz até três ovos por ninhada, embora rivalidade entre irmãos e preferência parental torne comum que apenas um sobreviva até a idade adulta, para driblar isso, a ONG decidiu cuidar dos filhotes que seriam ignorados pelos adultos.

Cegonha-bico-de-sapato — Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Cegonha-bico-de-sapato — Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

"Os 'sobressalentes' são igualmente viáveis ​​geneticamente e tão valiosos quanto o irmão mais velho. É esse 'back-up' que permitiu que os especialistas em bico-de-sapato de Bangweulu ajudassem a aumentar os números da espécie. Ao remover o segundo ovo de cada ninho conhecido e criar o filhote até a adolescência na instalação de criação e reabilitação, as chances de sobrevivência dos filhotes de bico-de-sapato aumentam muito", explica a African Parks.

Os especialistas no entanto se depararam com um obstáculo: a cegonha-pico-de-sapato precisa se desenvolver sem contatos com seres humanos. Assim que nascem, os animais adotam a primeira coisa que veem como seus pais, e seria prejudicial se a oferta de comida ficasse associada aos tratadores. Portanto, para resolver a situação, a equipe da African Parks desenvolveu um fantoche de uma cegonha adulta, em parceria com marionetista dos Muppets, Bill Diamond.

"Para que os pássaros possam ser soltos com sucesso de volta à natureza, fantoches de mão 'pais' de bico-de-sapato são usados ​​pelos cuidadores em cada estágio do crescimento dos filhotes. Gravações de vocalizações de bico-de-sapato também são usadas para criar uma sensação de ambiente natural enquanto os filhotes estão se alimentando", disse a African Parks.

Cegonha-bico-de-sapato — Foto: Maggie Hirschaue / African Parks
Cegonha-bico-de-sapato — Foto: Maggie Hirschaue / African Parks

As cegonhas-bico-de-sapato atualmente estão listadas como Vulneráveis ​​na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, devido aos hábitos de reprodução lentos e ao comércio ilegal de animais, que tem como foco os ovos e filhotes, bem como a caça, perda de habitat e perturbação de ninhos.

Saiba mais sobre a 'bico de metralhadora'

Com o terceiro maior bico entre as espécies de aves no mundo, essa pode crescer até 1,5 metros de altura e tem como principal presa o peixe-gato, segundo uma publicação no Journal of African Ornithology.

Geralmente, o primogênito compete com os mais jovens por comida e os mata para certificar que será o único a receber alimento. Esse padrão de comportamento foi registrado em vídeo para uma série da BBC. As imagens mostram quando o mais velho dos filhotes morde os mais jovens, que são deixados de lado pela mãe.

Assista aos vídeos abaixo

Para além do tamanho e aparência curiosa, essa ave também emite um som, que muitos comparam ao de uma metralhadora. O bico gigante e as longas patas transformam a cegonha-pico-de-sapato em um predador que consegue ficar completamente imóvel antes de engolir uma presa por inteiro.

O bico-de-sapato é o único membro do gênero Balaeniceps e da família mais ampla Balaenicipitidae e, segundo a LiveScience, seus "parentes" mais próximos seriam os pelicanos. Já a ordem dos Pelecaniformes surgiu no final do Cretáceo, ou seja, a cerca de 145 milhões a 66 milhões de anos atrás.

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