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Por Reynaldo Turollo Jr., O Globo — Brasília

Os Estados Unidos pediram ao governo brasileiro a extradição do cidadão russo Sergey Vladimirovich Cherkasov, suspeito de ser um espião a serviço do governo de Vladimir Putin. Cherkasov está preso no Brasil desde abril de 2022 e já foi condenado em primeira instância por uso de documento falso, além de ser alvo de um inquérito em curso que investiga lavagem de dinheiro, corrupção e espionagem.

O pedido dos EUA foi feito ao Ministério das Relações Exteriores na terça-feira. O Itamaraty informou que encaminhará o documento ao Ministério da Justiça, responsável pela cooperação jurídica internacional, na tarde desta quinta-feira. A pasta analisará o pedido e deverá levá-lo ao Supremo Tribunal Federal, responsável por julgar processos de extradição.

Cherkasov foi preso no ano passado ao tentar entrar na Holanda com identidade brasileira falsa. Seu objetivo era trabalhar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, que julga acusações de crimes de guerra e analisa o conflito na Ucrânia. Antes, o russo estudou em Washington, de 2018 a 2020, usando a identidade brasileira de Victor Müller Ferreira. No mês passado, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos o acusou de uma série de crimes, como ter atuado como agente de país estrangeiro em território norte-americano sem a devida autorização, uso de documento falso e fraudes bancárias.

Em agosto de 2022, após a condenação de Cherkasov no Brasil, o governo da Rússia também pediu sua extradição. Os russos alegaram que o homem é acusado de integrar um grupo criminoso que traficava heroína a partir da região de Moscou.

Com o novo pedido de extradição, a farsa criada por Cherkasov tem o potencial de colocar o Brasil no meio da disputa entre Rússia e EUA. Primeiramente, caberá ao STF decidir se ele será extraditado e para qual país. A última palavra, no entanto, será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pela legislação, é o presidente da República que decide se um cidadão estrangeiro será extraditado ou não.

No STF, o relator do processo de extradição proposto pela Rússia é o ministro Edson Fachin. Em uma análise inicial, o magistrado decidiu favoravelmente ao governo russo, mas condicionou a entrega de Cherkasov ao término das investigações que estão em andamento no Brasil. O pleito dos EUA deve levar a uma reanálise do caso.

O suposto espião está preso na Penitenciária Federal de Brasília desde o início deste ano, quando foi transferido da carceragem da Polícia Federal em São Paulo, onde ficou por quase nove meses. Como noticiou O GLOBO, a PF investiga uma rede de apoio que teria facilitado as atividades de Cherkasov no Brasil e no período em que ele viveu nos Estados Unidos e na Irlanda disfarçado de estudante brasileiro.

Transações financeiras do suposto agente infiltrado, que entrou no Brasil pela primeira vez em 2010, chamaram a atenção dos investigadores. Cherkasov contou que pagou um curso em Dublin com “lucro auferido com a compra e venda de bitcoins” e que, sem visto de trabalho, usou suas economias para fazer uma pós-graduação nos EUA — que custou entre US$ 80 mil e US$ 100 mil. Segundo a apuração do caso, enquanto estava no exterior, o russo recebeu depósitos em espécie em uma agência bancária no Rio de Janeiro, comprou automóveis e movimentou “altos valores” em corretoras de criptomoedas.

A PF e o FBI, a polícia federal americana, têm indícios de que Cherkasov teve inclusive a ajuda de um cônsul da Rússia que trabalha no Rio de Janeiro. Foram localizados e-mails, datados de 2016 a 2019, nos quais o cônsul Mikhail Gruzdev orienta um funcionário do consulado russo a fazer transferências bancárias para o suposto espião.

Procurada, a Embaixada dos Estados Unidos não quis comentar o pedido de extradição. A Embaixada da Rússia e o Consulado da Rússia no Rio não têm se manifestado sobre o caso.

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