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Por AFP — Paris

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) alertou para o aumento global das pressões políticas sobre o jornalismo, nesta sexta-feira, durante a divulgação de seu relatório anual sobre a liberdade de imprensa. A ONG apontou uma deterioração importante na Argentina e no Equador, devido à situação interna de ambos os país. No contexto latino-americano, a organização registrou avanços no Chile e no Brasil, que subiram 31 e 10 posições no ranking, respectivamente.

O relatório indica que a Noruega é o país onde os meios de comunicação possuem uma melhor situação, enquanto a Eritreia desbancou a Coreia do Norte como a pior nação para a liberdade de imprensa. Na América Latina, o Equador perdeu 30 posições em comparação a avaliação do ano anterior, e está na 110ª posição, enquanto a Argentina retrocedeu 26 e está em 66º.

A ONG explica a queda equatoriana a partir das sucessivas crises política e de segurança pelas quais o país foi afetado nos últimos anos. Um candidato à Presidência foi morto durante a campanha eleitoral do ano passado, enquanto o novo presidente, Daniel Noboa, enfrentou uma grave crise no sistema prisional nos primeiros meses de governo. "A crise política e o aumento do crime organizado perturbaram o funcionamento democrático", diz o relatório.

Sobra a Argentina, o documento indica que a situação é "particularmente preocupante" após a chegada ao poder do presidente Javier Milei. Diante de uma grave crise econômica, Milei anunciou o fechamento da agência pública de notícias Télam em março. Na avaliação da ONG, "a postura agressiva em relação ao jornalismo impede o pluralismo", acrescenta o relatório.

Apesar das quedas acentuadas, Quito e Buenos Aires não são os casos mais graves no continente americano. O Peru perdeu 48 posições em dois anos, em meio a uma grave crise política, ocupando atualmente a 125ª posição do ranking. Na parte inferior da classificação permanecem Cuba (168º), Nicarágua (163º) e Venezuela (156º), nações onde "o jornalismo está sujeito a uma censura baseada em decisões arbitrárias".

Cenários de melhora

O relatório, em contrapartida, apontou avanços importantes na liberdade de imprensa no Brasil e no Chile, do ano passado para cá. O avanço mais destacado ocorreu no Chile, que subiu 31 postos para chegar à 52ª colocação. No caso brasileiro, a subida foi de dez lugares, chegando à 82ª posição.

De acordo com a diretora editorial da ONG, Anne Bocandé, fatores políticos também estariam relacionados a subida nos países.

— A vontade política pode permitir melhores garantias [para a imprensa] — disse Bocandé.

Vulnerabilidade em Gaza

A nível mundial, o relatório destaca que as condições para o exercício do jornalismo são ruins em 75% dos países. Também denuncia particularmente "a ausência manifesta de vontade política da comunidade internacional" para aplicar os princípios de proteção dos jornalistas na Faixa de Gaza durante a guerra. Segundo a RSF, mais de uma centena de repórteres palestinos foram mortos naquele território pelo Exército israelense, pelo menos 22 dos quais enquanto exerciam sua profissão.

A ONG alerta ainda que os países oferecem menos proteção ao jornalismo se não agirem diretamente a favor da desinformação. Também aponta para "uma deterioração preocupante no apoio e respeito à autonomia dos meios de comunicação" em 2024, que "é o maior ano eleitoral da história mundial".

Quase a metade da população global votará em eleições este ano, desde a Índia e os Estados Unidos ao México ou a Venezuela, o que suscita novas "pressões muito fortes".

Outros declínios notáveis foram registrados no Afeganistão (26 perdeu postos, até a 178ª posição), Togo (-43, 113º lugar) e Burkina Faso (-28, 86º). A Síria e a Eritreia são "dois países que se tornaram zonas sem lei para os meios de comunicação, com um número recorde de jornalistas detidos, desaparecidos ou sequestrados".

A classificação é realizada com base em "uma pesquisa quantitativa de abusos cometidos contra jornalistas", de um lado, e um "estudo qualitativo", do outro. Este segundo tem como base as "respostas de centenas de especialistas em liberdade de imprensa (jornalistas, acadêmicos, defensores dos direitos humanos) a uma centena de perguntas".

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