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Por O Globo e agências internacionais — La Paz

RESUMO

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GERADO EM: 26/06/2024 - 19:08

Instabilidade política na Bolívia

A Bolívia enfrenta instabilidade política com acusações de golpe de estado, ocupação militar do palácio presidencial e histórico de violência política. Luis Arce denuncia mobilizações irregulares do Exército, enquanto Evo Morales aponta golpe em formação. O país revive episódios de presidentes assassinados e palácio incendiado, em meio a confrontos entre governos passado e atual.

O presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou nesta quarta-feira que estão ocorrendo “mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército” do país. O ex-presidente Evo Morales (2006-2019) foi mais direto e declarou que “um golpe de Estado está se formando” – e apontou como responsável o chefe das Forças Armadas, Juan José Zúñiga, que foi destituído do cargo nesta terça-feira após advertir que não permitiria um novo governo de Morales. A crise recente ocorre em meio a um histórico de instabilidade política no país.

Antecessor de Arce, Morales renunciou ao cargo em novembro de 2019 alegando um golpe. Na época, o então presidente era pressionado por militares, e o anúncio de que ele deixaria o posto ocorreu depois de três semanas de protestos da oposição que culminaram com motins policiais e perda de apoio das Forças Armadas. Em pronunciamento na televisão, ele negou rumores de que fugiria do país – e afirmou, após a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgar que as eleições de outubro daquele ano haviam sido fraudadas, que convocaria novas eleições.

Militares das Forças Armadas da Bolívia tentam dar golpe de Estado no país e tomam praça em La Paz onde fica palácio presidencial — Foto: Editoria de Arte
Militares das Forças Armadas da Bolívia tentam dar golpe de Estado no país e tomam praça em La Paz onde fica palácio presidencial — Foto: Editoria de Arte

No dia seguinte à renúncia, porém, Morales viajou para o México. Depois, ficou refugiado na Argentina por quase um ano, com aval do então presidente Alberto Fernández (2019-2023). O ex-presidente só voltou ao país quase um ano depois, por meio da fronteira com o vizinho argentino, logo após a posse de Arce como presidente. Após a renúncia de Morales, as autoridades da cadeia sucessória, começando pelo vice-presidente Álvaro García Linera e pelos presidentes e vice-presidentes da Câmara e do Senado, todos do MAS (Movimento ao Socialismo), também abandonaram seus cargos, levantando questões sobre quem assumiria.

Em sua carta de renúncia, Morales indicou que, com a decisão, buscava “evitar” a violência e garantir o retorno da “paz social”. “Minha responsabilidade como presidente indígena e de todos os bolivianos é evitar que os golpistas continuem perseguindo meus irmãos e irmãs, dirigentes sindicais, maltratando e sequestrando seus familiares”, dizia um trecho do documento. “Para evitar todos esses acontecimentos violentos e que volte a paz social, apresento minha renúncia.”

Violência política

Ainda em 2019, porém, a renúncia de Morales já não era novidade na história conturbada do país. Conforme publicado pela BBC, o episódio mais chocante ocorreu em 1946, quando uma multidão invadiu o palácio presidencial em busca do então presidente Gualberto Villarroel López, “um ditador que assumiu o poder por meio de um golpe de Estado e cuja gestão foi marcada pela expansão de direitos trabalhistas, mas também por atos autoritários como a perseguição de opositores, a execução sumária de inimigos políticos e o fechamento de jornais”.

Quando uma greve de professores que pediam melhores salários foi reprimida com violência, no entanto, Villarroel López viu a truculência voltar-se contra ele. Na época, dezenas de trabalhadores invadiram um arsenal de armas das forças de segurança do governo e entraram em confronto com os seguranças do palácio. Em 21 de junho de 1946, uma horda de homens armados conseguiu invadir a sede do governo. O então presidente foi encontrado escondido dentro de um armário num escritório. Ele foi linchado, e seu cadáver foi jogado por uma das janelas do local em direção à rua onde uma multidão estava reunida.

Ainda segundo publicado pela mídia britânica, o nome do palácio em que Villarroel López foi assassinado é Palacio Quemado (queimado) – e com motivo. Inaugurado em 1853, o local foi incendiado por opositores do então chefe de Estado Tomás Frías. Em mais uma tentativa de derrubada do presidente, rivais políticos tentaram entrar à força no prédio. Quando perceberam que não seria possível vencer a guarda presidencial, eles foram até a catedral vizinha e lançaram tochas contra o palácio presidencial, dando início a um grande incêndio.

Também lá outros dois presidentes foram assassinados: o general Manuel Isidoro Belzu (que governou entre 1848-1855) e Agustín Morales Hernández (presidente entre janeiro de 1871 e novembro de 1872).

Mobilização militar

Nesta quarta-feira, militares ocuparam o Palácio Quemado, sede do governo, após forçar as portas com um carro blindado. Segundo o El País, o presidente Arce não está no local, mas na Casa Grande del Pueblo, um edifício adjacente, com outros membros do Gabinete. O general Zúñiga, apontado por Morales como responsável pelo “golpe”, declarou à imprensa que “a mobilização de todas as unidades militares” busca expressar sua insatisfação com a situação do país”. Ele pontuou que continua obedecendo ao presidente Luis Arce “por enquanto”, mas que tomará medidas para “mudar o Gabinete de Governo”.

— Ele [Evo Morales] não pode mais ser presidente deste país — disse Zúñiga nesta terça-feira. — Não permitirei que ele pise na Constituição, que desobedeça ao mandato do povo — continuou, afirmando que as Forças Armadas são “o braço armado do povo e da pátria”.

A investida também ocorre após diversos ataques entre o ex-presidente e o atual. Os dois já foram aliados (Arce foi ministro da Economia de Morales, e também foi candidato de seu partido nas eleições de 2020), se afastaram nos últimos anos. Em discursos recentes, o atual presidente afirmou que está em andamento um “golpe brando” para encurtar seu mandato – do qual acusa implicitamente Morales. Ele disse que o projeto está “por trás de demandas aparentemente legítimas” e “esconde perigos maiores: a destruição do Estado Plurinacional, do nosso modelo econômico social comunitário e dos sonhos das bolivianas e bolivianos”.

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