Quem é Ismail Haniyeh, líder político do Hamas morto em ataque aéreo em Teerã

• Entenda: Assassinato pode ameaçar negociações para um cessar-fogo; veja o que se sabe
• Relembre: Líder político do Hamas assassinado no Irã teve três de seus filhos e quatro netos mortos em ataque israelense em abril

Aos 62 anos, Haniyeh comandava articulação políticas do Hamas do exílio no Catar. Como líder político do Hamas, ele foi central nas negociações e diplomacia de alto risco do grupo, incluindo as negociações do acordo de cessar-fogo com Israel.

Haniyeh nasceu em 1962 no campo de refugiados de Shati, ao norte da Cidade de Gaza, de pais palestinos que em 1948 foram deslocados de sua casa no que hoje é Israel, em Ashkelon. Ele estudou em escolas administradas pela principal agência das Nações Unidas para palestinos, UNRWA, e depois estudou literatura árabe na Universidade Islâmica de Gaza.

• Reações: Rússia e Turquia condenam assassinato de líder do Hamas: 'inaceitável'

Ele foi preso pelo Exército israelense e cumpriu várias sentenças em prisões israelenses nas décadas de 1980 e 1990. A ascensão de Haniyeh ao poder em Gaza foi auxiliada por seu mentor, o líder espiritual e fundador do Hamas, Sheik Yassin. Haniyeh serviu como secretário pessoal de Yassin. Os dois foram alvos de uma tentativa de assassinato israelense em 2003; no ano seguinte, Yassin foi morto pelo Exército.

— Você não precisa chorar — disse Haniyeh a uma multidão reunida fora do Hospital Shifa na Cidade de Gaza na época. — Você tem que ser firme e estar pronto para a vingança.

• Guerra: Israel anuncia morte de comandante do Hezbollah no Líbano após ataques letais

Haniyeh foi nomeado líder do Hamas em Gaza em 2006. Naquele ano, serviu como primeiro-ministro de um governo de unidade palestino, que foi dissolvido após meses de tensão que incluíram conflitos armados entre facções palestinas. O fracasso do governo foi atribuído em parte à recusa do Hamas em cumprir as condições internacionais para reconhecimento, incluindo renunciar à violência, reconhecer o direito de existência de Israel e aceitar acordos assinados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina.

Israel logo impôs sanções e restrições à Faixa de Gaza, assim como o Egito. Quando foguetes lançados de Gaza caíram em Israel em 2008, Israel fortaleceu seu bloqueio à Gaza. O Hamas permaneceu no controle da região, lançou milhares de foguetes em Israel, sobreviveu a várias guerras contra o exército israelense e continuamente aumentou sua força militar.

• Leia também: Manifestantes invadem base militar de Israel após prisão de soldados acusados de abusar de palestino

Em 2017, Haniyeh foi nomeado líder sênior do Hamas em um momento em que o grupo tentava suavizar sua imagem pública enquanto buscava influência entre os palestinos e internacionalmente. Nos últimos anos, liderou o Hamas do Catar e da Turquia. Estava entre os negociadores em conversas em andamento entre Israel e Hamas, mediadas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, para acabar com a guerra em Gaza em troca de reféns capturados no ataque liderado pelo Hamas em Israel.

Em maio, o promotor do Tribunal Penal Internacional disse que buscaria um mandado de prisão para Haniyeh. O promotor o acusou e outros líderes do Hamas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em relação ao ataque de 7 de outubro em Israel, incluindo "extermínio, assassinato, tomada de reféns, estupro e agressão sexual em detenção."

Em junho, o Hamas disse que a irmã de Haniyeh e sua família foram mortas em um ataque do exército israelense à casa da família Haniyeh em Gaza, uma afirmação que o exército não confirmou. Em abril, três dos 13 filhos de Haniyeh foram mortos por forças israelenses em outra operação militar em Gaza.

Ele se manteve desafiador diante da perda, algo comum em sua vida.