Carnaval
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Por — Rio de Janeiro

Quando recebeu uma mensagem de Guanayra Firmino, presidente da Mangueira, dizendo que queria marcar uma conversa, Sidnei França ficou surpreso. A dirigente nem fazia parte dos seus contatos. Pediu um tempo para respirar, antes de dar qualquer resposta. O novo carnavalesco da verde e rosa, de 42 anos, é filho de passista e se rendeu à folia ainda criança, mas só conhecia o carnaval carioca como espectador. Tem diploma de economista — que nunca exerceu. Apesar de pouco conhecido no Rio, acumula cinco campeonatos em São Paulo: quatro na Mocidade Alegre (2009, 2012, 2013 e 2014) e um na Águia de Ouro (2020).

Jornada dupla

Está indo para o terceiro ano no Vai-Vai, com o qual acaba de renovar, apesar da oitava colocação no último desfile, marcado pela polêmica envolvendo uma ala com integrantes fantasiados de policiais, usando capacetes com chifres. Na noite de sábado, mesmo dia do primeiro contato, já havia voado para o Rio, onde assistiu ao Desfile das Campeãs, na Sapucaí, no camarote da Mangueira, que amargou a sétima colocação e ficou de fora da apresentação. Para afastar de vez a desconfiança dos mangueirenses que ainda não o conhecem, ele diz não ter outra expectativa na escola que não seja fazer história.

Como você recebeu o convite da Mangueira?

Recebi com um misto de surpresa, porque é sabido que não é tradicional ou corriqueiro o carnaval do Rio buscar profissionais em São Paulo. Geralmente acontece o contrário. São as escolas de samba de São Paulo que têm o Rio como referência e vão aí e contratam cantores, mestres-salas, porta-bandeiras e, principalmente, carnavalescos. Primeiro fiquei surpreso, mas depois entendi que era sério. Não era uma mera sondagem, as pessoas já tinham estudado o meu perfil.

Qual sua expectativa para a estreia no carnaval carioca?

Nenhuma expectativa que não seja fazer história. Quero gravar meu nome na história da Mangueira e do carnaval carioca. É uma oportunidade e uma honra, ainda mais sendo a Mangueira. A gente não está falando de uma escola novata ou inexpressiva, mas de uma das mais antigas e vitoriosas. Isso me traz muita responsabilidade, mas ao mesmo tempo uma autoconfiança de que vou entregar o necessário para fazer a comunidade mangueirense feliz.

O Vai-Vai é tão tradicional e antigo quanto a Mangueira.

O que isso representa para você?

Antes de ser carnavalesco, um profissional do samba, sou sambista. E como sambista é uma glória ter o meu nome atrelado a duas instituições desse tamanho, com esse lastro e legado histórico no samba e no carnaval. Além da imensa honra, fica também a responsabilidade de manter viva a chama de instituições quase centenárias: a Mangueira é de 1928 e o Vai-Vai, de 1930. Faço do meu trabalho apenas uma ferramenta para que elas cheguem belas, bonitas e valorizadas no carnaval. Mas elas já têm identidade, essência, potência e lastro histórico.

Você é respeitado no carnaval paulistano, mas praticamente desconhecido no Rio. Como encara o desafio de conquistar o mangueirense?

É óbvio que fica todo mundo muito curioso, surpreso e na expectativa do que vem por aí, sendo um carnavalesco de fora do cenário do Rio. Mas eu tenho uma longa experiência, uma confiança no meu trabalho tão grande que eu sei que vai dar certo. Essa expectativa não só é natural, como é positiva.

Já tem um enredo em mente para o desfile de 2025?

Sim. Já temos uma ideia de enredo, mas a gente ainda está, nesta semana, alinhando, para poder anunciar em breve.

Não dá para entregar nada?

Não. Ainda está um pouco cedo.

É um enredo seu ou proposto pela escola?

Esse que está sendo alinhado até aqui é sugerido por mim, uma proposta minha.

Teve liberdade de escolher?

Total. Isso foi falado inclusive na nossa reunião de acordo entre as partes.

Você também renovou com o Vai -Vai. Como vai se dividir entre São Paulo e Rio?

Vou passar todas as semanas de agora até o carnaval me dividindo entre o Rio e São Paulo, na ponte aérea, fazendo ida e volta, mas mantendo equipes fixas nas duas cidades: uma só da Mangueira e outra só do Vai- Vai. Eu fico administrando, criando e gerindo os dois carnavais, nesse vai e vem, até o final de fevereiro (o carnaval será no começo de março). Então, vai ser esse duplo expediente.

Vai trazer algum núcleo de sua equipa paulistana para o Rio?

Não. Tenho uma equipe do Rio, montada aqui, e outra em São Paulo. São diferentes, até para ter foco.

Como você vê as diferentes características entre os carnavais do Rio e de São Paulo?

Eu vejo muitas diferenças e muitas similaridades. Ambos os carnavais têm a mesma estrutura: uma comissão de frente impactante, um casal de mestre-sala e porta-bandeira que vem logo no começo do desfile, algumas alas, alguns carros e mais algumas alas. Estruturalmente se configura da mesma maneira nas duas cidades. O que diferencia é a criação plástica, com carros mais altos em São Paulo, onde não tem o viaduto (na parte da concentração que dá para o Balança Mas Não Cai) e um outro estilo de fantasias e acabamentos.

O que o carioca e, principalmente, o mangueirense podem esperar do próximo carnaval da escola, na sua concepção?

Podem esperar uma Mangueira que honra a sua história, tradição e seu legado quase centenário. Se eu for falar mais do que isso, vou entregar o enredo que estou imaginando para a escola.

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