Parentes e amigos da menina Ester de Assis Oliveira, de 9 anos, morta após ser atingida por um tiro na cabeça durante confronto de traficantes rivais, em Madureira, na Zona Norte do Rio, se despediram da criança, ontem, em clima de tristeza e emoção.
Colegas de escola que compareceram ao velório choraram no adeus à amiga. A mãe Thamires Assis se desesperou no fechamento do caixão e pediu justiça pela filha. A outra vítima, João Vitor Pereira Brander, de 19 anos, que era entregador de gás, também foi enterrado no mesmo cemitério. A família preferiu não se manifestar.
— Tiraram um pedaço de mim. Ela só tinha nove aninhos, tinha tudo para viver ainda. Arrancaram a vida da minha filha injustamente. Só quero justiça pelo que fizeram para nenhuma mãe sentir a dor que estou sentindo hoje. Arrancaram o meu coração — lamentou a mãe de Ester.
Ao relembrar os passos da filha naquela tarde de quarta-feira, Thamires disse que Ester foi atingida pelo tiro quando, ao voltar da escola com uma prima, decidiu parar para comer o pedaço do bolo que havia ganhado na festa de comemoração da Páscoa na escola que estudava. Ela foi baleada por volta das 17h30 quando passava pela Rua Piraquê, a cerca de 450 metros de onde estudava.
Ester, a quarta criança morta por bala perdida só este ano, foi uma das vítimas de uma guerra entre traficantes na região de Madureira, Zona Norte do Rio. Na última quarta-feira, cinco pessoas foram baleadas no que seria uma tentativa de invasão do Morro do Cajueiro.
A guerra entre traficantes rivais já dura dez anos em Madureira, aterrorizando moradores de um dos bairros mais populosos do Rio. São facções rivais dos morros Serrinha e Cajueiro que se enfrentam em tentativas de invasões. As duas comunidades são separadas por uma avenida, a Edgard Romero, a mais importante do bairro. O chamado Complexo da Serrinha é comandado pelo traficante Wallace Brito Trindade, conhecido como Lacoste. O criminoso está foragido desde 2017.
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