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Por — Rio de janeiro

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GERADO EM: 06/07/2024 - 04:30

Adolescentes traumatizados com abordagem racista da PM no Rio

Adolescentes vítimas de abordagem racista da PM no Rio estão traumatizados e com medo de sair às ruas. Polícia é acusada de revista vexatória e ameaças, gerando repercussão internacional e cobrança por justiça. Medo e indignação marcam relatos dos envolvidos.

Os quatro adolescentes, com idades entre 13 e 14 anos, que teriam sido vítimas de racismo ao serem abordados de forma truculenta pela Polícia Militar, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, na última quarta-feira, estão traumatizados e com medo de sair às ruas com a possibilidade de voltar a encontrar uma viatura da PM. É o que diz um trecho de um ofício assinado pela deputada Dani Monteiro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Assembleia Legislativa do Rio (AlerJ), endereçado ao comando da tropa. O documento cobra, entre outras coisas, a abertura de procedimento disciplinar e o motivo da abordagem. A correspondência também informa que os meninos disseram, ao serem ouvidos por membros da comissão, nesta sexta-feira, terem sido ameaçados de passar por um episódio ainda mais violento. 

Dos quatro jovens, três deles são negros e filhos de diplomatas de países como Canadá, Gabão e Burkina Faso. O quarto é brasileiro e morador de Brasília.  Eles estão de férias no Rio e haviam chegado nesta quarta-feira. A abordagem aconteceu quando os garotos tentavam entrar em um prédio, na Rua Prudente de Moares, para deixar um amigo. " Os jovens encontram-se profundamente traumatizados com o episódio que pode se desdobrar em rupturas significativas em suas subjetividades.  Estão evitando sair às ruas, temendo se depararem com viaturas da Polícia Militar e o episódio se repetir, sobretudo por terem sido ameaçados de passarem por um episódio ainda mais violento", diz um trecho do documento, assinado pela parlamentar.

Abordagem da PM a adolescente em Ipanema foi gravada por câmeras de segurança — Foto: Reprodução
Abordagem da PM a adolescente em Ipanema foi gravada por câmeras de segurança — Foto: Reprodução

O ofício diz que os meninos contaram ter sido abordados pelos agentes armados. E que teriam sido obrigados a levantar as partes íntimas para uma revista em busca de drogas. " Segundo os jovens, os agentes com suas armas em punho, colocando-as próximas dos rostos dos adolescentes, perguntando o tempo todo, “cadê” “cadê”? Os meninos, sem entenderem o que estava acontecia, por óbvio, não responderam à pergunta. O que teria irritado ainda mais os policiais, que teriam feito os rapazes levantar suas partes íntimas, numa revista vexatória em busca de entorpecentes. Frustradas as buscas, policiais ainda disseram aos jovens que da próxima vez seria pior, de acordo com relato dos mesmos", diz outro trecho do documento.

Além da CDDHC, o Itamaraty também acompanha o caso. Em nota, o órgão afirmou que "busca averiguar as circunstâncias do ocorrido, para eventual tomada de providências". 

A abordagem feita pela PM aconteceu na noite da última quarta-feira.  Imagens de vídeo do circuito de segurança do prédio mostram os adolescentes entrando no edifício, na Rua Prudente de Morais, quando a viatura da PM parou em cima da calçada e os policiais desceram com as armas em punho. O grupo, formado por um jovem branco e outros três negros, foi obrigado a encostar na parede para ser revistado. Os amigos tinham chegado de Brasília, na manhã da quarta-feira, para passar cinco dias de férias no Rio.

Pais denunciam PMs por racismo em abordagem a adolescentes de férias no Rio

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A mãe de um dos adolescentes denunciou o episódio numa rede social. Ao saber da abordagem e ver as imagens da câmera se segurança do prédio, Rhaiana Rondon acusou os policiais de racismo:

'Uma viagem de férias, planejada há meses entre quatro amigos. Com destino ao Rio, quatro adolescentes de 13 e 14 anos, acompanhados dos avós de um deles, experienciaram nas primeiras horas a pior forma de violência. Às 19h, voltando para casa em Ipanema, foram deixar um amigo na porta de casa, na Rua Prudente de Moraes, quando foram abruptamente abordados por policiais militares, armados com fuzis e pistolas, e sem perguntar nada, encostaram os meninos (menores de idade) no muro do condomínio. Três, dos quatro adolescentes, são NEGROS!".

O filho de Rhaiana, de 14 anos, contou à mãe que os amigos foram revistados e obrigados a tirar a roupa."Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados. Foram obrigados a tirar casacos, e levantar o 'saco'. Após a abordagem desproporcional, testemunhada pelo porteiro do prédio, é que foram questionados de onde eram, e o que faziam ali. Os três negros não entenderam a pergunta, porque são estrangeiros, filhos de diplomatas, e portanto não conseguiram responder. Caetano, o menino branco e meu filho, disse que eram de Brasília e que estavam a 'turismo'. Após 'perceberem' o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente! As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros!! Não há dúvida!!".

Rhaiana, que é servidora pública em Brasília, disse que antes da viagem fez recomendações e alertas ao filho sobre a violência no Rio.

"Não ande com o celular na mão, cuidado com a mochila, não fiquem de bobeira sozinhos. Pensei em diversas situações, mas JAMAIS que a POLÍCIA seria a maior das ameaças. É traumático, triste, é doloroso. Estão assustados e machucados, com marcas que nem o tempo apagará", afirmou.

Ela contou ainda que os policiais militares disseram ao grupo para que evitassem andar pelas ruas de Ipanema. Um dos meninos, que é canadense, está muito assustado e pediu para voltar para casa. Os três meninos negros, filhos de diplomatas, não falam bem o português. Eles estudam numa escola francesa em Brasília, com o filho de Rhaiane.

— É muito triste tudo isso. Não consegui dormir essa noite de tanta angústia. Os meninos estão abalados e com medo. Jamais poderia imaginar que isso aconteceria — desabafou a servidora pública.

O filho dela contou que durante a abordagem os policiais militares mantiveram as armas apontadas para as cabeças dos três meninos negros, enquanto apalpavam as crianças e perguntaram de forma ríspida o que eles estavam fazendo ali. A atitude truculenta dos agentes deixou os meninos ainda mais nervosos, já que não conseguiam entender o que eles diziam, pois não falam português. Além do Itamaraty, o caso foi relatado pelos pais aos consulados do Canadá, Gabão e Burkina Faso, países de origem dos três jovens negros.

A embaixatriz do Gabão, Julie Pascali Moudouté, enviou uma carta de protesto ao Itamaraty. Em entrevista ao RJ2 da TV Globo, a diplomata questionou a conduta da PM. "A polícia está aqui para proteger. Como é que você pode colocar arma na cabeça dos meninos de 13 anos? Como que é isso? (...) Você me aborda, você me pergunta. E depois você me diz do que você está reclamando. Mas você não sai com arma e me coloca na parede! A gente crê na Justiça brasileira e a gente quer justiça. Só isso".

Em nota, a Polícia Militar informou que a investigação está em andamento e que a Corregedoria da Corporação instaurou um procedimento apuratório para colaborar com a investigação da Polícia Civil. Afirmaram também que os agentes compareçam ao local do fato "para buscar mais imagens ou até mesmo localizar testemunhas que ajudem na investigação". Além disso, "as imagens serão analisadas para constatar se houve algum excesso por parte dos agentes". Destacou ainda que nos cursos de formação dos agentes da corporação "se insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais".

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