A Corregedoria da Polícia Militar apura a possível ausência de câmeras corporais no uniforme dos agentes que abordaram cinco jovens em Ipanema na última semana. A resposta se deu após a Polícia Civil — que tem investigação a cargo da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat) — pontuar que os PMs estavam sem o equipamento, ao contrário do que informou a corporação inicialmente. Item obrigatório no uniforme, a ausência de câmera é considerada uma "falta grave" pela Corregedoria.
"Cabe ressaltar que a SEPM não compactua com desvios por parte de seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos. A Polícia Militar segue colaborando integralmente com a investigação realizada pela Polícia Civil", diz trecho da nota da PM.
Nesta quinta-feira, um dos PMs que participou da ação compareceu à Deat, no Leblon, e negou, em depoimento, que tenha agido de forma racista. O sargento da PM Sérgio Regattieri, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora do Vidigal, contou que recebeu uma denúncia de que um turista teria sido assaltado por um grupo de jovens, com as mesmas características dos adolescentes, na orla de Ipanema. Segundo ele, o turista relatou aos policiais que os menores estariam armados com facas.
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A partir daí, os PMs passaram a procurar pelos suspeitos pelas ruas do bairro e se depararam com os adolescentes agrupados, na Prudente de Morais, foi quando decidiram fazer a abordagem. O policial disse ainda que se o grupo de jovens fosse formado apenas por pessoas brancas, a abordagem também aconteceria da mesma maneira.
Já os adolescentes contaram, em depoimento, que durante a abordagem os PMs perguntavam o tempo todo "Cadê? Cadê?", mas que eles não estavam entendendo. Eles relataram ainda que foram colocados contra o muro do edifício e revistados, e que durante o procedimento tiveram as partes íntimas tocadas pelos policiais.
No último domingo, o embaixador do Gabão também foi ouvido pela polícia. Ele disse que o adolescente foi o mais maltratado pelos PMs e que o menino de 13 anos foi vítima de humilhação e violência psicológica, e que desde o episódio está abalado psicologicamente.
Segundo a delegada Danielle Bullus, responsável pelo inquérito, que apura se houve ato de racismo praticado pelos policiais militares, tanto os adolescentes quantos os PMs negaram que tenha havido xingamentos ou ofensas racistas. O outro policial que também participou da ação só irá prestar depoimento depois que seu advogado tiver acesso ao inquérito policial.
A Polícia Civil ainda vai analisar imagens de outras câmeras de segurança da região e também pretende ouvir outros policiais militares, que naquela noite estavam baseados no Jardim de Alah.
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