O serviço de Metrô na Superfície (MNS) chega ao seu último dia nesta sexta-feira (26). A partir do sábado (27), a integração das estações Antero de Quental e Botafogo até a Gávea — passando pelo Humaitá e pelo Jardim Botânico, ou pelo Leblon — será feita por seis linhas de ônibus convencionais. Motivo de insatisfação entre os passageiros, a medida motivou um abaixo-assinado virtual nesta semana.
Uma resolução da Secretaria municipal de Transportes (SMTR), publicada no Diário Oficial do Município do último dia 19, detalhou que, com o fim do MNS, a integração dos passageiros das estações Antero de Quental e Botafogo passaria a ser feita por meio de seis linhas convencionais: 309 (Alvorada—Central), 538 (Rocinha—Leme), 539 (Rocinha—Leme), 548/Integrada 3 (Metrô de Botafogo—Alvorada), 583 (Cosme Velho—Leblon) e 584 (Cosme Velho—Leblon), a R$ 7,50.
Membro da diretoria da Associação de Moradores do Jardim Botânico, Vera Maurity foi uma das usuárias que assinou o abaixo-assinado. Segundo ela, sem estação de metrô em seu bairro, o MNS atendia "muito bem" aos frequentadores do Jardim Botânico:
— Continuo sem entender o porquê de ter sido retirado.
Já o produtor Leonardo Salomão, de 49 anos, conta que utiliza o Metrô na Superfície diariamente e que irá assinar a petição. Morando no Humaitá, ele embarca numa composição na estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, desembarca em Botafogo, onde pega o MNS para chegar em casa. O fim do serviço foi motivo de "raiva" e "ódio", conta ele.
— Recebi a notícia na segunda-feira, através da minha esposa, que também usa o serviço. A minha primeira sensação foi de raiva, de ódio. O metrô é um serviço pelo qual você paga muito caro, para uma qualidade de quinta categoria, com intervalos absurdos de um trem para o outro e superlotado. Um dos poucos serviços importantes, e que atende a boa parte da população, vai ser descontinuado — lamenta Leonardo.
O perfil dos passageiros, pontua ele, inclui não só moradores, mas também estudantes da Puc-Rio, trabalhadores domésticos e também pacientes do Hospital Federal da Lagoa ou da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), ambos na Rua Jardim Botânico.
Com apenas seis paradas entre Botafogo e a Gávea — Cobal do Humaitá, Humaitá, Maria Angélica, Hospital da Lagoa, Jardim Botânico e Baixo Gávea — ou outras três entre as estações Antero de Quental e a Gávea (Bartolomeu Mitre, Alto Leblon e Baixo Leblon), outra queixa dos passageiros é que o uso de linhas convencionais irá aumentar o tempo do percurso, por ter mais paradas.
O abaixo-assinado, iniciado na última segunda-feira, pede que Estado, município e a MetrôRio "revisem o planejamento que está sendo adotado para o transporte dos usuários até as estações", citando que a escolha das linhas elencadas para a integração não levou em conta "diversas linhas importantes". Até o fim da tarde de quinta-feira, 208 pessoas haviam assinado a petição.
Presidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo, Regina Chiaradia pontua que as pessoas estão "muito chateadas" com a alteração, e que a organização está avaliando qual medida tomar. Uma das saídas, pontua ela, será questionar a concessionária, através do núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública.
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Procurada sobre o abaixo-assinado, a SMTR orientou que a concessionária fosse procurada. Já a Secretaria estadual de Transporte e Mobilidade Urbana pontua que "o metrô na superfície não faz parte do contrato de concessão do sistema metroviário", e que sua criação e extinção deve ser conduzida no âmbito municipal.
Metrô na Superfície chega ao fim; integração segue a R$ 7,50
A nova integração — que começa no sábado — será válida inicialmente apenas com a utilização do cartão Riocard Mais. Sendo assim, o cartão Giro, que é do próprio metrô, não fará a integração. O intervalo entre a passagem pelo validador do primeiro e o segundo modal deverá ser de até duas horas.
Também será necessário ter atenção para ter a integração validada. "Ao desembarcar do ônibus, o passageiro terá tarifa integrada somente embarcando nas estações Botafogo e Antero de Quental, como ocorre hoje com o Metrô na Superfície", explicou a concessionária na semana passada. Já no sentido inverso, em que o passageiro sai do metrô para o ônibus, o embarque no coletivo pode ser feito em qualquer ponto com direito à integração. As linhas não terão ponto especial, permanecendo com o itinerário regular, afirmou a SMTR.
Para a viagem de metrô e em uma das seis linhas, o passageiro pagará R$ 7,50. Em casos em que o passageiro embarque primeiro no ônibus, será descontado o valor de R$ 4,30, e, em seguida, ao passar pelo validador do metrô, será descontado o restante, R$ 3,20. No caso inverso, em que primeiro o passageiro embarca no metrô, já será o pagamento do valor total, de R$ 7,50, e, ao passar no ônibus, não haverá novo desconto.
Para ter direito à integração, a passagem deverá ser paga apenas com o cartão Riocard Mais. O Giro, cartão do MetrôRio, não será válido. Outras formas de pagamento, como através do celular ou por meio de cartão de crédito/débito por aproximação, continuam válida para embarque no metrô, mas também não permitem a integração com o ônibus.
Em nota, a concessionária Metrô Rio informou que a inclusão de novas linhas pode ser futuramente avaliada junto à prefeitura e que vem realizando campanha de comunicação junto aos clientes do serviço, com sinalização e a presença de orientadores nas estações e nos pontos de ônibus.
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