O bullying se caracteriza por três critérios que ocorrem ao mesmo tempo: repetitividade, intenção de causar mal-estar e desequilíbrio de poder. "Primeiro, ele só acontece quando se repete por algum tempo. Depois, notamos que as ações não são amigáveis e tem a intenção de humilhar; não se trata de uma simples brincadeira. Por último, a vítima normalmente está em desvantagem e não tem condições de se defender", explica o pedagogo Benjamim Horta, criador do Programa Escola Sem Bullying e diretor-fundador da Abrace Programas Preventivos.
Se você desconfia que seu filho possa estar sendo vítima, é importante conversar para tentar obter essas informações e ficar atento aos sinais. Confira, a seguir, 4 comportamentos que podem indicar que seu filho esteja sofrendo essa violência.
1. Começa a mostrar resistência em ir para a escola
Se a criança perdeu a vontade de ir para escola, não sente prazer em ir para escola, chega domingo e já fica mais chorosa, os pais devem ficar alertas.
2. Passa a apresentar sintomas físicos
Muitas vezes, o estudante passa a reclamar frequentemente de dor de barriga, dor de cabeça ou fica mais manhoso — sintomas físicos são muito comuns.
3. Mudanças de hábitos
Fique atento se ela disser que quer desistir de alguma coisa, se tinha um hobbie e não quer mais ter. O mesmo vale para os hábitos alimentares — seja comer demais ou de menos, também é um alerta. Preste atenção também se o seu filho evita certos lugares, se muda de amizades muitas vezes.
4. Irritação e isolamento
Se a criança ou adolescente fica irritadiço por um tempo prolongado e se passa muito tempo trancado no quarto, imerso no computador ou celular, é sempre importante entender o que está acontecendo.
Diálogo todos os dias
A melhor forma de evitar que qualquer problema mais grave ocorra ou continue acontecendo com o seu filho é ter um diálogo aberto com ele — todos os dias! Vale bater um papo na hora das refeições, na volta da escola, antes de dormir... Algumas perguntas simples podem ajudar a identificar sinais de alerta:
"O que de mais legal e de mais ruim aconteceu hoje no seu dia?"
"Hoje você teve algum sentimento diferente?"
"Qual amiguinho é o mais atencioso com você? O que ele fez para você hoje?"
"Me conta um motivo para voltar para escola amanhã?"
"Tem alguma coisa que você gostaria de mudar na sua escola?"
Caso entenda que ele realmente precisa de ajuda, não hesite em procurar apoio profissional e especializado. "É o acolhimento que salva, que faz com que a criança se desenvolva e não se sinta sozinha. E o contrário também é verdadeiro. Quanto mais só, mais perdida e desamparada a criança fica, mais ela vai entrar em um nevoeiro perigoso. Mostre que você sabe ouvir qualquer coisa. Diga ao seu filho: 'Quero ouvir', 'Eu quero te escutar'", orienta Robert Paris, do Centro de Valorização da Vida (CVV).