Sociedade

Por Redação Galileu

As intenções violentas do Hamas, que está em guerra com Israel, nunca foram segredo: em uma carta redigida pelo grupo armado em 18 de agosto de 1988, intitulada "O Pacto do Movimento de Resistência Islâmica", há ideias que apoiam a aniquilação do povo judeu.

A tradução do documento (acesse aqui) foi feita a partir do árabe para o português pela Organização Sionista do Brasil. Uma versão em inglês também foi disponibilizada pelo projeto Avalon, da Escola de Direito da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

O artigo 7 da carta afirma que "a hora do julgamento não chegará até que os muçulmanos combatam os judeus e terminem por matá-los". Em 2006, o texto foi arduamente condenado em uma declaração conjunta apresentada à Organização das Nações Unidas (ONU) pelas ONGs Associação para a Educação Mundial e União Mundial para o Judaísmo Progressista (WUPJ).

As organizações disseram na época que apoiavam "os esforços sérios do então Primeiro-Ministro de Israel, Ehud Olmert, e do Presidente da Autoridade Nacional da Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e de líderes políticos com ideias semelhantes em todo o mundo", para encontrar uma solução para a coexistência pacífica entre os dois povos que estão em conflito em Gaza (israelenses e palestinos).

A ANP se opõe ao Hamas, que é considerado terrorista por países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia. Mas a ONU não classificou o grupo como tal.

Segundo a Agência France-Presse (AFP), numerosos países membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas denunciaram a organização extremista no último dia 8 pelo seu ataque a Israel, mas os EUA lamentaram uma falta de unanimidade. Para entender melhor o que defende o grupo, confira a seguir 5 tópicos presentes na carta de 1988 do Hamas:

1. Aniquilação de Israel

O estatuto do Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, diz, logo no início, que "Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele".

Além disso, segundo o grupo, "a Palestina é uma terra islâmica". E, diante disso, a libertação desse território seria supostamente uma "obrigação pessoal de cada muçulmano, onde estiver". "É nessas condições que se deve considerar o problema, e cada muçulmano deve compreende-lo", reforça a carta.

2. Posição Jihadista

Segundo acreditam os membros do grupo armado, as "almas dos combatentes da Jihad [''guerra santa' contra os inimigos da religião muçulmana] encontrarão as almas de todos os guerreiros santos que sacrificaram suas vidas pela terra da Palestina, desde o tempo em que os companheiros do Profeta a conquistaram, até o presente".

Armas do Hamas apreendidas pelas Forças de Defesa de Israel em foto de 20 de julho de 2014 — Foto: Israel Defense Forces/Flickr
Armas do Hamas apreendidas pelas Forças de Defesa de Israel em foto de 20 de julho de 2014 — Foto: Israel Defense Forces/Flickr

O lema do movimento diz ainda que "Alá é a finalidade, o Profeta o modelo a ser seguido, o Alcorão a Constituição, a Jihad é o caminho e a morte por Alá é a sublime aspiração".

Reforçando sua posição contra os judeus, o documento defende que o "Movimento de Resistência Islâmica é um elo da corrente da jihad contra a invasão sionista".

3. Oposição aos acordos de paz

O Hamas se opõe explicitamente a acordos de paz do mundo no artigo 13 da carta, que fala de "Soluções Pacíficas, Iniciativas e Conferências Internacionais". O texto é claro: para o grupo, "iniciativas de paz, propostas e conferências internacionais são perda de tempo e uma farsa".

"Não há solução para o problema palestino a não ser pela jihad (guerra santa)", declara o documento, que acrescenta que "o povo palestino é muito importante para que se brinque com seu futuro, seus direitos e seu destino".

4. Mulheres donas de casa e educadoras

No Artigo 17, o texto do Hamas afirma que "o papel da mulher muçulmana na Guerra da Libertação não é menos importante do que a do homem, porque ela é que faz o homem".

Ainda assim, o documento salienta que "a mulher no lar e na família jihadista, seja mãe ou irmã, tem a função principal de cuidar da casa, educando as crianças de acordo com as ideias morais e, ensinando-as a cumprir com os deveres religiosos na preparação para a jihad (guerra santa) que as espera".

O grupo defende ainda que haja atenção com as escolas nas quais as meninas muçulmanas são educadas, e com o currículo, de forma que as garotas cresçam, "preparando-se para serem boas mães, conscientes do seu papel na guerra de libertação".

5. "Solidariedade" entre o grupo

Mesmo defendendo a guerra, o Hamas fala em um tipo de "solidariedade social" — desde que entre seu próprio povo. Segundo o grupo, esse conceito significa "ajudar a todo necessitado, seja material ou moralmente, estando presente para completar um trabalho".

A carta, porém, volta a citar os judeus como inimigos, dizendo que seu "nazismo é dirigido tanto contra mulheres como contra crianças". Segundo o texto, "o inimigo combate as pessoas para destruir suas vidas, roubar seu dinheiro e esmagar a sua dignidade. Tratam as pessoas como os piores criminosos de guerra".

"A deportação dos respectivos lares é uma forma de assassinato. Diante de tal comportamento, devemos demonstrar solidariedade social entre nós, e devemos enfrentar o inimigo como um corpo unido", continua a carta.

De acordo com uma análise do documento, feita pelo ex-ministro da defesa israelense, Avigdor Liberman, durante o Fórum Global de Combate ao Antissemitismo em 2009, a "solidariedade" citada pelo Hamas na carta se dá conforme comandos radicalizados do Alcorão e da Sunnah.

O grupo leva em conta o confronto que ocorre entre a sociedade palestina e um suposto "inimigo terrorista judeu". "O anti-semitismo aberto e cruel, de origem islâmica e cristã-europeia, é amplamente utilizado em todo o documento", condenou Liberman.

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