Everton Luiz protagonizou momento maluco no dérbi sérvio entre Partizan e Estrela Vermelha, em 2016
Existe grande discussão sobre qual é o maior clássico de futebol do mundo. Em termos de mídia, é difícil bater, por exemplo, um Barcelona e Real Madrid. Mas quando se fala na paixão das torcidas e na intensidade de disputa do jogo, não é exagero cravar que nada se assemelha a um Partizan x Estrela Vermelha, o grande dérbi da Sérvia.
Em 2016, um jogador brasileiro teve a chance de experimentar toda a loucura que envolve essa partida: o meia Everton Luiz, que jogou em equipes como Palmeiras, Ponte Preta, CRB e Criciúma antes de se aventurar no futebol europeu, atuando por quase três anos pelo Partizan.
Em entrevista ao ESPN.com.br, o atual jogador do Real Salt Lake, dos Estados Unidos, contou como foi parar na equipe alvinegra e exaltou o gigante de Belgrado.
"Eu estava no Lugano, disputando a 2ª divisão da Suíça. Fui bem lá e acabei contratado pelo St. Gallen, que jogava a elite. Aí foi curioso que depois de um tempo o Partizan veio com tudo para contratar um jogador sérvio do St. Gallen e foram ver um jogo nosso. Eu arrebentei e eles pediram a minha contratação também", recordou.
"Minha adaptação à Sérvia foi muito mais fácil e rápida do que na Suíça, porque o povo é muito mais humilde e parecido com a gente. Eles estão sempre prontos para te ajudar, enquanto na Suíça são mais fechados", salientou.
"No Partizan, eu vivi o melhor momento da minha carreira. Antes de acertar com eles, conversei com o (atacante) Cléo, que jogou no Partizan e no Estrela Vermelha e é um grande ídolo do futebol na Sérvia. Ele me disse que eu ia gostar muito e foi perfeito pra mim, pois me destaquei bastante. Fui campeão sérvio, ganhamos duas vezes a Copa da Sérvia e jogamos Europa League, foi maravilhoso", exaltou.
"Foi muito bem acolhido e minha adaptação ao time foi ótima. Joguei com vários caras que hoje estão brilhando pela Europa, como Milenkovic, Sasa Lukic, do Torino, e Vlahovic, da Juventus", salientou.
A 'sambada do Ronaldinho'
O momento mais insano da passagem de Everton Luiz pelo Partizan aconteceu logo em sua 1ª temporada, em 2015/16.
"O jogo mais marcante da minha carreira foi num clássico contra o Estrela Vermelha, fora de casa. Eles estavam vencendo por 1 a 0 e eu fiz o gol de empate aos 45 do 2º tempo. Na comemoração, eu sambei, porque sou muito fã do Ronaldinho e adorava aquela comemoração clássica dele. Sambei bem em frente à torcida deles e rolou um pouco de confusão", contou.
"Por causa disso, a torcida do Partizan me adora até hoje, enquanto a do Estrela Vermelha me odeia (risos). Foi um momento fantástico", celebrou.
A sambada, porém, também teve algumas consequências assustadoras, o que só mostra a loucura do dérbi sérvio.
"Quando cheguei ao vestiário, comecei a receber um monte de mensagens no meu Instagram me xingando e falando que iam me matar. Horas depois, minha mulher começou a receber também. Ela ficou apavorada, e eu também", lamentou.
"Fiquei dois dias sem sair de casa, bastante preocupado. Depois, me falaram que eu podia ficar tranquilo, que aquilo era só a loucura do clássico e não ia acontecer nada. E realmente não aconteceu nada", afirmou.
"A rivalidade lá é uma guerra, mesmo. É um jogo que para a cidade e o país. Os caras tacam fogo, jogam bomba... É uma loucura!", exclamou.
Ida à MLS e sonho de voltar ao Partizan
No meio da temporada 2017/18, Everton Luiz foi comprado pela SPAL, da Itália, que tentava permanecer na elite do país.
Durante seu tempo na Serie A, o ex-palmeirense conta que ficou impressionado com a potência física de Cristiano Ronaldo, à época destaque da Juventus.
"O Cristiano foi o mais complicado de jogar contra lá. Eu nunca tinha visto de perto, e, quando jogamos contra, vimos que o cara é um monstro, mesmo", assegurou.
"Perdemos por 2 a 1 para eles. No lance do gol decisivo, nosso zagueiro estava muito à frente, mas o Ronaldo arrancou igual um carro, deixou ele para trás e fez o gol. A festa da torcida quando ele fez o gol foi muito marcante, vou lembrar para sempre", rememorou.
Everton, porém, acabou tendo problemas com o técnico Leonardo Semplici e deixou a SPAL para atuar por empréstimo no Real Salt Lake, da MLS.
Hoje, ele diz estar feliz da vida na equipe norte-americana, mas revela ter um último desejo antes de pendurar as chuteiras.
"Vi que o futebol estava crescendo bastante nos Estados Unidos, com grandes nomes chegando ao campeonato e vindo para cá. Deu tudo certo e hoje estou aqui com a minha família. Ano passado, nosso time chegou aos playoffs e faltou pouco para sermos campeões. Agora, estamos em 3º lugar na Conferência e na mesma pegada do ano passado", ressaltou.
"Meu contrato aqui tem mais uma temporada e estou muito feliz, mas meu sonho ainda é voltar para o Partizan e encerrar minha carreira lá. Ainda não sei como será depois do fim da temporada, mas vamos ver", encerrou.