O Dallas Cowboys é uma das equipes esportivas mais valiosas do mundo, com avaliação em R$ 44 bilhões antes do início da atual temporada da NFL, segundo a Forbes, conceituada revista de finanças. E isso se refletiu dentro de campo: a equipe foi campeã da divisão Leste da Conferência Nacional (NFC), com 12 vitórias e apenas 5 derrotas. Tudo parecia ter se encaixado em 2023/2024. Isso até o time ser eliminado pelo ‘azarão’ Green Bay Packers logo na primeira rodada dos playoffs, naquela que foi a queda mais surpreendente da pós-temporada até aqui.
No entanto, não é a derrota por si só, ou mesmo a má performance, que tanto chocou, mas, sim, as circunstâncias. Os Packers terminaram em segundo na sua divisão, a Norte, também da NFC, com apenas 9 vitórias e 8 derrotas. Ocuparam a sétima, e última, vaga para o mata-mata. Dallas era amplamente favorito e mesmo assim tomou uma ‘surra’, como disse o comentarista de NFL da ESPN nos Estados Unidos Stephen A. Smith.
“Fiquei chocado com a maneira como eles perderam”, disparou Smith. “Previmos que Dallas iria ganhar porque a defesa dos Packers era suspeita. Mas eu vi pânico. Eu vi homens que estavam nervosos. Eu vi uma equipe nervosa”, acrescentou.
A surpresa ocorre justamente pelas circunstâncias anteriores à partida. Dallas jogava em casa, onde estava invicto. Enfrentava uma defesa inconsistente, enquanto seu próprio ataque deu show na temporada regular. Até parecia outro time, como enxergou CeDee Lamb, wide receiver e craque da equipe.
“Nós conseguimos tudo que queríamos. A colocação, jogar em casa, tudo. Nós só não aproveitamos”, afirmou o atleta dos Cowboys. “Dezessete semanas é uma temporada por si só, e depois você tem outra de quatro semanas”, seguiu. “Então, o que você fizer nessas quatro semanas é o que será lembrado”, sentenciou.
A ‘primeira metade’ da temporada, a de 17 semanas, foi espetacular. Fora o brilhantismo do quarterback Dak Prescott, que liderou a liga com 36 touchdowns, Lamb bateu recordes da equipe com 135 recepções e 1.749 jardas. Na defesa, o linebacker Micah Parsons atingiu um recorde de sacks em sua carreira (14).
Isto tudo foi por água abaixo na ‘segunda metade’ da temporada. Vinte pontos de desvantagem no intervalo, com os Packers chegando a abrir 27 a 0 antes da parada. Uma defesa dominante foi dilacerada por Jordan Love, que lançou para 3 touchdowns e 272 jardas passadas.
Todd Archer, analista do ESPN.com, descreveu o ambiente pós-jogo como silencioso: “Ninguém disse uma palavra”. “Uma temporada cheia de esperança havia acabado. Desse jeito”, continuou. “Menos de três horas antes, eles tinham a total expectativa de jogar no round divisional em casa, na semana seguinte. Agora, eles só voltam para seu estádio na próxima pré-temporada”, concluiu.
“E agora, a temporada 2023 acaba igual a 2022, 2021 e todas as outras desde 1995”, disse Todd Archer, relembrando o último Super Bowl vencido pelos Cowboys (no início de 1996 contra o Pittsburgh Steelers, por 27 a 17, na edição XXX).
Após o jogo, Jerry Jones, o dono da franquia, disse que não pensou “por um segundo” sobre o futuro do técnico Mike McCarthy, mesmo com a eliminação surpreendente. A decisão final viria à tona após uma reunião com o técnico na quarta-feira, com o treinador sendo mantido no cargo, mesmo com as controvérsias.
"Acredito que esta equipe está muito próxima e é capaz de atingir nossos objetivos finais, e o melhor passo para nós será com Mike McCarthy como nosso técnico principal", disse Jerry Jones em um comunicado divulgado pela equipe
E assim, Dallas volta para o mesmo modus operandi dos últimos 28 anos, desde sua última temporada de sucesso. “Nada do que os Cowboys fizeram de bom em 2023 importa. Eles tiveram nove jogadores sendo nomeados como All-Pro (os melhores da liga). Nada disso importa”, refletiu Todd Archer.
“Pela vigésima oitava vez seguida, uma temporada dos Cowboys acabou sem um Super Bowl. Os nomes mudaram ao longo dos anos, mas as respostas continuam as mesmas”, seguiu Archer.
Como mudar esse prospecto? Como fazer os Cowboys chegarem aonde a torcida tanto quer? “Eu gostaria de ter as respostas”, disse Prescott. “McCarthy diria o mesmo. Jones diria o mesmo. Todo mundo diria o mesmo”, emendou Archer.
No fim, o Dallas Cowboys lamenta mais uma eliminação, mais uma decepção, mais um vexame. E, novamente, apenas espera por um futuro melhor ou, pelo menos, diferente. Resta saber se os atuais protagonistas da franquia (dono, direção e jogadores) causarão esta mudança ou se continuarão sem respostas.