No centro de mais uma polêmica de Neymar sobre questões ambientais está um projeto que visa transformar um trecho de 100 km do litoral nordestino no “Caribe brasileiro”. A ideia do atacante, em parceria com a incorporadora Due, é erguer neste local — localizado entre os litorais Sul de Pernambuco e Norte de Alagoas — 28 imóveis de alto padrão. O empreendimento, cujo faturamento pode chegar até R$ 7,5 bilhões, é um dos citados nas críticas de ambientalistas contra a chamada “PEC da privatização das praias”. Veja abaixo detalhes do projeto.
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— Estou junto com a Due na criação da "rota Due caribe brasileiro". Vamos transformar o litoral nordestino e trazer muito desenvolvimento social e econômico para a região. Em breve, mais novidades — disse Neymar, em vídeo publicado no Instagram que viria a se tornar alvo de críticas.
Em nota, a incorporadora afirma cumprir "as mais rigorosas leis de proteção ambiental" e realizar "projetos próprios de preservação do meio ambiente". O jogador também divulgou nota sobre o caso seguindo a posição da empresa. Alguns dos imóveis, cujo empreendimento também conta com o ator Rafael Zulu como sócio, que também já estão com construção em andamento. É o caso do Residencial da Villa Carneiros em plena praia dos Carneiros, no município de Tamandaré, em Pernambuco.
Veja imagens divulgadas pela incorporadora abaixo:
De acordo com o projeto, a ideia é que o empreendimento ofereça apartamentos de 24,89m² até 87,23m². Entre as características mais que mais estão em destaque está o “acesso exclusivo à praia”, além de outras vantagens dada a localização à beira-mar. “Aproximadamente 194.000 m² integram o conceito de bairro inteligente e trazem para o litoral pernambucano o futuro da segunda residência”, diz o anúncio da incorporadora.
Residencial da Villa Carneiros, na praia dos Carneiros, em Tamandaré (PE), é um dos empreedimentos de Neymar com incorporadora
Outro com “acesso exclusivo” à praia é o residencial Orla Praia dos Carneiros. Neste empreendimento, há opções de imóveis com até 218,05 m², segundo a Due. O projeto do residencial à beira-mar conta ainda com sauna, SPA, complexo aquático, academia etc.
Orla Praia dos Carneiros, na praia dos Carneiros, em Tamandaré (PE), é um dos empreedimentos de Neymar com incorporadora
Entenda
Embora o projeto tenha sido divulgado há uma semana, foi nos últimos dias que ele ganhou uma repercussão maior. Mas não da maneira que Neymar e a incorporadora esperavam. Isso porque ele foi mencionado na campanha feita por ambientalistas contra aquela que já vem sendo chamada de PEC da privatização das praias.
Em nota, a Due Incorporadora nega descumprir as leis de proteção ambiental brasileiras, e afirma os empreendimentos "não sofrerão qualquer impacto, seja positivo ou negativo, com a PEC 03/2022". Segundo a empresa, as acusações feitas nas redes são levianas.
Um dos vídeos publicados foi da atriz e comunicadora socioambiental Laila Zaid, que classifica Neymar como "um dos apoiadores da ideia". O conteúdo chegou até Luana Piovani, que o compartilhou em sua conta no Instagram com um desabafo:
"Meu sonho é que meus filhos esqueçam Neymar. Imagina se isso é ídolo?", escreveu a atriz.
A postagem de Zaid viralizou e foi comentada por muitas pessoas. Entre elas, a também atriz Maeve Jinkings. A protagonista da série Os Outros, da Globoplay, mostrou-se chocada com o jogador do Al-Hilal e da seleção brasileira, a quem chamou de oportunista.
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"Gente o Neymar consegue ser a pessoa mais errada e oportunista do mundo né. Impressionante como ele é competente nisso, onde tem Lobby de oportunista, tá lá o Neymar".
O que é a PEC da privatização das praias?
A PEC 03/2022 prevê o fim da propriedade exclusiva da União sobre terrenos de marinha. Ela foi tema de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na última segunda-feira. Tem sido defendida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro após parecer pela sua aprovação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da matéria na Casa.
Neymar é um simpatizante declarado de Bolsonaro e pediu votos na última eleição presidencial, vencida pelo presidente Lula.
Os terrenos da Marinha ficam nas praias e nas margens dos rios e lagoas, além dos espaços que contornam as ilhas com águas ligadas aos mares. A proposta pretende repassar a propriedade da União para estados e municípios de forma gratuita, abrindo ainda à possibilidade de repasse a ocupantes privados mediante pagamento.
Hoje, os imóveis construídos nesses terrenos têm escritura. Mas os moradores são obrigados a pagar anualmente à União uma taxa de aforamento sobre o valor do terreno. No regime de aforamento, a propriedade do imóvel é compartilhada entre a União e um particular (cidadão ou empresa).
Isso é dividido na proporção de 83% do valor do terreno para o cidadão e 17% para a União. Por conta dessa divisão, ocupantes destes imóveis pagam, atualmente, duas taxas para a União: o foro e o laudêmio.
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Ambientalistas afirmam que o texto do novo projeto dá margem para a criação de praias privadas, além de promover riscos para a biodiversidade. Técnicos do governo também afirmam reservadamente que a PEC pode permitir privatização de praias.