A doação de um imóvel avaliado em R$ 25 milhões ao Fundo Patrimonial da Universidade de São Paulo (USP) pelo professor e antropólogo Stelio Marras abriu discussão sobre contribuições milionárias a instituições de ensino, prática rara no Brasil, mas comum no exterior. O educador estabeleceu como condição que o espaço seja destinado a milhares de estudantes em situação de vulnerabilidade e com a permanência acadêmica ameaçada.
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A estrutura está localizada no Centro de Poços de Caldas, em Minas Gerais, onde mora a família do antropólogo. A doação está no testamento do professor, que foi aluno da USP e também atua no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB). Esta é a maior contribuição recebida até então pelo fundo, criado há três anos. O valor deve ser somado aos atuais R$ 34 milhões de patrimônio da instituição.
No exterior, os fundos conhecidos internacionalmente como "endowments" são responsáveis por grande parte do financiamento de universidades nos Estados Unidos. Veja casos de doações de alto valor:
- Michael Bloomberg
Nesta segunda-feira, grande parte do corpo de alunos de medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriu que a faculdade passará a ser gratuita graças à doação de US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões) de Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York e fundador da Bloomberg L.P., empresa de dados para o mercado financeiro. Em 2018, o empresário já havia doado US$ 1,8 bilhão (R$ 9,8 bilhões) para a Universidade Johns Hopkins.
A doação de Bloomberg, ex-aluno da instituição, beneficiará todos os estudantes cujos pais ganhem menos de US$ 300 mil por ano. Aqueles com renda familiar inferior a US$ 175 mil anuais também terão suas despesas com moradia custeadas. Ao final, dois terços dos futuros médicos da universidade serão contemplados.
— Enquanto os EUA lutam para se recuperar de um preocupante declínio na expectativa de vida, nosso país enfrenta uma grave escassez de médicos, enfermeiros e profissionais de saúde pública — disse Bloomberg, de 82 anos. — E, no entanto, o alto custo das faculdades de medicina, enfermagem e pós-graduação muitas vezes impedem os alunos de se matricularem.
A doação de Bloomberg, feita por meio de sua organização filantrópica, também contribuirá com o auxílio financeiro disponibilizado a estudantes de outros programas, incluindo de pós-graduação, em cursos como saúde pública, enfermagem, educação e engenharia.
John Doerr
O investidor de risco norte-americano John Doerr doou juntamente com sua esposa, Ann, US$ 1,1 bilhão (equivalente a R$ 6 bilhões) para a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em maio de 2022. Com este gesto, os dois se tornaram os principais financiadores de pesquisas e bolsas de estudo sobre mudanças climáticas da instituição.
Essa é a segunda maior doação já feita a uma universidade americana, segundo o jornal americano The Chronicle of Higher Education.
Diante da destinação da quantia, a universidade afirmou, à época, que pretende liderar a discussão sobre futuro sustentável em sua nova escola. A instituição delimitou três grandes áreas - Terra, Clima e Sociedade. Estes grupos foram pensados para também abraçar outras áreas de estudo como mudanças climáticas, meio ambiente e natureza, entre outras.
Ruth Gottesman
Em fevereiro deste ano, a imprensa americana noticiou que uma ex-professora da faculdade de medicina Albert Einstein, no Bronx, um dos bairros mais pobres de Nova York, anunciou uma doação para a instituição de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões). A autora da contribuição, Ruth Gottesman, de 93 anos, afirma que o dinheiro é destinado para cobrir os custos da graduação de todos os estudantes.
O jornal "The New York Times" ressaltou que a contribuição da doutora — que é uma das maiores da história do país destinadas a uma instituição educacional — vai na contramão de doações feitas por outros bilionários no passado. Na maioria dos casos, os super ricos destinaram milhões de dólares para escolas de medicina e hospitais mais conhecidos em Manhattan, bairro mais rico do estado.
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