RIO - O número de livros escritos por mulheres nas livrarias tem crescido no país — estimulando o crescimento também de clubes de leitura focados especificamente nessas obras. No entanto, o conceito de "feminismo" ainda é desconhecido por muitas pessoas, que carregam consigo a imagem de que feminista é a mulher que não se depila, que odeia homens e que é contra estruturas familiares.
Para esclarecer e mostrar a importânica social desse movimento, CELINA selecionou, com ajuda de espcialistas em mercado editorial, cinco títulos que são uma boa opção para quem está buscando entender o que é o feminismo e ter o seu primeiro contato com a luta por igualdade entre os gêneros.
De uma maneira leve e articulada, as autoras listadas aqui — que muitas vezes compartilham experiências de vida com leitoras e leitores — apresentam o machismo estrutural presente na nossa sociedade patriarcal, e o feminismo como um instrumento de importante mudança para homens e mulheres.
1 - 'Os homens explicam tudo para mim'
Rebecca Solnit inicia o seu ensaio sobre os direitos das mulheres com um episódio cômico de sua história: o dia em que um homem passou uma festa inteira falando sobre um livro que "ela deveria ler" sem lhe dar a chance de dizer que, na verdade, ela era a autora do tal livro. A partir daí, Rebeca apresenta e debate o mansplaining, quando os homens acham que possuem mais conhecimento sobre um tema do que as mulheres — independentemente do assunto — e insistem em dar explicações sobre o tema.
O livro reúne textos feministas, ensaios irônicos, poéticos e indignados nos quais Rebecca discute os diferentes tipos de violência que as mulheres podem sofrer ao longo da vida, como o silenciamento e a agressão física. Ela também discute a cultura patriarcal, que não reconhece muitos dos problemas que são apresentados no livro.
2 - 'Má feminista'
Nesta seleção de ensaios engraçados e perspicazes, Roxane Gay nos leva a uma viagem sobre sua própria evolução como mulher negra, ao mesmo tempo em que nos transporta a um passeio pela cultura nos últimos anos. Dona de fortes opiniões sobre gênero, a autora se apresenta como uma "má feminista", uma mulher que defende a igualdade de gênero, mas que ainda está longe de tornar sua vida um exemplo de ativismo e coerência com os seus ideais.
A partir de experiências próprias e percepções do mundo combinadas com uma escrita desconstruída, Gay escreve sobre a banalização da violência contra a mulher pela mídia, relembrando casos como o do cantor Chris Brown, que agrediu fisicamente a também cantora Rihanna. A autora comenta, ainda, sobre suas leituras e faz muitos questionamentos sobre a cultura pop atual.
Em um dos ensaios, intitulado "Como fazer amizade com outra mulher", Roxane apresenta o conceito de sororidade, a união e amizade das mulheres baseada na empatia e companheirismo.
3 - 'Pensamento feminista: conceitos fundamentais'
O livro reúne alguns dos mais representatios textos que moldaram o pensamento feminista. A obra é capaz de oferecer um bom repertório para os estudos de gênero. O livro apresenta os desdobramentos que os pensamentos centrais do feminismo foram tendo a partir de questionamento, dando origem a novas formas de pensar e definir identidade, gênero, subjetividade e sexualidade.
A missão é, portanto, facilitar o estudo das tendências teóricas e o avanço dos trabalhos acadêmicos e políticos em torno da questão de gênero, tema tão amplo quanto polêmico e fundamental no contexto atual.
4 - 'Amora'
Livro de contos da brasileira Natália Borges Polesse, que, em 2016, ganhou o Prêmio Jabuti e o Prêmio Açorianos, ambos na categoria Contos.
A obra reúne histórias que passam por diversas etapas da vida de uma mulher e trazem relações homossexuais. Por meio de sua escrita, Natália dá ao leitor sensações como maravilhamento, estupor e o medo das descobertas.
5 - 'Sejamos todos feministas'
A premiada autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie traz para o centro da obra questionamentos como "O que significa ser feminista no século XXI?"e, ainda, "Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres?".
No aclamado livro, ela lembra do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez, em tom de desaprovação. A partir daí, ela abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”.
"Sejamos todos feministas" é uma adaptação do discurso feito pela autora em uma edição do TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.
*Estagiária sob supervisão de Clarissa Pains