O fato é que por pouco Justin não seguiu o caminho de tantas estrelas adolescentes que tentaram fazer a transição para o mercado adulto. Em 2014, aos 20 anos, depois de um álbum digital que não chegou às paradas (“Journals”), de acusações de vandalismo, do muito noticiado abandono de um macaco de estimação na Alemanha e de uma prisão em Miami sob a acusação de dirigir embriagado e intoxicado (o que o expôs ao risco de deportação, já que ele também resistiu à abordagem), a imagem do astro foi substancialmente arranhada.
Justin Drew Bieber nasce em 1º de março de 1994, em Ontário, no Canadá, em meio a um ambiente conturbado. Sua mãe, Pattie Malette, tinha 18 anos e um histórico de abusos sexuais, além de, desde cedo, ser viciada em álcool e drogas. Seu pai, o carpinteiro Jeremy Jack Bieber, estava preso por uma briga de rua no momento do nascimento.
Primórdios do YouTube
Seguindo os passos da própria mãe, que sonhava ser artista, Bieber cresce participando de shows de talentos, onde impressionava ao cantar hits como "Respect", de Aretha Franklin. Há dez anos, ao publicar vídeos das apresentações do garoto, que toca violão, piano, trompete e bateria, Pattie via o filho ser descoberto por milhões de pessoas.
Começo da carreira profissional
O sucesso de seus vídeos chamou a atenção de peixes grandes da indústria. Em 2008, Scooter Braun esbarrou com as gravações caseiras do jovem e o levou para Atlanta, nos EUA, para gravar em um estúdio profissional. Tanto Usher quanto Justin Timberlake se mostraram interessados em trabalhar com Bieber, mas o rapper levou a melhor.
Sucesso comercial
Em 2009, o moleque lança seu 1º single, "One time". A faixa abre caminho para "My world", primeira parte do debute de Bieber, lançado em novembro daquele ano. Seu primeiro grande hit, "Baby", uma parceria com Ludacris, vem na parte 2 do álbum, "My world 2.0", lançado em março de 2010. A faixa pop chicletuda ficou em primeiro lugar nas paradas.
Colhendo os louros
A partir daí, só sucesso. Bieber entra para lista de celebridades mais bem pagas com menos de 30 anos, ganhando mais de US$ 53 milhões em um ano. Lança um disco de Natal, "Under the mistletoe" (2011), que vendeu mais do que pão rabanada em dezembro, e um filme-show, "Never say never", do mesmo ano, que arrecada quase US$ 100 milhões em bilheteria.
Bieber estreia no país em 2011, lotando o Engenhão com direito a fãs acampando na porta já naquela época. De volta em 2013, mostra uma faceta bem diferente: é flagrado saindo de uma termas em Ipanema, expulso do Copacabana Palace por mau comportamento, picha muro e abandona o show de SP, irritado com um objeto arremessado por um fã.
'Believe'
Esse segundo show no Brasil fazia parte da turnê de "Believe", lançado um ano antes. O disco traz colaborações com nomes como Diplo e Max Martin na busca de afastar Bieber da imagem do jovenzinho de franjão caído no olho. Hits como "Boyfriend" colocaram o disco em primeiro lugar nas paradas de 16 países, incluindo EUA e Reino Unido.
Fase bad boy
Bieber namorou com Selena Gomez dos 16 aos 18 anos. Na época do término, foi preso por dirigir perigosamente. E não para por aí: tretas com vizinhos, inúmeros problemas com direção (de uso drogas a carteira de habilitação vencida, passando pelo atropelamento de um paparazzo). Por agredir um fotógrafo na Argentina, o músico não vai tocar por lá.
'Purpose'
Puxado pelos hits "Sorry" e "What do you mean?", seu terceiro disco de inéditas foi lançado em novembro de 2015, inspirado pelas confusões em que o cantor andou se envolvendo nos anos anteriores. Com dedo dos produtores Skrillex e Duplo e participação de Big Sean e Halsey, o disco traz um Bieber mais maduro, ainda mais de olho no R&B e na EDM.
Show 3 no Brasil
Bieber está de volta ao país e já chega recepcionado por um oficial de Justiça, para que assine um mandado referente ao processo que o Ministério Público do Rio move contra ele (lembra da pichação?). E não só isso. Após a confusão no Copacabana Palace, o músico teve que alugar uma casa (com diária de R$ 200 mil) e já prometeu dar uma festança.
Num tempo em que a vigilância sobre as celebridades é cerrada como nunca e a concorrência está sempre pronta para substituir um rei morto, temeu-se muito pelo destino do cantor que em 2010 chegou ao primeiro lugar da "Billboard" com o álbum “My world 2.0” na semana de lançamento (o artista mais jovem a conseguir o feito desde 1963, com Stevie Wonder) e que espalhou pelo mundo, entre os garotos, o seu estilo único de corte de cabelo.
ANTES QUE VIRASSE BAGAÇO
O artista que em poucos anos passou de cover de YouTube do cantor Usher para ser aposta do próprio Usher para a gravadora Island (que o contratou aos 15 anos de idade) teve então que investir numa rápida reinvenção, antes que as engrenagens da indústria deixassem apenas o bagaço do que tinha sido o primeiro artista a emplacar sete canções de um disco de estreia no Top 100 da "Billboard".
Com uma imagem de
bad boy
na sua cola, o que fazia mais sentido para o cantor era aceitar os seus erros — brincar com eles até — e buscar uma forma musical mais condizente com a nova persona. Não seria algo novo: antes dele, a virginal estrelinha teen Miley Cyrus tinha se transformado, com bastante êxito, numa espécie mais alucinada de Madonna, com pouca roupa, muita provocação e disposição até mesmo de colaborar com os desatinos psicodélicos do grupo Flaming Lips.
A terceira turnê mundial de Justin Bieber começou há pouco mais de um ano, em 9 de março de 2016. A previsão é que o giro termine em 6 de setembro, em Toronto, no Canadá, num total de 161 shows e US$ 158,7 milhões em bilheteria até o momento.
Disco elogiado pela crítica
Revelado por seus vídeos no YouTube quando ainda tinha 13 anos, Justin Bieber cresceu e apareceu com "Purpose", lançado em novembro de 2015. O disco, de hits como "Sorry" e "What do you mean", chamou atenção dos críticos, recebendo boas cotações de veículos musicais respeitados como "Billboard" e "Rolling Stone".
O setlist
O show costuma ser longo, com cerca de 21 músicas. Mas quem quer ouvir os antigos hits do cantor canadense pode se decepcionar: o foco é o disco mais recente, "Purpose" (2016), tocado praticamente na íntegra. De "Believe" costumam aparecer duas músicas, e do primeirão, "My world 2.0", apenas o megahit "Baby".
Covers e acústicas
Bieber também costuma cantar "Where are ü now", de Jack Ü, "Let me love you", do DJ Snake e "Cold water", de Major Lazer, todas com vocais gravados originalmente por ele. Essa última e "Been you" são tocadas na forma acústica.
Ingressos esgotados?
Segundo a produção, as 31 mil entradas para o show na Apoteose, a preços entre R$ 380 e R$ 750, esgotaram em menos de 24 horas. Mas, na véspera, um lote "limitadíssimo" foi colocado à venda na bilheteria oficial e em postos de venda físicos — mas não na internet. Vale consultar o atendimento da "
Tickets for Fun
".
Marcado para quarta-feira, dia 29 de março, o show do Rio (ele ainda toca nos dias 1 e 2 de abril em São Paulo) será na Praça da Apoteose, no centro da cidade. Os portões serão abertos às 16h. Rudy Mancuso abre o show às 20h e Justin Bieber está previsto para subir ao palco às 21h.
Mas quem é Rudy Mancuso?
O músico, revelado pelo Vine e astro do YouTube (onde seus vídeos chegam a ter mais de 5 milhões de visualizações), nasceu em Nova Jersey, mas tem mãe brasileira e fala português fluentemente (seu nome, aliás, é Rodolfo).
O 'bad boy' vai se explicar
Não são só os fãs que vão esperar Justin Bieber no Galeão.
Um oficial de Justiça também vai dar plantão no aeroporto
para que o cantor assine um mandado referente ao processo que o Ministério Público do Rio move contra ele. Bieber pichou um muro em São Conrado durante sua última passagem pela cidade, em 2013.
Ir de transporte público: a estação Praça Onze do metrô fica bem perto da Praça da Apoteose; usar roupas leves; hidratar-se constantemente; levar capa de chuva (a previsão do tempo é de máxima de 26º e mínima de 19º com pancadas de chuva); levar alimentos industrializados e lacrados (frutas apenas cortadas).
Objetos de vidro, plástico ou metal, como perfumes, cosméticos, vasilhames, copos; substâncias tóxicas; fogos de artifício; inflamáveis em geral; armas de fogo ou armas brancas; pau de selfie; guarda-chuva; rolo de papel, jornais, revista, bandeiras e faixas com mastro; capacetes; correntes, cinturões e pingentes; câmeras profissionais; acessórios pontiagudos.
Para Justin, porém, a solução estava bem debaixo do nariz: sendo ele uma versão branca e adolescente do r&b, um artista que gravou com rappers como Ludacris (no hit “Baby”), bastava seguir no caminho de aproximação com a ala mais arrojada da música negra. Um embrião disso tinha sido seu álbum de 2012, “Believe”, no qual contou com a participação do conterrâneo e futura superestrela do rap Drake.
Em dezembro de 2013, Justin foi adiante ao lançar “Confident”, uma colaboração com Chance The Rapper, então uma novidade do rap, mas que em 2017 se tornaria a grande sensação do Grammy, com três estatuetas. Ao mesmo tempo, o cantor começou a ser visto com mais frequência na companhia de rappers, arriscando versos de improviso.
Em fevereiro de 2015, a grande surpresa veio na forma de “Where are Ü now”, música do projeto Jack Ü, dos DJs e produtores Diplo e Skrillex: ali, o cantor finalmente se posicionava do lado mais inovador da música, sem no entanto abdicar de ser pop. Bem mais ousada que de costume, a faixa ganhou um Grammy de melhor gravação de dance music e abriu o caminho para o que ele mostraria em seu álbum seguinte, “Purpose”, lançado em novembro do mesmo ano. A primeira faixa do disco, antecipada em agosto, foi “What do you mean?”, incursão de Justin na onda do tropical house — ou seja, léguas distante de “Baby”.
“Purpose” estreou no primeiro lugar das paradas americanas e ainda estourou “Sorry” (produção de Skrillex) e a romântica, mas adulta “Love yourself”. Clássicos de um Justin Bieber renascido que faz seu show hoje na Apoteose.