Cultura
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Por Maria Fortuna — Rio de Janeiro

Gal Costa saiu radiante do derradeiro show de sua vida. "Viu como cantei bem?", disse ela, toda feliz, ao deixar o palco do Coala Festival, em São Paulo, no dia 17 de setembro. A frase, dita ao diretor musical Marcus Preto, um dos curadores do evento e fiel escudeiro de Gal nos últimos nove anos, soou como confirmação de uma ideia que já estava sendo aventada: transformar aquela apresentação em disco.

O plano havia surgido pouco antes do evento, em conversas entre Preto, Gabriel Andrade, também curador e sócio do Coala, e a Biscoito Fino, gravadora de Gal. O show foi então gravado com a expertise de Duda Mello, técnico de som da cantora, conhecedor de todos os segredos daquela voz.

Gal Costa e Marcus Preto: 'A ideia de gravar Marília Mendonça foi dela' — Foto: Divulgação / Giovana Chanley
Gal Costa e Marcus Preto: 'A ideia de gravar Marília Mendonça foi dela' — Foto: Divulgação / Giovana Chanley

O material pipocou há uma semana no e-mail de Preto. Ele mostraria a Gal nos próximos dias. Não deu tempo. Ela morreu na última quarta-feira (9), em casa, em São Paulo. O velório, aberto ao público, acontece nesta sexta-feira (11), das 9h às 15h, na Assembleia Legislativa, na capital paulista. O enterro será fechado apenas a amigos e familiares.

Mas o fato é que a gravação do show do Coala acabou se tornando o último registro de Gal em ação. A proposta de lançar um disco (em CD, vinil e nas plataformas digitais) com o material permanece de pé. A qualidade do áudio ainda será avaliada pela Biscoito Fino, que pretende retomar as conversas sobre o assunto em breve.

Para Marcus Preto, produtor de discos de Gal como "Estratosférica", "A pele do futuro", "Nenhuma dor" e "Trinca de Ases" (com Nando Reis e Gilberto Gil), o projeto faz todo sentido.

— Foi um show especial demais. Gal saiu muito emocionada. Foi uma catarse, o público a abraçou, foi muito caloroso com ela — lembra Preto, também diretor musical de shows como "Espelho d'água" e daquele em que a cantora interpretou o repertório de Lupicínio Rodrigues.

A apresentação no festival também resumiu as muitas “Gals”, destaca o produtor.

Fatal, sagrada, profana, plural

— Tem músicas dos anos 1960, como "Divino maravilhoso", que mostra aquela Gal rock que começa ali na Tropicália; "Um dia de domingo", do Sullivan e Massadas, que é a Gal popular, que toca no rádio; a Gal bossa com Tom Jobim ("Desafinado"), Edu Lobo e Chico Buarque ("A história de Lily Braun"); a pop, com Lulu Santos ("Lua de mel"), Cazuza ("Brasil") e Djavan ("Açaí"); e, por fim, a Gal que abraçou a novíssima geração cantando com Rubel ("Como 2 e 2" e "Tigresa") e Tim Bernardes ("Negro amor" e "Vapor barato").

Gal, como afirma Preto, não dividia o público. Ela acabou fazendo com que todo mundo gostasse de todas as sua facetas. Trabalhando tão próximo a ela desde 2013, o produtor acabou se tornando não só alguém que a entendia profundamente, musicalmente falando, como um de seus grandes amigos. Ele destaca a cabeça aberta da artista.

— Ela embarcava nas ideias. Era raro não topar algo. Às vezes, tinha a ideia mais maluca que a todo mundo. Como gravar uma música da Marília Mendonça ("Cuidando de longe") em disco music. Foi ela quem quis! Eu nunca pensaria nisso. E se pensasse, não teria coragem de dizer — brinca o produtor.

Marcus Preto e Gal Costa  — Foto: Divulgação / Carol Siqueira
Marcus Preto e Gal Costa — Foto: Divulgação / Carol Siqueira

O motivo de Gal ter ficado especialmente satisfeita com sua performance no Coala foi por que, ali, ela havia retomado o fôlego por completo. Durante a pandemia, a cantora ficou muito tempo parada, trancada em casa. O pulmão acabou ficando um pouco preguiçoso, o que chegou a impactar bastante a capacidade de ela sustentar a respiração enquanto cantava.

Gal correu atrás do prejuízo fazendo exercícios respiratórios. O tratamento deu resultado. Vide a apresentação do Coala, em que Gal brilhou com sua voz cristalina. Mas, após o festival, ela teve que suspender a agenda de shows.

Estava na estrada com a turnê "Várias pontas de uma estrela", composta pelo repertório de Milton Nascimento. Tinha apresentações marcadas para Rio, São Paulo, Salvador e Europa. Mas precisou passar por uma cirurgia para retirada de um nódulo na fossa nasal direita no final de setembro.

Se a voz de Gal se calou precocemente, o legado que deixou é imenso. Depois de receber homenagem de Roberto Carlos, que dedicou à cantora "Sua estupidez" (música dele com Erasmo Carlos, cuja gravação de Gal se tornou antológica) em show quarta-feira (9), em São Paulo, Zé Ibarra também a celebrará.

Artista da nova geração e de quem Gal era fã, Zé foi convidado pela cantora para gravar com ela "Meu bem, meu mal" no disco "Nenhuma dor". Ele cantará "O bem do mar" e "Minha voz, minha vida", domingo (13), na abertura do show de Milton Nascimento no Mineirão, em Belo Horizonte. Vai ser divino, maravilhoso.

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