Cultura
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Por — Rio de Janeiro

No TikTok, "Hilda Furacão" é referência de beleza, estilo e comportamento. Jovens que sequer eram nascidos em 1998, quando a minissérie escrita por Gloria Perez foi ao ar pela primeira vez, estão encantados com a caracterização vintage da personagem-título, interpretada por Ana Paula Arósio. Hilda é uma prostituta que vive uma estranha história de amor com o religioso Malthus (Rodrigo Santoro), cujo jeito inocente e cabelo tigelinha também viraram fontes de fascínio entre as novas gerações. A  trama se passa nos anos 1950, com direção de arte e figurinos cuidadosamente reproduzidos, o que torna o choque de gerações ainda mais curioso. 

No catálogo da Globoplay desde 2021, a produção ganhou  nova vida depois que cortes curtos de cenas e diálogos passaram a ser compartilhados na rede social chinesa, a segunda mais acessada pelos zennials (como são conhecidos os nascidos entre 1997 e 2012). As primeiras sugestões de buscas vão de "Hilda Furacão Edits" a "Hilda Furacão Hoje em dia", passando por "Malthus comendo geleia". E não se surpreenda se os personagens bombarem no próximo carnaval. A hashtag "Hilda Furacão Fantasia", com tutoriais para imitar o look, também aparece entre as mais buscadas.

A tiktoker Ana Queiroz (@caislunaar), de 25 anos, viralizou na semana passada com um vídeo em que ensina a reproduzir o corte de cabelo todo em camadas de Hilda, herdado dos anos 40 por atrizes como Verônica Lake e Rita Hayworth, entre outras beldades.

- Gravei o tutorial porque vi muitas pessoas que queriam se vestir como ela e saber como ela fazia o cabelo - diz Queiroz, que decidiu ver a minissérie no Globoplay depois dela viralizar no Tiktok. -  De tempos em tempos, o Tiktok resgata um personagem que volta a tona e todos ficam obcecados. Acho que em parte é por que nós adoramos a estética vintage, pelo menos eu sou fascinada por isso.

A tiktoker define o estilo de Hilda como "incrível", mas a admiração não se limita à estética da personagem. 

- Ela é uma mulher que luta pra viver sua vida como deseja sem se importar com a opinião alheia - explica Queiroz.

Figura empoderada

De fato, a intempestiva Hilda faz juz ao apelido Furacão. E esse jeitinho incontido e empoderado já virou até meta de comportamento em memes compartilhados nas redes nesta transição de ano. Um "fan edit" reúne alguns dos momentos mais altivos da diva, com os dizeres: "Nova personalidade para 2024". Os comentários no post trazem uma explicação para o fascínio. "Ela é uma pessoa impulsiva, faz o que der na telha sem pensar no que dirão inteligente e estratégica muito sensível ela é maravilhosa", escreveu uma usuária do Tiktok.

A personagem nasceu em 1991, no romance homônimo do escritor mineiro Roberto Drummond (1993-2002). Na tradição da sátira e da crônica de costumes, a minissérie enfatiza o aspecto cômico e extravagante da história - e são justamente essas cenas mais escrachadas que costumam viralizar nas redes. Hilda Muller é uma jovem rica que decide trabalhar em um prostíbulo de Belo Horizonte após a revelação de uma cartomante. Sonhando virar santo, frei Malthus decide exorcizá-la. Um movimento organizado da cidade contra os prostíbulos leva os dois personagens a intensificar sua rivalidade. Mas, como diz a canção de Tunai, o "amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões".

Sucesso internacional

No Twitter, a relação de Malthus e Hilda também encantou os usuários do X (ex-Twitter), que a comparam com outra produção queridinha da rede, a britânica "Fleabag". Talvez por isso se explique o hype da minissérie ter chegado nos internautas de outros países, que compartilham cortes nas redes em um misto de curiosidade e estranhamento. Os brasileiros fazem humor com a internacionalização de Hilda, chamando a série de "nosso soft power". 

O impacto de Hilda lá fora se deve muito ao jovem artista americano Yura (@yuranoia), um dos primeiros a compartilhar artes inspiradas na série. Publicado no dia 31, um desenho de Hilda com uma flor já teve mais de 2 mil compartilhamentos. Outro de Malthus passou dos 5 mil. Yura se diz "obcecado" pela "tolice" graciosa do personagem.

- Gosto de desenhar os personagens porque seus estilos são diversos e únicos - diz o artista de 21 anos. - Por exemplo, Hilda é muito espirituosa e colorida, o que se reflete em suas mudanças nas roupas e nas joias ao longo da minissérie. Em contrapartida, sendo Malthus um santo, seu olhar é bastante consistente, em meio à turbulência interna.

Estilo vintage

Especialista em Educação Estética/UNIRIO e professora do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, Rosanna Naccarato atribui o culto em torno do personagem de Hilda a um retorno maciço do uso de maquiagem e do estilo vintage.

- Na época não existiam tantos maquiadores e cabeleireiros nos estúdios fotográficos, sendo as próprias modelos que criavam sua make e arrumavam o cabelo - diz Naccarato. - Daí pode ser também a aproximação do efeito “Hilda Furacão” nas jovens que assistiram a série, porque hoje chovem tutorais do “faça você mesmo”, e estilos que reproduzem o que já foi usado na moda, como a volta da franja em evidência no corte em camadas.

Para ela, a "palidez impecável" de Ana Paula Arósio reproduz a imagem da mulher bibelô dos anos 50, às custas de bobes e laquê (chamados de fixadores ou finalizadores).

- As cenas com lingerie são um caso a parte, lindas, muito próxima das tendências atuais de “porta-seios” como as usadas pela atriz, modelo e artista burlesca norte-americana Dita Von Teese - complementa a estudiosa. - Os acessórios e detalhes de vestidos de noite com decote coração e rabo-de-peixe, penhoar e camisolas rendadas e longas fazem do guarda-roupas dos anos 50 uma composição muito atraente para as jovens que desejam experimentar peças diferentes além do minimalismo, também em moda.

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