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GERADO EM: 27/06/2024 - 07:40

Fraudes contábeis na Americanas: R$25,3 bi

Fraudes contábeis inflaram lucros da Americanas em R$ 25,3 bi, envolvendo contratos fictícios e ocultação de dívidas. Operação da Polícia Federal contra ex-diretores acusados pelas fraudes. Empresa assume claramente a fraude e revela detalhes do esquema. Recuperação judicial com dívidas de R$ 40 bi.

Fraudes inflaram o resultado da Americanas em R$ 25,3 bilhões. Isso foi feito principalmente utilizando contratos comerciais fictícios com fornecedores, conhecidos no jargão do varejo como Verba de Propaganda Cooperada (VPC), por meio dos quais a companhia reduzia seus custos artificialmente e ampliava os lucros.

Quase um ano depois, a Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra os ex-diretores acusados pelas fraudes contábeis.

Anatomia da fraude contábil na Americanas — Foto: Editoria de Arte
Anatomia da fraude contábil na Americanas — Foto: Editoria de Arte

No ano passado, a Americanas divulgou fato relevante para esclarecer os números que anunciara na véspera ao admitir, pela primeira vez, que a “inconsistência contábil" inicialmente calculada em R$ 20 bilhões era uma fraude, dando detalhes do esquema e acusando ex-diretores de envolvimento.

Com o comunicado ao mercado, foi apresentada uma série de detalhes e evidências que permitem reconstituir a engenharia complexa por trás de uma das maiores fraudes contábeis já descoberta em uma empresa listada na Bolsa e que levou uma das maiores varejistas do país à recuperação judicial com dívidas na casa dos R$ 40 bilhões.

PF mira ex-executivos das Americanas em ação contra fraude de R$ 25 bi

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Lucro inflado por contratos fictícios

No caso da Americanas, o lucro foi inflado sobretudo pelo uso de contratos fictícios de verba de propaganda cooperada (VPC). Esses incentivos comerciais são prática recorrente no varejo. A varejista encomenda um volume de produtos do fabricante por um valor.

E coloca condições, como exposição privilegiada dos produtos nas lojas, e metas de comercialização. Ao cumprir essas metas, tem um desconto no valor devido ao fornecedor.

Entraram nesta conta R$ 3,6 bilhões em juros sobre operações financeiras que não foram lançados corretamente, daí alcançar R$ 25,3 bilhões. Ainda não há informação sobre por quanto tempo as fraudes foram praticadas.

Empresa assume claramente que houve fraude

Os comunicados divulgados deixaram claro como a Americanas operava a fraude. Até então, era sabido que a companhia usava outro mecanismo, o risco sacado, também comum no varejo, para maquiar seus números. Trata-se de triangulação no financiamento de fornecedores, na qual a varejista antecipa aos parceiros crédito que eles têm a receber via bancos.

Imaginava-se que, para não acender o alerta dos analistas sobre o tamanho dessas operações, a empresa aplicava redutores artificiais nessa rubrica de risco sacado. Agora está explicado que isso era feito por meio dos VPCs.

No balanço patrimonial, as operações com risco sacado somaram R$ 18,4 bilhões, mas teriam de ter sido lançadas como dívida, descritas como empréstimo e/ou financiamento. Em vez disso, foram lançadas numa conta transitória de fornecedores.

Capital de giro contabilizado indevidamente

Além do risco sacado, foram indevidamente contabilizados no balanço R$ 2,2 bilhões em capital de giro. “A incorreta contabilização das operações de financiamento de compras e de capital de giro minorou sua dívida financeira bruta (da Americanas) em R$ 20,6 bilhões”, diz o comunicado.

No balanço patrimonial, o valor lançado em VPCs fictícios é de R$ 17,7 bilhões, mais R$ 3,6 bilhões de juros lançados incorretamente. Fica claro que a soma compensa a outra.

Escrutínio na cúpula

No topo da companhia, conta uma fonte próxima às negociações, terá início agora escrutínio em decisões e operações para entender como uma fraude que pega o fluxo inteiro de contratos comerciais foi praticada sistematicamente.

Americanas revela detalhes do esquema de fraude bilionária: ações chegam a subir 20%, mas perdem força

Para Eduardo Yamashita, diretor de operações na Gouvêa Ecosystem, a atual gestão começa a reposicionar a companhia:

— Fica claro que é uma fraude sistêmica, sistemática, com múltiplas pessoas envolvidas. Mas, no varejo, o impacto foi sentido desde o anúncio do problema. O crédito ficou mais restrito e mais caro, o setor já vem pagando a conta. Na recuperação judicial, eventuais compradores de ativos da Americanas vão ficar com o pé mais atrás, tentar se blindar de passivos não claros.

Colaborou Danielle Nogueira

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