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Por — Rio

Pode ser que você tenha visto nas redes sociais postagens sobre a casa de shows Sphere, em Las Vegas, mostrando vídeos imersivos baseados em inteligência artificial criados pelo artista turco-americano Refik Anadol, que ficou conhecido do grande público pela instalação “Unsupervisioned”, um enorme telão digital com um fluxo infinito de imagens, em exibição no Museu de Arte Moderna de Nova York até 29 de outubro.

Para o designer e autor americano Mike Pell, um dos principais líderes de inovação na Microsoft, obras como as de Refik são bons exemplos de uma nova abordagem de computação gráfica que ele chama de “4D”.

Não é por acaso que seu livro mais recente, “Visualizing businesses”, lançado nos Estados Unidos em agosto, tenha o prefácio assinado pelo próprio Refik, com quem compartilha a obsessão por tornar simples as coisas mais complexas da vida.

Ao longo de 200 páginas, Pell disserta sobre como IA, visualização de dados e computação espacial vão mudar a maneira de entender os negócios globais.

“Negócios são vivos, complexos, não faz sentido tomar decisões a partir de representações estáticas. No entanto, insistimos em usar gráficos primitivos para mostrá-los”, diz na abertura do livro.

Ele explica que o 4D adiciona dimensão temporal ao 3D: o aumento da capacidade computacional e a IA farão com que representações gráficas de processos, fluxos e resultados possam ser observados em níveis profundos de detalhes e variáveis, indo e vindo do futuro ao passado em simples comandos, não apenas organizando dados históricos, mas adicionando previsões com assertividade.

“Isso vai mudar a compreensão que hoje temos dos negócios”.

Pell ficou famoso por liderar a criação do formato PDF na década de 1990. Há dez anos comanda a Microsoft Garage, o programa mundial de inovação da companhia.

Em entrevista que começou presencialmente em São Paulo, no mês passado, durante evento do banco UBS, e terminou por e-mail, na semana passada, Pell falou ao Globo sobre criatividade e o dia em que conheceu Steve Jobs.

O que é a Microsoft Garage e qual é o seu papel?

É um programa de inovação da Microsoft, com presença em diversas cidades, no qual funcionários, clientes e ONGs trazem suas ideias e nós ajudamos a orientá-las. Sou um artista, em primeiro lugar, mas trabalhei como tecnólogo, empreendedor, atuei em negócios, marketing, vendas e minha formação me permite entender a natureza da inovação e da prototipagem.

Na Microsoft, tive a oportunidade de trabalhar em equipes de engenharia e orientar as pessoas em hackathons ou pequenos grupos de criação e empreendedorismo.

Como a IA vai moldar o futuro dos negócios?

A inteligência artificial chegou ao ponto em que não apenas ajuda a entender o que está acontecendo agora, mas também a retroceder na História, rever insights e prever o futuro por meio de simulações. Não se trata apenas de IA generativa e sua capacidade de gerar conteúdo, mas também de machine learning, deep learning e outros aspectos da IA que nos ajudarão a compreender melhor os negócios e o mundo ao redor.

IA deve ser regulamentada?

No recente documento que a Microsoft apresentou ao governo dos EUA sobre a necessidade de regulamentação, propomos que os seres humanos permaneçam no controle. Adicionamos proteções, garantimos não apenas que os sistemas sejam seguros, mas que atuem de maneira responsável para que as pessoas entendam como funcionam e tenham a capacidade de interrompê-los, se necessário.

Como combina arte e tecnologia em seu trabalho?

Criatividade é tentativa. É ser audacioso e aberto a experimentar coisas novas, sem medo de tentar e errar. Em alguns casos, acertamos, em outros apenas abrimos novas formas de pensar. Arte e tecnologia são inseparáveis há séculos. Artistas sempre buscaram ferramentas para se expressar.

A tecnologia se fundiu ao processo criativo, está na produção musical, nas artes plásticas, na escrita, nos filmes. Ela nos dá capacidade de testar coisas que nunca sonhamos, o céu é o limite.

Você fala sobre um tal “momento de clareza”...

O momento de clareza é aquele milissegundo em que tudo se encaixa e é compreendido. Todos perseguimos construir esse momento, especialmente designers. Extrair insights a partir da análise de gráficos e planilhas é uma das partes mais difíceis do trabalho.

A IA vai nos ajudar a representar a realidade de modo mais conciso, objetivo, e os momentos de clareza estarão ao alcance de muito mais gente.

Como foi seu encontro com Steve Jobs?

Em meados dos anos 1980, no Vale do Silício, Steve Jobs e a Apple colocavam o Macintosh no mercado, um momento excitante para quem desenvolvia software e hardware. Eu trabalhava na Adobe, e Steve Jobs gostava do meu chefe, John Warnock, tinham um relacionamento de pai e filho. Steve sempre vinha ver o que John estava fazendo.

Tive a chance de ver Steve em um ambiente descontraído e amigável. Foi divertido estar na presença dele, vê-lo interessado no que fazíamos. Se faço o que faço hoje, é por causa dele, sempre foi uma inspiração por sua visão e capacidade de realização.

Como foi a invenção do PDF?

Warnock, o chefe da Adobe Systems, queria criar um formato de arquivo que funcionasse e pudesse ser trocado entre Macs e PCs, o que, em 1990, era praticamente impossível. Ele montou uma equipe, da qual fiz parte, para prototipar essa ideia maluca.

Levou algumas semanas, o protótipo foi feito com uma gambiarra: o primeiro documento PDF era composto por três tipos diferentes de arquivos do Illustrator. Hackeamos um interpretador PostScript para ler o novo formato e exibi-lo na tela e, assim, criamos uma prova de conceito para o que mais tarde se tornou conhecido como Adobe Acrobat e o formato de arquivo PDF, um invento que revolucionou o mundo dos negócios.

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