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O anúncio do Google de que levará a inteligência artificial (IA) generativa para as buscas preocupou o setor de mídia no Brasil. O presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, disse nesta quarta-feira que “as mais graves preocupações da indústria jornalística estão se materializando" e que vê a nova ferramenta da companhia como uma "ameaça à sustentabilidade do jornalismo."

O novo recurso foi chamado de “AI Overview” (“Resumos de IA”, em português) e vai apresentar respostas geradas por inteligência artificial quando os usuários fizerem uma pesquisa no seu buscador. O anúncio foi feito ontem, durante o Google I/O, evento mais importante no calendário da big tech americana.

— O Google vai apresentar resumos para as respostas dos usuários. Ainda que pretenda oferecer secundariamente links para quem deseja saber mais, é uma clara desvalorização das fontes originais que produzem aquele conteúdo — disse Rech.

Ele continuou:

— Não só há aí mais uma potencial apropriação de direitos de autor alheios: é mais uma, e talvez a mais séria, ameaça à sustentabilidade do jornalismo. Trata-se ainda de uma frontal contradição aos argumentos do próprio Google, de que provê tráfego e receitas para os veículos, a fim de não estabelecer a devida remuneração dos conteúdos jornalísticos usados em sua busca.

Novidade ainda não chegou ao Brasil

O novo sistema foi liberado para os usuários nos Estados Unidos a partir desta terça-feira. O objetivo é lançá-lo para mais países “em breve”, mas não existe uma data definida para a chegada ao Brasil. Até o fim do ano, a empresa espera que mais de 1 bilhão de pessoas que usam o buscador recebam as respostas geradas pela IA no topo das pesquisas, acima dos links.

O fato de que as respostas formuladas pelo próprio Google ocuparão o espaço privilegiado da página de busca — empurrando para baixo os links — tem levantado preocupações entre aqueles que, de fato, produzem o conteúdo que alimenta a ferramenta.

Desde que o Google começou a testar a IA, com o SGE, os produtores de conteúdo preveem que a mudança provocará uma redução no tráfego para outros sites. A lógica é que, ao receber o conteúdo feito pela IA, o usuário não acessaria os sites indicados na busca.

Exemplo de respostas que virão no Google com o "AI Overview" — Foto: Divulgação/Google
Exemplo de respostas que virão no Google com o "AI Overview" — Foto: Divulgação/Google

Previsão de queda de 25% nos acessos

Publicações como o The Atlantic e Wall Street Journal destacaram que os editores de notícia poderiam perder entre 20% e 40% do tráfego gerado pelo Google. Para o The Washington Post, o SGE representa uma potencial ameaça à “sobrevivência de milhões de criadores e editores que dependem do serviço para obter tráfego”.

Uma análise da Gartner, publicada no início do ano, prevê que o volume de tráfego nos mecanismos de busca tradicionais deve cair 25% até 2026 com a difusão de sistemas de IA generativa.

Também existem preocupações ligadas à precisão dos resumos feitos pela IA. A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, diz que a substituição da busca por sistemas de IA poderia “retirar da esfera pública o direito à informação de qualidade”.

O que diz o Google

Em um post em seu blog oficial, o Google argumenta que os resumos gerados com IA dará aos usuários acesso a "uma maior diversidade de sites para obter ajuda com perguntas mais complexas".

Segundo a empresa, os links incluídos nos resumos têm mais cliques do que quando apresentados no espaço convencional de consulta, segundo experimentos internos.

"À medida que expandimos essa experiência, continuaremos a nos concentrar em enviar tráfego valioso para editores e criadores. Como sempre, os anúncios continuarão a aparecer em espaços dedicados ao longo da página, com rótulos claros para distinguir entre resultados orgânicos e patrocinados", diz o texto, assinado pela líder do Google Search, Liz Reid.

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