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O biólogo Kelven Pantoja, de 31 anos, jamais se esqueceu do horror que sentiu ao acordar com um homem sobre ele, beijando a sua boca, após ter adormecido dentro de um ônibus. Já o professor Guilherme Mantovani, de 23, revolta-se até hoje ao lembrar de um assediador que tocou seu pênis no banheiro de uma boate e, ao prestar queixa na polícia, ouviu que dificilmente algo seria feito.

Os dois rapazes não se conhecem, mas fazem parte de um grupo que começa a lançar luz sobre um assunto ainda pouco discutido entre a população LGBTQIA+: o assédio e o abuso entre homens gays. Ambos usaram o X (antigo Twitter) para protestar contra os raros debates sobre o tema, que apareceu recentemente na série “Bebê Rena”, sucesso da Netflix.

“Eu me senti invadido. Comecei a chorar no meio da festa”, recorda-se Guilherme, sobre o episódio na boate. Mas, essa não foi a única vez em que passou por uma situação do tipo. Já foi assediado por um personal trainer que esfregou o pênis ereto nele, e quase foi beijado à força em um evento. O mesmo se deu com Kelven. Ele já foi agarrado por um funcionário da empresa onde trabalhava e tocado, na perna, por outro homem, novamente num ônibus.

Diferentemente de Guilherme, o rapaz não cogitou denunciar os assediadores por saber o quanto seria complicado encontrar alguém que compreendesse a gravidade dos casos. “Parece-me uma coisa histórica. As pessoas têm essa ideia de que gays são depravados e, portanto, acham que têm a liberdade de agir assim. Nem comentamos com os amigos, talvez, por vergonha também.”

Como não custa lembrar, assédio e flerte são radicalmente distintos. Pesquisadora de gênero e masculinidades, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Claudia Eccel esclarece que a paquera tem uma dinâmica de respeito mútuo. “É quando alguém expressa um interesse romântico ou sexual na esperança de reciprocidade”, diz. “Já o assédio se caracteriza pela falta de consentimento e pela imposição de comportamentos sexuais não desejados. Envolve uma disparidade de poder entre o assediador e a vítima.”

Trata-se de um debate que avançou casas consideráveis nos últimos anos nas relações heterossexuais, com campanhas internacionalmente conhecidas, como “Chega de fiu-fiu” e “Meu corpo, minhas regras”. Quando isso é levado para o âmbito dos homens gays, porém, esbarra em diferentes camadas do machismo estrutural, segundo o psicanalista e pesquisador na plataforma @floatvibes Lucas Liedke. “Até mesmo admitir um assédio pode gerar um desconforto em muitos homens. Afinal, existe um pressuposto de que ele é o sujeito que precisa estar sempre pronto para o sexo. Não pode ‘negar fogo’.”

É por isso que Danilo Dabague, famoso pela sua drag Lorelay Fox e que já produziu um vídeo sobre o tema para o seu canal no YouTube, defende uma reflexão aprofundada e frequente sobre o assunto. Afinal, por ser negligenciado, alguns comportamentos acabam naturalizados. Ele próprio reconhece já ter tomado atitudes que, só depois, pensou que poderiam causar algum desconforto em alguém. “Tipo quando amigos gays me apresentavam outros amigos gays, e eu dava um abraço e apertava a bunda deles, como brincadeira. Agora, chegou a hora de pensarmos: ‘Em que momento normalizamos o corpo gay como algo público dentro do nosso meio?”, provoca.

Enquanto os debates ganham popularidade, ouvir o recado das mulheres e do movimento feminista pode ser esclarecedor. Um não é sempre um não, enfatiza Lucas Liedke: “Que ego é esse, tão frágil, que não consegue lidar com uma negativa? É o ego de um homem que está preso no mito da virilidade, de que vai sempre conseguir tudo”. Porém, como frisa o próprio psicanalista: “Não vai!”.

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