Futebol
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Por Rafael Oliveira — Rio de Janeiro

Bruno Uvini mostrou-se animado quando soube que a proposta do “Brasileirão no divã” era abordar o lado mais pessoal dos atletas. Menos campo e bola. Mais dores, como acompanhar o tratamento da mãe contra um câncer; e planos, como tornar-se consultor de investimento financeiro. Vocação que parecia já escrita quando o zagueiro do Grêmio decidiu comprar uma carteira com o primeiro salário. Ao GLOBO, ele se abre um pouco mais e explica o que se passa em sua cabeça.

Qual sua escolaridade?

Quando estava na base do São Paulo, comecei a fazer faculdade de Educação Física. Mas só fiz seis meses. Parei quando tive que ir para o profissional e não dava para conciliar. Gostei muito de viver aquele ambiente. Ninguém te obriga a nada. Mas se você não fizer sua parte fica para trás. Mas gostei mais do processo em si do que do curso, daquela parte biológica, estudar células... Se fosse cursar algo no pós-carreira não seria isso.

O que seria?

Hoje eu iria mais para Economia. Percebo que, no Brasil, muito jogadores não têm uma informação clara sobre isso. Vejo atleta que perde dinheiro caindo em golpe por falta de educação financeira. É um assunto que não tem na escola. E eu gosto. Tenho muitos amigos assessores de investimento. Inclusive ex-jogadores. É um nicho importantíssimo.

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Qual o primeiro desejo realizado com seu dinheiro?

Aos 15 anos, jogava no Pão de Açúcar-SP. Meu primeiro salário foi R$ 100. Comprei uma carteira que custava R$ 95! Minha mãe ficou louca (risos): “Você é muito burro! Vai guardar o quê na carteira?”. Queria muito para guardar meu dinheiro. Não que fosse muito. Mas nunca tive onde guardar. O erro é que não precisava ser tão cara (risos).

O Bruno Uvini especialista em finanças não aprovaria esta compra...

Mas o melhor investidor é aquele já perdeu dinheiro, que fala “Que cagada que eu fiz” (risos). Porque saber o caminho que dá errado é muito bom.

Qual o seu maior sonho?

Tenho um sonho fora do futebol que é conhecer todos os países. Por causa da carreira conheci alguns. Passei cinco anos na Arábia Saudita e no Catar. Tive também a oportunidade de viver no Japão. Então conheço lugares bem diferentes da Ásia. Também pelo futebol conheci alguns países na Europa: Holanda, Itália, Inglaterra. Mas quero ir além. Não para jogar, mas ver outras culturas. Enquanto estiver no futebol vai ser complicado. Mas depois...

Qual vai ser o primeiro país?

Sempre tive curiosidade em relação à Índia. Falo isso para a minha esposa, e ela diz que não quer me acompanhar nesta não (risos). Vou com algum amigo, de mochilão mesmo.

E o seu maior medo?

Passei por situações difíceis de 2020 para cá. Estava na Arábia Saudita quando veio a pandemia. Fiquei sozinho, sem a possibilidade de voltar e ver minha esposa e os filhos e sem perspectiva de quando as coisas voltariam ao normal. Aí depois, quando fui para o Japão, em 2021, eles não liberavam a entrada dos familiares no país. Só dos jogadores. Achei que, após me estabelecer, levaria a família. Mas só consegui seis meses depois. Tudo isso gerou uma coisa de eu não querer ficar longe das pessoas que são minha vida. Não fui feito para estar sozinho.

Do que mais sente saudade?

Da minha cidade natal (Capivari-SP) e de tudo o que isso envolve. Tinha uma vida tranquila, com um ritmo marcante. Tenho saudade da infância que o futebol interrompeu. Claro que é um preço e, pelo sonho do futebol, faria tudo de novo. Tivemos dois dias de folga (na Data Fifa de junho), e fui para lá. Depois do jogo com o Athletico eu até expus a situação difícil de saúde da minha mãe (Jacy, que faz tratamento contra um câncer). Então todo momento em que é possível a gente fica junto.

Este é o momento mais doloroso da sua vida?

É sim. Problemas profissionais, por mais que sejam muito ou pouco difíceis de lidar, não nos atingem igual a quando é pessoal. Estamos passando por isso desde o ano passado. A vida mudou de ponta cabeça. E no meio disso tem que encontrar força e foco para continuar no futebol, que nos exige tanto. Você acaba evoluindo muito como pessoa e no lado familiar, porque aproxima as pessoas que estavam distantes. E acaba se descobrindo profissionalmente muito mais forte e maduro para continuar fazendo seu trabalho.

Por quem você joga?

Claro que neste momento penso na minha mãe. Fiz um gol (contra o Athletico) e sabia que ela estaria assistindo. Sabia que ela ficaria feliz e isso me deixou feliz também. Mas poderia ser meu pai (Tuca). Ele foi meu professor de futebol e da vida. Meu pai jogou profissionalmente a carreira toda na Ponte Preta. E depois formou uma escolinha. É meu professor até hoje, corneteiro (risos). O grande professor da minha vida. E minha mãe é quem me deu força nos momentos difíceis. O jogador estar onde está envolve muita gente. Para mim, realmente foi uma equipe. Teve meus pais, depois chegou minha esposa, que me fez amadurecer. E, mais tarde, vieram meus filhos.

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