RIO — Um passageiro sem qualquer conhecimento ou experiência em aviação pousou um avião particular no Aeroporto Internacional de Palm Beach, na Flórida, nos Estados Unidos, após o piloto passar mal, nesta terça-feira. O caso chamou a atenção pela coragem de Darren Harrison, de 39 anos, que é design de interiores na empresa de seu pai, Dennis, na cidade de Lakeland, na Flórida.
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Piloto passa mal, e passageiro sem experiência em aviação faz pouso nos EUA
Esta, no entanto, não foi a primeira vez na história que um passageiro assumiu um avião por conta de problemas com pilotos. Relembre casos emblemáticos:
'Trabalho notável'
Em outubro de 2013, o passageiro de um voo com destino a Humberside, na Inglaterra, assumiu o controle da aeronave depois que o piloto desmaiou. Antes, no entanto, o comandante havia comunicado a situação de emergência pelo rádio. Em seguida, o passageiro pilotou o avião e foi orientado por dois instrutores de voo em terra sobre como realizar o pouso.
Roy Murray, um dos controladores, disse, na ocasião, que o passageiro não tinha experiência e realizou um "trabalho notável", segundo a BBC. Polícia, bombeiros e equipes de ambulância já haviam sido chamados ao aeroporto para preparar um resgate em caso de incidentes.
— Ele não conhecia o layout do avião, não tinha luzes acesas, então estava voando às cegas também. Acho que ele já havia voado uma vez como passageiro, mas nunca havia pilotado um avião antes — contou Murray, dizendo que a prioridade era tentar manter o homem calmo.
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Murray conta que, após o pouso bem sucedido, houve aplausos na sala de controle do aeroporto quando o avião pousou com segurança, já na quarta tentativa.
— É uma sensação fantástica saber que provavelmente salvei a vida de alguém — destacou Murray.
O passageiro e o piloto eram as únicas pessoas a bordo. O avião decolou do aeródromo de Sandtoft, a 40 km de distância do local do pouso.
Aventura aos 80 anos
Uma americana passou 90 minutos de um voo aprendendo a manusear um avião Cessna depois que seu marido desmaiou enquanto estava no comando. Por fim, Helen Collins conseguiu pousar com sucesso o avião, que já estava ficando sem combustível.
Apesar do pouso “milagroso”, o marido de Helen, John Collins, de 81 anos, não sobreviveu. Um filho do casal, Richard Collins, comentou a sensação de tristeza pela morte do pai e alegria pelo fato de a mãe ter sobrevivido.
— Eu não posso nem dizer a ela como operar um computador, muito menos pousar um avião. Foi muito difícil. Achei que ia perder os dois — disse Richard à ABCNews.
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John e Helen Collins estavam voando da Flórida para Wisconsin. O marido havia dito que não estava se sentindo bem dias antes da viagem.
— Ele não estava certo. Você poderia dizer que algo estava errado. Ele disse que estava com dor no pescoço. Ele me ligou e perguntou onde eu estava. Eu disse que estava no aeroporto esperando por ele, e ele disse que estaria lá em 20 minutos — contou Richard.
Helen Collins ligou para uma torre de controle aéreo para dizer que “seu marido, o piloto da aeronave, estava tendo algum tipo de emergência médica e não respondeu na aeronave”, de acordo com um relatório do Gabinete do Xerife do Condado de Door.
Em uma ligação para o 911 (número de emergência nos Estados Unidos), um funcionário da FAA de Sturgeon Bay disse ao operador sobre “um pouco de uma situação no aeroporto”.
— Há uma senhora em seu avião. Seu marido era o piloto e ela acha que ele está tendo um ataque cardíaco agora no ar. Ela acha que ele não é realmente capaz de pilotar o avião agora — relatou.
Quando o operador perguntou que tipo de reforços enviar, o oficial respondeu:
— Acho que seria uma boa ideia enviar alguém pelo menos para o problema cardíaco, e espero que ela não destrua o avião.
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Depois de circular por uma hora e meia, ela conseguiu pousar o avião. Keith Kasbohm, diretor do Aeroporto Cherryland perto de Sturgeon Bay, disse à Associated Press que ela estava em sua última tentativa de se alinhar com a pista e relatou que um motor estava engasgando na última tentativa de pousar.
Tanto Helen quanto John Collins foram levados para o hospital onde John Collins foi declarado morto. Seu filho acredita que ele teve um ataque cardíaco. A mãe teve uma vértebra esmagada.
"Quando eu pousar... se eu pousar”
O americano Doug White foi outro que passou por situação similar. Ele teve de pousar um turboélice bimotor Super King depois que o piloto ficou inconsciente.
— Desça e mantenha 5.000. Não se apresse, vamos preparar você para o aeroporto — disse o controlador de tráfego aéreo a White.
Aparentando estar calmo, ele responde:
— Preciso ajustar o acelerador para esta descida. [Mas] Não sei onde ajustá-lo.
A Associação Nacional de Controladores de Tráfego Aéreo chamou de “um milagre da Páscoa”. O incidente se iniciou por volta das 13h30, com o avião, com quatro passageiros a bordo, estava indo para Jackson, no Mississippi, partindo de Marco Island, na Flórida.
— Eu disse às minhas meninas para orarem muito — disse White à “WINK”.
White disse ao Naples Daily News que tem uma licença de piloto e cerca de 130 horas de experiência, mas nunca havia voado no King Air, maior e mais rápido. A diferença, segundo os especialistas, não é tão simples quanto dirigir um modelo diferente de carro. Um multimotor turboélice “provavelmente pousa a uma velocidade mais rápida do que jamais pilotou um avião monomotor antes”.
Antes de pousar, White disse aos controladores de tráfego aéreo que parecia que o piloto havia morrido e informou que o modo automático do avião estava ligado, com o avião continuando a subir de 10 mil pés.
Dois controladores de tráfego aéreo ajudaram a desengatar o piloto automático, enquanto outros controladores intervinham para aliviar sua carga de trabalho.
— Continue assim quando puder... a curva parece boa, muito bom senhor — disse um controlador.
White, no entanto, pareceu receoso durante alguns momentos.
— Quando eu pousar... Se eu pousar, eu simplesmente mato o acelerador ou o quê? — perguntou, pouco antes de terminar o pouso bem sucedido.