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Por The New York Times — Nova York

RESUMO

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GERADO EM: 27/06/2024 - 04:00

Descoberta: Borboletas atravessam o Atlântico

Cientistas encontraram evidências de borboletas cruzando o oceano Atlântico da Europa/Africa para a América do Sul, utilizando técnica inovadora de sequenciamento genético de pólen e DNA das borboletas. A descoberta marca a primeira jornada transoceânica registrada por um inseto.

Cedo na manhã de um dia no final de outubro de 2013, Gerard Talavera, um entomologista, viu algo altamente incomum — um bando de borboletas damas-pintadas encalhadas em uma praia na Guiana Francesa. A dama-pintada, ou a espécie Vanessa cardui, é uma das borboletas mais difundidas no mundo, mas não é encontrada na América do Sul.

No entanto, lá estavam elas, deitadas na areia das margens orientais do continente, suas asas rasgadas e cheias de buracos. A julgar pela condição delas, Talavera, ainda sonolento, que trabalha no Instituto Botânico de Barcelona, na Espanha, supôs que estavam se recuperando de um longo voo.

O inseto é um campeão de viagens de longa distância, cruzando rotineiramente o Saara em uma jornada da Europa para a África subsaariana, cobrindo até 14.484 km. Será que também poderiam ter feito a jornada de 4.184 km através do Oceano Atlântico sem nenhum lugar para parar e reabastecer? Talavera queria descobrir.

Seguir os movimentos de longa distância dos insetos é um desafio. Ferramentas como dispositivos de rastreamento por rádio são grandes demais para os corpos pequenos e delicados dos insetos, e o radar permite o monitoramento apenas de locais específicos. Os cientistas tiveram que confiar em suposições fundamentadas e observações de cientistas cidadãos para montar padrões de viagem

Cientistas encontram a primeira evidência de que borboletas cruzaram um oceano; entenda — Foto: Jürgen por Pixabay
Cientistas encontram a primeira evidência de que borboletas cruzaram um oceano; entenda — Foto: Jürgen por Pixabay

“Nós vemos borboletas que aparecem e desaparecem, mas não estamos provando os vínculos diretamente, estamos apenas fazendo suposições”, disse Talavera.

Em 2018, ele desenvolveu uma maneira de usar uma ferramenta comum de sequenciamento genético para analisar o DNA do pólen. Grãos de pólen grudam em insetos polinizadores como borboletas quando eles se alimentam de néctar das flores. Talavera usou um método chamado DNA metabarcoding para sequenciar o DNA dos pólens e determinar de quais plantas eles vieram. Posteriormente, o DNA poderia ser rastreado até a flora geográfica para traçar o caminho do inseto.

Em um artigo publicado na terça-feira na revista Nature Communications, Talavera e sua equipe descrevem uma pista crucial para desvendar o mistério das borboletas encalhadas: O pólen grudado nas borboletas na Guiana Francesa correspondia a arbustos floridos em países da África Ocidental. Esses arbustos florescem de agosto a novembro, o que corresponde ao cronograma da chegada das borboletas. Isso sugeriu que as borboletas haviam cruzado o Atlântico. A ideia era tentadora. Mas o Dr. Talavera e sua equipe foram cuidadosos para não tirarem conclusões precipitadas.

As borboletas têm seu tempo para sair do casulo — Foto: Freepik
As borboletas têm seu tempo para sair do casulo — Foto: Freepik

Além de estudar o pólen, os pesquisadores sequenciaram os genomas das borboletas para rastrear sua linhagem e descobriram que elas tinham raízes europeias-africanas. Isso descartou a possibilidade de que elas tivessem voado por terra da América do Norte. Em seguida, eles usaram uma ferramenta de rastreamento de insetos chamada rastreamento de isótopos para confirmar que as origens natais das borboletas eram na Europa Ocidental, Norte da África e África Ocidental. Adicionando dados meteorológicos que mostravam ventos favoráveis soprando da África para a América, eles estavam construindo uma descoberta monumental.

“Este é um trabalho brilhante de detetive biológico,” disse David Lohman, um ecologista evolucionário do City College de Nova York, que não esteve envolvido no trabalho. A investigação forense de Talavera apoiou a conclusão de que as borboletas damas-pintadas fizeram a primeira jornada transoceânica já registrada por um inseto.

Borboleta Ribeirinha ameaçada de extinção é encontrada em Brumadinho Divulgação — Foto: Divulgação
Borboleta Ribeirinha ameaçada de extinção é encontrada em Brumadinho Divulgação — Foto: Divulgação

É provável que elas estivessem em sua rota típica através da África quando foram desviadas por um vento forte. Uma vez sobre o oceano, as borboletas continuaram voando até chegarem à costa.

Migrações de insetos são o maior movimento de biomassa ao redor do mundo. Somente sobre o sul da Inglaterra, impressionantes 3,5 trilhões de insetos migram anualmente. Sua capacidade de transportar pólen, fungos e até doenças de plantas por vastas distâncias destaca o impacto global dessas pequenas criaturas. Com a migração oceânica das damas-pintadas, especialistas dizem, os cientistas podem ter uma maneira melhor de rastrear essas jornadas.

A descoberta mostrou que as delicadas criaturas poderiam suportar uma jornada difícil e perigosa, que provavelmente durou entre cinco e oito dias. Também demonstra quanto os cientistas ainda têm a aprender. Jessica Ware, uma bióloga evolucionária do Museu Americano de História Natural que não esteve envolvida no estudo, chamou os métodos do estudo de “inovadores”, acrescentando que eles “ajudarão a entender as migrações”.

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