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Por O Globo com agências internacionais — Miami

Peter Navarro, ex-conselheiro comercial da Casa Branca e aliado próximo do ex-presidente republicano Donald Trump, começou a cumprir pena em uma prisão federal nesta terça-feira em Miami, Flórida, após ter se entregado à polícia mais cedo. Navarro foi condenado à quatro meses em regime fechado depois de ter se recusado a testemunhar perante o painel do Congresso que investigou o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021. A rendição corresponde à primeira vez na história dos EUA que um ex-assessor da Casa Branca será preso por uma condenação por desacato ao Congresso.

Navarro, de 74 anos, foi considerado culpado em setembro do ano passado em duas acusações de contravenção por desrespeito ao Congresso. Na época, um comitê da Câmara solicitou depoimentos e documentos de Navarro sobre seu plano de protelar a certificação da eleição de 2020, vencida pelo democrata Joe Biden, atrasando a contagem dos votos do Colégio Eleitoral. Ele se recusou a obedecer, dizendo que Trump lhe havia dito que ele estaria protegido por "privilégios executivos", mas os juízes não se influenciaram.

— As palavras "privilégio executivo" não são encantamentos mágicos — disse o juíz Amit P. Mehta, que supervisiona o caso, durante sua condenação em janeiro. — Simplesmente não é, não é um cartão para sair da prisão.

Navarro foi condenado a quatro meses de prisão por desacato, e o mandado de prisão foi emitido na segunda-feira, após o presidente da Suprema Corte, John Roberts, ter rejeitado um último recurso do réu.

Com sua prisão, o ex-conselheiro tornou-se o primeiro dos principais assessores de Trump a passar um tempo atrás das grades por ações decorrentes do recente caso eleitoral. Ele é, no entanto, o segundo aliado próximo do ex-presidente a ser condenado por desafiar as intimações do comitê da Câmara. O primeiro foi Steve Bannon, ex-conselheiro da Casa Branca e um dos símbolos do populismo de direita no país.

A prisão em Miami

Antes de comparecer à Instituição Correcional Federal (FCI, na sigla em inglês) em Miami, uma prisão de baixa segurança, o ex-conselheiro organizou uma entrevista coletiva às pressas no estacionamento de uma praça comercial. Segundo a BBC, ele voltou a repetir sua defesa, fez propaganda de seu próximo livro e acusou os juízes federais de partidarismo político.

Navarro também reforçou suas críticas ao Departamento de Justiça e ao governo Biden, além de culpar o juiz federal pelo seu caso e uma longa lista de políticos que ele alega terem sido motivados pela hostilidade contra Trump.

O ex-assessor aproveitou o espaço para apoiar o republicano, que concorre mais uma vez à Casa Branca, e acrescentou que a "tragédia" de sua situação era que ele provavelmente cumpriria sua sentença enquanto continuaria recorrendo sua condenação.

— Só tenho medo de uma coisa — disse ele aos repórteres. — Temo pelo meu país, porque isso - o que eles estão fazendo - terá um efeito assustador em todos os americanos, independentemente de seu partido.

Sam Mangel, um consultor penitenciário federal que ajudou Navarro a se preparar para sua rendição, disse que estava trabalhando para colocar o ex-assessor em uma unidade projetada para presidiários com mais de 60 anos em uma prisão de segurança mínima.

Os presos compartilham beliches em um dormitório aberto de 80 camas com privacidade mínima, explicou Mangel, acrescentando que, dada sua idade, Navarro espera cumprir suas exigências de trabalho na prisão por meio de um emprego como funcionário de uma biblioteca jurídica ou outro trabalho de baixa intensidade.

Quem é Peter Navarro?

Peter Navarro, economista formado em Harvard e crítico ferrenho da China serviu como consultor comercial de Trump antes de voltar o seu foco para a resposta à pandemia. Após as eleições de 2020, no entanto, ele explorou cada vez mais formas de subverter o resultado da corrida e manter o republicano no poder.

Steve Bannon, um dos mentores da campanha presidencial de 2016 e da vitória de Trump, foi condenado pelas mesmas acusações que Navarro e sentenciado a quatro meses de prisão, mas foi solto enquanto recorria da decisão.

Juntos, Navarro e Bannon elaboraram o plano conhecido como Green Bay Sweep. De acordo com a estratégia, tentariam atrasar a certificação das eleições, persuadindo os legisladores republicanos a contestar repetidamente os resultados em vários estados indecisos e a pressionar o antigo vice-presidente Mike Pence para desacreditar o resultado.

Navarro também lançou dúvidas sobre os resultados da corrida eleitoral, compilando casos de supostas irregularidades e emitindo um relatório de três partes alegando fraude eleitoral como parte do que descreveu como um “engano imaculado”.

Esses esforços acabaram atraindo a atenção da comissão da Câmara, que pediu documentos e depoimentos do ex-assessor. Ele rejeitou repetidamente esses pedidos. Depois de votar para considerar Navarro por desacato, a comissão encaminhou o assunto ao Departamento de Justiça, que obteve uma acusação do grande júri.

Por sua vez, estava previsto que Trump fosse julgado em Washington em 4 de março por conspirar para anular os resultados da eleição de 2020. O caso, porém, foi suspenso enquanto aguarda-se a análise da Suprema Corte sobre a alegação de Trump de que ele tinha imunidade como ex-presidente. O caso será tratado em 25 de abril.

A Câmara dos Deputados abriu um processo de impeachment contra Trump por causa de tumultos de seus partidários no Capitólio, mas ele foi absolvido pelo Senado. (Com AFP e NYT)

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