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Por , Agências internacionais — Bruxelas

As eleições para renovar o Parlamento da União Europeia, o braço Legislativo da União Europeia (UE) e único órgão eleito no bloco, terminam neste domingo e devem marcar o início de uma guinada conservadora. Milhões de eleitores na maioria dos 27 países do bloco votam para eleger os 720 deputados do órgão — e a expectativa é que os resultados indiquem o fortalecimento da extrema direita.

A maratona de votação deste domingo encerra um ciclo eleitoral de quatro dias que começou na última quinta-feira. A rodada de eleições testará a confiança dos eleitores em um bloco de cerca de 450 milhões de pessoas. Nos últimos cinco anos, a UE foi abalada pela pandemia, recessão econômica e pela crise energética alimentada pelo maior conflito terrestre na Europa desde a Segunda Guerra. As campanhas políticas, porém, muitas vezes deixam de lado as questões mais amplas e se concentram em interesses dos países individuais.

A eleição dos parlamentares é o primeiro passo da renovação dos dirigentes da UE: os presidentes da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, e do Conselho, que representa os países do bloco. Pesquisas apontam que a centro-direita deve se consolidar como a maior força no Parlamento, embora também conte com a presença cada vez mais forte da extrema direita, que promete conquistar o terreno outrora ocupado pela centro-esquerda e pelos ambientalistas.

Segundo as pesquisas, o Partido Popular Europeu (EPP, de centro-direita), deve manter o posto de principal agrupamento no Parlamento, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D, de centro-esquerda), e pelo Renovar a Europa (Centro), que deve perder espaço para a direita tradicional dos Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), e para o Identidade e Democracia (ID), de extrema direita. Esses grupos atuam como coalizões supranacionais, aglutinando os parlamentares eleitos em seus países por seus próprios partidos nacionais.

As sondagens confirmam a perda de força dos Verdes (centro-esquerda) e do bloco da Esquerda, mais um sinal de como o discurso conservador e antiprogressista ganhou espaço no bloco.

— Nós temos um objetivo claro: queremos fazer em Bruxelas o que fizemos em Roma há um ano e meio, construir um governo de centro-direita na Europa, e finalmente mandar os esquerdistas, vermelhos, amarelos e verdes, que causaram tantos danos ao nosso continente ao longo dos anos, para a oposição — disse, em discurso de encerramento de campanha, a premier italiana, Giorgia Meloni, um dos ícones modernos da extrema direita europeia e da antipolítica. Apesar de tecnicamente não poder assumir um assento no Parlamento, ela se lançou candidata para tentar conseguir mais votos ao seu partido, o Irmãos da Itália, em primeiro nas pesquisas.

Outra estrela ascendente é Jordan Bardella, do Reagrupamento Nacional . Com seu partido caminhando para uma votação expressiva, o político de 28 anos é apontado como responsável por ajudar a amenizar a imagem de uma sigla outrora associada apologias a nazistas e colaboracionistas na Segunda Guerra Mundial. Com vídeos no TikTok, discursos empolgantes e uma legião de fãs, Bardella é considerado como um risco aos políticos mais tradicionais não apenas na França, mas em todo o continente.

Lehmann aponta, no entanto que, embora numerosa, a extrema direita é desunida, e tem mais divergências do que pontos em comum. Isso impede a formação de uma coalizão numerosa, coesa e com poder de interferir na elaboração de políticas e no trabalho de comissões e instituições.

— Houve recentemente uma ruptura nesse bloco, Marine Le Pen (Reagrupamento Nacional) disse que não iria mais trabalhar com o Alternativa para a Alemanha (AfD, que deve conquistar cerca de 15 assentos). Isso é ruim para esse grupo político, e será ainda pior para a AfD, porque significa que ela estará em um campo menor e ainda mais extremo, fechando a porta a vários direitos e à participação em comissões e postos — disse o professor da USP. — Há também brigas internas nacionais, como entre [Matteo] Salvini [vice-premier] e Meloni na Itália, e ninguém sabe como isso vai impactar as eleições e depois das eleições.

Ao longo da campanha, houve promessas para restringir a imigração (em especial de não europeus), reverter políticas energéticas e atacar legislações ambientais. Discursos que já ecoam positivamente entre uma parcela crescente do eleitorado no continente, aliados à ideia de “insatisfação” com as lideranças políticas ditas "tradicionais".

— Vamos ignorar por um instante que muitos dos líderes desses partidos são produtos do sistema, que se vendem como “partidos antissistêmicos, e esse não é um fenômeno só da Europa. Nós vemos isso na Ásia, nos EUA, na América Latina — disse ao GLOBO Kai Lehmann, professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP). — Mas há fatores específicos da Europa, e nesse sentido as eleições são únicas, mas creio que esse avanço também indica um fenômeno global.

Entenda a votação

Os legisladores da UE têm voz em questões que vão desde regras financeiras até políticas climáticas e agrícolas. Eles aprovam o orçamento do bloco, que financia prioridades como projetos de infraestrutura, subsídios agrícolas e ajuda entregue a Kiev. O resultado deste domingo, portanto, deverá redefinir o mapa político da UE nos próximos cinco anos num momento em que o bloco enfrenta questões como a guerra na Ucrânia e negociações comerciais.

O caminho até o Parlamento é longo, difícil e peculiar: em cada um dos 27 países da UE, os eleitores votarão nos partidos locais, como o Reagrupamento Nacional na França, o Partido Socialista em Portugal ou o Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu, da Bulgária.

Com os resultados anunciados, a distribuição das cadeiras ocorre de forma proporcional: se um partido obtiver 25% dos votos, terá 25% dos assentos destinados àquele país, um número definido de acordo com a população. A Alemanha, maior país do bloco, terá 96 cadeiras, enquanto a França, segundo maior, terá 81. Chipre, Luxemburgo e Malta terão seis representantes cada. O número de eurodeputados muda a cada ano, sendo que não pode passar de 750. Em 2019, última eleição, eram 705 vagas em disputa. A expectativa é de um baixo comparecimento às urnas, seguindo uma tendência histórica: em 2019, 50.66% dos eleitores aptos votaram.

Uma vez no Parlamento, que se divide entre Bruxelas, onde ficam os gabinetes e comissões, e Estrasburgo, onde se reúnem em plenário uma vez por mês, os novos e novas parlamentares se juntarão aos sete principais grupos políticos, permanecerão em alianças menores ou até sem alianças, uma parcela denominada Não Inscritos.

Desde a última eleição da União Europeia, em 2019, partidos populistas ou de extrema direita lideram governos em três nações (Hungria, Eslováquia e Itália) e fazem parte de coalizões governamentais em outros países, incluindo Suécia, Finlândia e, em breve, os Países Baixos. As pesquisas dão vantagem aos populistas também na França, Bélgica, Áustria e Itália.

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