A recente mudança na administração do Hospital Federal do Andaraí, cuja gestão passou a ser compartilhada entre União e o município do Rio, seria parte de uma tentativa do PT para emplacar um candidato do partido como vice-prefeito na chapa de Eduardo Paes (PSD) à reeleição, afirmam fontes da prefeitura e também da oposição. Nos bastidores, o principal nome petista cogitado para a vaga é de André Ceciliano, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e que recentemente se desincompatibilizou do cargo de secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República. Segundo fontes ligadas à legenda ouvidas pelo GLOBO, no entanto, apesar de a indicação de Ceciliano ser dada como certa, Paes continua relutante em aceitar, mantendo a preferência por uma "chapa puro-sangue" do PSD.
- Processo de municipalização do Hospital Federal Andaraí: outras cinco unidades devem ser transferidas; entenda
- No Rio, Paes sanciona projeto de lei de Carlos Bolsonaro, que estabelece Dia do Conservadorismo
As negociações articuladas entre a alta cúpula do partido e o prefeito começaram há quase três meses, em encontros a portas fechadas para traçar a aliança. O mais recente ocorreu no último domingo, quando Paes se reuniu com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para definir detalhes das mudanças no Andaraí. Se ao fim do período de gestão compartilhada, com o prazo de 90 dias, a prefeitura, de fato, assumir o hospital, o município ficará responsável não só pela contratação de colaboradores pela Rio Saúde, como também pela gestão de serviços de média e alta complexidades da unidade, como os de oncologia.
As verbas para manter a unidade, porém, continuariam vindo do governo federal. Possíveis melhorias realizadas pelo município a curto prazo no hospital, em crise há anos, poderia trazer uma visibilidade positiva à prefeitura. Por outro lado, assumir a administração do Andaraí é considerado um grande desafio diante do sucateamento e do volume de obras paralisadas, como a expansão do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) e o prédio da Radioterapia, além de falta de leitos, insumos e profissionais de saúde, conforme já mostrado pelo GLOBO. Segundo dados da Plataforma SMSRio, o hospital possui atualmente 304 leitos. Destes, 43 estavam fechados na última quarta-feira por falta de profissionais de saúde.
- Hospitais federais têm 427 leitos fechados: número volta a aumentar após redução registrada no começo do atual governo
Veja imagens do que foi encontrado pela equipe técnica do Governo nos seis hospitais federais, no Rio de Janeiro
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o processo de reestruturação dos hospitais federais visa, entre outras ações, acelerar a contratação de profissionais e ampliar a oferta de leitos.
A pasta reforçou ainda que para compor o efetivo necessário para reduzir o número de leitos desativados "foram prorrogados 1,7 mil contratos temporários que se encerrariam em maio, além do lançamento de um Processo Seletivo Simplificado para a convocação de 479 profissionais". E concluiu que todo a reestruturação "está sendo realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Fiocruz e com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), entidades referências em gestão hospitalar."
Além da transferência do Andaraí para a prefeitura do Rio, nos bastidores se cogita que o Ministério da Saúde negocia a cessão do Hospital da Lagoa para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); dos Servidores do Estado para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que já administra hospitais universitários. O de Bonsucesso pode ficar com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), do Rio Grande do Sul. Já o destino do Cardoso Fontes e de Ipanema segue indefinido, mas o GLOBO apurou que também há interesse da prefeitura em assumir essas unidades.
A reportagem não conseguiu contato com o prefeito Eduardo Paes e com André Ceciliano até o momento.
Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio