Quando as crianças estão com dificuldades na escola, nosso impulso normalmente é logo procurar os professores e a coordenação pedagógica para conversar. Realmente, esse é um ótimo primeiro passo. Mas você sabia que, nesses casos, também é importante levar a questão ao pediatra?
Pode parecer um conselho estranho, afinal, o que um médico tem a ver com as notas e o desempenho na escola? Nós explicamos: o pediatra tem uma visão mais completa sobre o desenvolvimento da criança e pode identificar sinais que os professores talvez não percebam no dia a dia em sala de aula. Um médico pode avaliar o desenvolvimento físico, o estado emocional, o ambiente familiar... E, assim, quem sabe, identificar alguma questão de saúde que pode estar atrapalhando o aprendizado.
“A escola desempenha um papel enorme no desenvolvimento de crianças e adolescentes, muito mais do que só acadêmico”, diz a pediatra Elizabeth Hawse, da Academia Americana de Pediatria (AAP). “As famílias podem fazer parcerias com pediatras e escolas para ajudar os alunos a prosperar e ter sucesso junto com seus colegas de classe”, completa.
A seguir, os pediatras da AAP dão 10 dicas para que as crianças estejam saudáveis e preparadas para aprender e ir bem na escola:
1. Garanta horas de sono suficientes
A criança precisa dormir bem para estar disposta no dia seguinte no colégio. A recomendação é a seguinte: depois das 20h, diminua o ritmo, desligue as telas e prepare seu filho para deitar. Para os menores, de até 2 anos, 11 horas de descanso por dia (incluindo os cochilos) já são suficientes. Para os maiores, de 3 a 5 e de 6 a 12 anos, um pouquinho menos: 10 e 9 horas, respectivamente.
2. Faça visitas periódicas ao pediatra
Você se lembra quando foi a última vez que levou seu filho ao pediatra? Se já faz mais de 12 meses, talvez seja a hora de voltar. Consultas de rotina são importantes para garantir que a saúde e o desenvolvimento das crianças estejam caminhando como o esperado. Isso que falar que, nesses encontros, vocês podem identificar problemas que acabam passando despercebidos no dia a dia.
3. Cheque se as vacinas estão em dia
Criança doente costuma faltar mais à escola. Para evitar que isso aconteça, é fundamental que a caderneta de vacinação esteja em dia. Tente se organizar para manter as proteções sempre atualizadas. As vacinas da gripe e da covid-19 devem ser tomadas todo ano, por exemplo. O reforço das outras, que são mais espaçadas, pode acabar caindo no esquecimento. A dica é programar alertas no calendário para que você se lembre de quando estiver chegando a hora de voltar ao posto de saúde.
4. Converse sobre emoções
Quando o assunto é saúde mental, uma única conversa não é suficiente. É preciso bater nessa tecla sempre. Mostre ao seu filho que ele tem abertura para falar com você sobre o que está sentindo. Você pode fazer isso em brechinhas da rotina, como em uma caminhada ou nos trajetos de carro. Não precisa ser nada muito formal ou sério, algumas palavras de conforto e acolhimento são suficientes para seu filho entender que pode contar com você.
5. Demonstre interesse pela rotina da criança
Algumas crianças pedem para faltar à escola por causa de situações de racismo, bullying e discriminação. Para saber se esse é o caso do seu filho, o caminho é um só: vocês precisam conversar. Sempre que tiver oportunidade, demonstre interesse pela rotina escolar dele, faça perguntas sobre a relação com os amigos e explique o que ele deve fazer caso se sinta desconfortável com alguma situação no colégio, sempre pedindo ajuda para algum adulto de confiança.
6. Evite faltas desnecessárias
Faltar apenas dois dias de aula por mês, por qualquer motivo, já pode ser um problema para as crianças de várias maneiras. Evite deixar a criança em casa por motivos pequenos, deixe as faltas reservadas para quando realmente for necessário. Agora, caso as ausências estejam acontecendo por uma questão de saúde crônica, o ideal é conversar com o pediatra e com a escola para pensar em uma forma de minimizar as perdas e manter uma frequência regular.
7. Deixe tudo organizado no dia anterior
Quanto mais tranquila a rotina, melhor. Sabe aquela correria pela manhã para trocar as crianças, arrumar mochila, preparar o lanche? Ela só faz com que os pequenos (e você) já comecem o dia estressados. Uma forma simples de acabar com isso é sempre deixando tudo organizado com antecedência. Na noite anterior, por exemplo, você pode, com a ajuda do seu filho, claro, separar o material para o dia seguinte, checar se o uniforme está limpo e passado, pensar em que colocar na lancheira...
8. Estabeleça regras sobre o uso de telas
Quando as crianças passam tempo demais em frente às telas, tudo sai dos eixos: o sono piora, aparecem questões de comportamento, a saúde dá sinais de alerta, as notas pioram... Justamente por isso, tenha regras muito claras e bem estabelecidas sobre como os dispositivos eletrônicos serão usados pela família. Preste atenção não só ao tempo gasto com esses aparelhos, mas também à qualidade dos conteúdos que são acessados.
9. Não mande a criança doente para a escola
É comum que algumas crianças fiquem doentes várias vezes durante o ano letivo. Você tem um plano para caso isso aconteça com o seu filho? É importante que você saiba com quem pode contar caso seu filho precise faltar à escola. Ah, e lembre-se: febre acima de 38°C, diarreia e vômito são motivos para ficar em casa e consultar um pediatra, combinado? Ignorar esses sintomas pode fazer com que ainda mais crianças da turma fiquem doentes.
10. Defina um plano de ação para doenças crônicas
Seu filho tem um problema crônico de saúde, como asma, alergias ou enxaquecas? Tudo isso pode impactar o rendimento dele dentro e fora de sala de aula. Se for o caso, converse com o pediatra sobre o que pode ser feito para trazer mais qualidade de vida para o pequeno. Uma vez definido esse plano de ação, compartilhe com o colégio e garanta que as orientações sejam cumpridas tanto dentro quanto fora da escola.