Histórias
 


Os Jogos Olímpicos já estão a todo vapor e o Brasil está repleto de atletas talentosos para representar o país em diversos esportes. No surfe, Gabriel Medina, 30 anos, tri-campeão mundial, deve competir neste sábado (27), às 14h.

Para a mãe, Simone Medina, 54, designer de interiores, saber que o filho fará parte da delegação brasileira mais uma vez foi muito especial. "Estou super emocionada. A gente falou na hora [do anúncio] por chamada de vídeo. Eu fiquei muito feliz pelo meu filho e por tudo que ele e meus outros filhos conquistam na vida. A alegria de deles é a minha alegria", disse, em entrevista exclusiva à CRESCER.

Simone e Gabriel Medina — Foto: Arquivo pessoal
Simone e Gabriel Medina — Foto: Arquivo pessoal

As competições da modalidade irão ocorrer a partir de 27 de julho, no Taiti. Apesar de estar na Oceania, o Taiti é uma das ilhas integrantes da Polinésia Francesa, território autônomo da república francesa. Enquanto se prepara para asisti-lo, Simone relembra como tudo começou e conta os bastidores da ascensão do filho pela sua perspectiva. Ao longo dos anos, ela precisou fazer muitos sacrifícios e não mediu esforços para que Gabriel pudesse treinar, competir e se tornar o fenômeno que é hoje. "Mãe e pai sempre dão um jeito", destaca. Conheça a história!

A descoberta do talento

O atleta começou a treinar ainda quando criança, com o apoio de sua mãe e seu padrasto, Charles Saldanha. Mas, esse não foi o primeiro esporte pelo qual ele se interessou. "Na verdade, ele jogava bem futebol, a gente morava num lugar muito perto de um campinho de bola e, como eu trabalhava muito, não tinha como levá-lo para a praia. Mas, um dia, ele e um amigo foram para a praia, sem eu saber, e ele teve o primeiro contato com o surfe, quando tinha uns 8 anos, e amou", lembra.

Alguns anos depois, quando Simone se casou com Charles, Gabriel realmente aprendeu a surfar. "O Charles emprestou a prancha dele e ficou muito impressionado — Medina já sabia posicionar o pé de trás para fazer as manobras e, assim que subiu pela primeira vez numa prancha, já correu uma parede e tentou uma manobra, porque isso demora algum tempo para se fazer. Ele fazia isso naturalmente, então, a gente descobriu um talento que ele tinha e resolvemos levar isso adiante, mas sem maiores pretensões", explica.

Vendo o rápido progresso de Gabriel, o padrasto começou a colocá-lo nos campeonatos de Maresias, em São Paulo, onde o garoto cresceu — e ele ganhava todos. "Charles sempre foi um visionário. Ele estudava os grandes atletas da Austrália, que era uma referência na época, e começou a trocar material com esses treinadores. Eu lembro que o Charles comprou uma bola trazida da Austrália, que vinha com uns elásticos para ele treinar. A gente morava numa casa com um quintal onde eu lavava roupa e o Charles treinava o Gabriel com essa bola e a prancha. O Charles já arrumava a técnica dele, a postura, posicionamento de pé, de braço e de perna", recorda.

'Trabalhava em três empregos, dormia quatro horas por noite'

Embora Simone nem sempre estivesse presente nos treinos, ela apoiava o filho de outras formas. Em 2002, quando se separou do pai de Gabriel, ela ficou desamparada financeiramente e precisou fazer muitos sacrifícios para sustentar a família. "Trabalhei demais, trabalhava em três empregos, dormia quatro horas por noite, fazia tudo em casa, tinha que me virar. O Gabriel me ajudou muito porque, apesar dele ser novo na época, era muito maduro e cuidava do irmão. Então, a gente foi muito parceiro. Ele era leal, aliás, uma característica que o Gabriel tem e que admiro muito é a lealdade", destaca.

"Ele me dava forças e me impulsionava para fazer tudo o que precisasse para termos uma vida legal. Foi cansativo, mas valeu a pena", acrescenta. Para a mãe, mesmo sendo um momento delicado, ainda foi especial para ela. "Foi a época que a gente ficou mais unido e fazia tudo junto. Eu aprendi a tirar as coisas boas dos piores períodos. Eu acho que você tem que focar nisso para poder ir para frente, senão você vai ficar parado num lugar de dor", afirma.

O casamento com Charles trouxe um respiro para a rotina, mas Simone seguia trabalhando muito para pagar as contas. Além disso, enquanto o padrasto cuidava dos treinos, a mãe se encarregava de manter o filho focado nos estudos do colégio. "Eu queria que ele terminasse a escola. Então, eu dava equilíbrio para ele não ficar só do lado da escola nem só do lado do surfe. Eu acho que a família é a base de tudo quando um menino está em formação. Tem que ter alguém para te dar um norte, te dar limite, te ensinar a lidar com frustrações para você se construir como pessoa", diz.

Gabriel sendo abraçado pela mãe — Foto: Arquivo pessoal
Gabriel sendo abraçado pela mãe — Foto: Arquivo pessoal

'Eu cuidei da casa, do trabalho, dos filhos e das contas'

Quando Gabriel tinha cerca de 15 anos, ela percebeu que o filho realmente estava engrenando no surfe. "Eu lembro que ele ia competir com uns caras bem mais velhos, os melhores do mundo. O Charles tinha levado o Gabriel para ter uma experiência, saber como agir emocionalmente. Mas no final, ele acabou ganhando o campeonato. Eu não pude ir com eles porque fiquei trabalhando, mas vi tudo pelo computador e parecia que eu tinha saído do corpo, foi uma loucura", diz.

Cada vez mais, o filho participava e ganhava torneios. Então, ela percebeu que realmente era isso que ele queria fazer. "Eu falei para o Charles: 'Vamos nos organizar, põe o pé na estrada com Gabriel que eu cuido do resto', e foi isso. Eu cuidei da casa, do trabalho, dos filhos e das contas para eles poderem viajar tranquilos", recorda. "Acho que todo pai e mãe de atleta que eu conheço passou pelas mesmas coisas. Você deixa de fazer certas coisas, você vai se privando para poder viver um sonho, todo mundo junto", diz.

'Você se priva dos seus sentimentos verdadeiros'

Simone também tinha um outro papel muito importante: dar apoio psicológico e acolher o filho. "A vitória traz alegria e a derrota traz tristeza. Mas a gente tem que estar ali sempre com uma palavra de apoio. Você pode estar desfeita por dentro — eu já fiquei várias vezes muito triste, moída por dentro. Mas o que eu sempre tinha que falar para o meu filho eram palavras de estímulo, e isso me custava. A vontade era de falar tudo o que eu estava sentindo, mas eu sabia que não podia, pois teriam outras competições", afirma.

"Então, eu não podia ficar expressando a minha opinião ou os meus sentimentos, eu tinha que falar o que era necessário para ele prosseguir. Eu acho que você se priva até dos seus sentimentos verdadeiros, você se priva de muitas coisas, você se priva até de ficar triste", revela.

'Hoje, nossa relação está ótima'

Simone e Gabriel se divertindo — Foto: Arquivo pessoal
Simone e Gabriel se divertindo — Foto: Arquivo pessoal

Simone e Gabriel passaram por alguns momentos desafiadores durante o relacionamento do surfista com a modelo e ex-BBB, Yasmin Brunet, com quem esteve casado entre 2020 e 2022. A mãe e o padrasto não apoiavam a relação do casal e eles tiveram vários desentendimentos, tendo até que resolver algumas questões burocráticas e financeiras na Justiça.

Mas, felizmente, eles se resolveram e, agora, segundo ela, tudo isso ficou no passado. "Hoje, nossa relação está ótima, maravilhosa", garante Simone. "Ele focou e treinou muito para as Olimpíadas. E eu sempre digo: 'É isso aí, filho. Se precisar da mãe, é só gritar", diz. Ela irá torcer para o filho daqui do Brasil. "Quem sabe na próxima, eu consigo assisti-lo pessoalmente", afirma.

'A gente quer que os filhos se encontrem e que sejam felizes'

E Medina não é o único surfista da família — Sophia Medina, de 19 anos, decidiu seguir os mesmos passos do irmão. "Ela começou a surfar por causa do Gabriel. No começo era brincadeira. Ela fazia só alguns campeonatos para ver se era o que ela queria mesmo, mas chegou um momento em que ela passou a encarar o surfe como algo mais profissional", diz. Sophia, primeiro, participou de torneios pequenos, mas logo foi crescendo no esporte e já até competiu com o próprio irmão na elite do surfe. "Eu me sinto alegre de novo podendo realizar o sonho dela e o que ela precisar para isso acontecer — e eu vou fazer. Mãe e pai sempre dão um jeito", destaca.

No entanto, Simone admite que fica preocupada em ter dois filhos seguindo carreira em um esporte radical. "O esporte de alta performance exige muito das pessoas, vai além do seu limite. A vida do surfista é muito solitária, porque eles ficam muito tempo focados num negócio só, viajando para lá e para cá, longe da família... Mas eles escolheram isso, são felizes assim e eu tenho mais é que me alegrar também. O que a gente quer na maternidade é que os filhos se encontrem e que sejam felizes", finaliza.

Simone e Sophia Medina — Foto: Arquivo pessoal
Simone e Sophia Medina — Foto: Arquivo pessoal
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