Projetos de entrevistas

Futebol, Memória e Patrimônio

A proposta do projeto Futebol, Memória e Patrimônio, executado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) com sede na Fundação Getulio Vargas em São Paulo, foi a de recontar a história da participação do Brasil nas copas do mundo sob a ótica dos próprios jogadores. Para tanto, a partir dos recursos repassados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sob a rubrica 2010/1550-6, foi possível, ao longo do ano de 2011, iniciar a constituição de um banco de depoimentos orais (registrados em áudio e vídeo), com jogadores de futebol que participaram do selecionado brasileiro.

O projeto tem por objetivo a constituição de um banco de depoimentos orais (registrados em áudio e vídeo), com jogadores de futebol que participaram do selecionado brasileiro, em um total de dezenove edições de Copas do Mundo, entre 1930 e 2010. O mapeamento da participação brasileira em torneios internacionais compreende o registro e a análise das histórias de vida desse conjunto de protagonistas, dentre aqueles que ainda se encontram vivos, com a previsão de gravação de cerca de 150 horas de entrevistas de caráter documental sobre a história esportiva nacional. A finalidade é fornecer subsídios documentais para que se possa articular, em uma perspectiva crítica e diacrônica, a memória esportiva à memória coletiva e à história política do país, durante os últimos oitenta anos. Os referidos depoimentos são registrados, tratados e analisados por pesquisadores do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getulio Vargas, em parceria com técnicos e investigadores do Museu do Futebol, instituição sediada no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu), a fim de constituir um acervo comum a ambas as instituições. A formação deste corpus documental permitirá que se registre e analise o relato de figuras centrais do futebol profissional brasileiro, em particular atletas que se tornaram figuras emblemáticas da identidade nacional.

 

 

Enunciado do problema. Quem conta a história do futebol brasileiro? De que forma ela se diferencia do memorialismo e da escrita jornalística? Como ela se preserva e quais os mecanismos de reprodução dessa memória? De que maneira a história futebolística é narrada e quais são os seus fundamentos científicos? Eis alguns desafios epistemológicos que norteiam as pesquisas de historiadores, antropólogos e sociólogos do esporte nos últimos anos. As questões foram colocadas em período recente, pois até pouco tempo atrás muito pouco havia sido produzido nos Departamentos de História e Ciências Sociais sobre a temática esportiva, considerada ilegítima ou de somenos importância.     Continua...

Depois dos primeiros trabalhos de cunho ensaístico, um passo importante para a formação do campo esportivo acadêmico no Brasil se deu no final da década de 1990. No Rio de Janeiro, a criação do Núcleo de Sociologia do Futebol (UERJ) e do grupo de estudos Memória Social dos Esportes (UFRJ), por iniciativa dos professores Maurício Murad e Francisco Carlos Teixeira da Silva, respectivamente, possibilitou o início de pesquisas sistemáticas na área. Uma equipe de pesquisadores ligados ao Laboratório de Estudos do Tempo Presente (IFCS/UFRJ), por exemplo, se debruçou sobre os arquivos do Clube de Regatas Vasco da Gama. O resultado foi a organização do acervo daquele clube e a publicação de São Januário: arquitetura e história (1998), uma caixa com livro e CD-ROM, de autoria de Hamilton e Clara Malhano (1).

No estado de São Paulo, deve-se destacar inicialmente o Grupo de Estudos do Cotidiano e da Cultura Urbana (PUC/SP), coordenado pela professora Márcia Regina da Costa, e o Núcleo de Antropologia Urbana (NAU-USP), dirigido pelo professor José Guilherme Cantor Magnani. Embora não sejam grupos exclusivos da temática futebolística, ambos despontaram na década de 1990 com o estímulo a pesquisas que tiveram o futebol como objeto de estudo, haja vista o trabalho de Luiz Henrique de Toledo, de Elisabeth Murilho da Silva e Carlos Alberto Pimenta. Nos últimos anos, nota-se um expressivo crescimento de núcleos consagrados à área em todo o estado, cerca de 20 cadastrados na atualidade, com destaque para o Núcleo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol (GECEF/UNESP-Bauru), coordenando, entre outro, por José Carlos Marques.

O presente projeto inscreve-se nessa área de investigação, recém-constituída e em vias de afirmação no Brasil. Ele tem como questão fundamental o modo de constituição das fronteiras entre memória e história (2), em específico a aplicação de sua problemática no terreno dos Esportes. A motivação teórica articula-se também a aspectos de ordem prática. A riqueza do material a ser organizado e explorado possibilita o alargamento de sua escala de pesquisa – da esfera clubística à esfera nacional – e a inovação de suas fontes – da arquivologia stricto sensu à História Oral, uma das subáreas da historiografia contemporânea que teve uma particular acolhida no Brasil (3), desde a aparição de The voice of the past, do inglês Paul Thompson, no final da década de 1970.

Os problemas teóricos e práticos do presente projeto se relacionam ainda ao crescimento de importância da memória futebolística nacional na sociedade brasileira, efeito do investimento realizado no campo do jornalismo e do mercado editorial. A partir de interesses e pressupostos os mais diversos, jornalistas esportivos têm se dedicado a recontar a vida de grandes atletas e craques do passado, através da publicação de livros biográficos (4), além daqueles autobiográficos, assinados por técnicos e jogadores. A célebre biografia de Ruy Castro sobre o atacante Garrincha, intitulada A estrela solitária, foi uma das obras de maior repercussão, espécie de best-seller (5).

A abertura de filão para o gênero é compreensível, pois, ao longo do século XX, o desenvolvimento dos meios de comunicação e a disseminação da cultura de massas fizeram com que os atletas esportivos fossem associados, de maneira progressiva, a padrões de conduta massificados. Eles passaram a figurar ao lado de atores de cinema e televisão, de compositores de música, de estrelas da publicidade e de modelos típicos do star system. A sedução exercida por estes novos ícones permitiu a constituição de um universo de idolatria midiática, estudado de maneira precursora nas décadas de 1950 e 60 pelo sociólogo francês Edgar Morin (6) e, em âmbito acadêmico nacional mais recente, pela antropóloga Maria Cláudia Coelho (7).

Sendo assim, as histórias de vida destes jogadores são hoje um ingrediente a mais no aparato do consumo de bens culturais, dentre livros, DVDs e filmes. Ídolos esportivos nacionais da história do século XX, do botafoguense Heleno de Freitas ou do são-paulino Leônidas da Silva até o atual atacante do Corinthians, Ronaldo (8), são alguns dos casos mais notórios da apropriação do gênero biográfico por parte da indústria cultural. Os produtos avolumam as prateleiras das livrarias e ocupam as salas de cinema das grandes cidades, lado a lado com personagens já biografados e filmados à exaustão. O destaque recai em personalidades da sociedade, da política e da cultura, tais como Carmen Miranda e Nelson Rodrigues, Assis Chateaubriand e Roberto Carlos, entre tantos nomes.

Em termos institucionais, a questão da memorialística esportiva é, do mesmo modo, alvo de atenção crescente. Ela pode ser comprovada na criação do Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu, em São Paulo, e no sucesso de público e interesse despertado junto à população da cidade, com o fomento do turismo nacional e estrangeiro (9). Em consonância com os modernos padrões de visitação museológica, nos quais a interatividade, os dispositivos computadorizados e os múltiplos apelos sensoriais são a todo o instante mobilizados, uma variada gama de fotos, vídeos e aparelhos multimídias compõe os novos suportes imagéticos que potencializam as fontes de acesso ao passado e despertam a curiosidade do grande público para a História lato sensu (10).

Na disseminação do conhecimento histórico, a remissão a experiências pretéritas vale-se assim dos recursos e dos dispositivos tecnológicos de ponta, mas não prescinde também de uma série de elementos materiais e simbólicos considerados tradicionais. Estes se manifestam pela reunião de vestimentas – camisas, chuteiras, calções – pela exposição de utensílios do jogo – bolas, redes, livros de regras – ou pelo agrupamento de documentos visuais – cartazes das Copas, dísticos dos clubes, flâmulas de entidades (FPF, CBD, CBF), cujos modelos variam no decorrer das décadas e que são guardados por colecionadores anônimos. Todos estes símbolos e artefatos causam, a um só tempo, estranhamento e fascínio com o passado. Homólogas à função das relíquias dos antiquaristas dos séculos XVIII e XIX, as peças contribuem para fazer do futebol um ícone contemporâneo, condizente com a tendência geral à “patrimonialização” da cultura (material e imaterial) e à “musealização” dos bens culturais, tais como ilustradas abaixo:

 

 

 

 

 

Na história brasileira, em realidade, a conversão do futebol em objeto de interesse patrimonial não chega a ser uma inteira novidade. Convém lembrar aqui a experiência e o papel pioneiro de conservação levados a cabo pelo Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro (MIS-RJ). Este, inaugurado em 1965 e concebido pelo produtor cultural Ricardo Cravo Albin durante várias décadas, situado originalmente à Praça XV, em um antigo pavilhão da Exposição Internacional de 1922, foi à época um modelo ultramoderno de museu voltado para os registros sonoro e visual. Com apenas dois equivalentes no mundo, ele se tornaria modelo para outros similares no Brasil nos anos seguintes.

Graças à iniciativa de seu idealizador, Ricardo Cravo Albin, uma série de depoimentos sob a rubrica “Futebol” foi alinhada junto a outros eixos temáticos da cultura brasileira: Música, Literatura, Teatro, Cinema, Jornalismo, Rádio. Trata-se de uma experiência ímpar, na medida em que o homônimo e congênere paulistano – o Museu da Imagem e do Som de São Paulo, fundado em maio de 1970 – não chegou a criar uma série temática dedicada ao Esporte. A realização de entrevistas com jogadores, técnicos e dirigentes por parte do MIS-RJ, embora sem os critérios científicos que mais à frente seriam adotados pela metodologia da História Oral – em verdade, tratava-se mais de um encontro de celebridades que reverenciavam personagens reconhecidas da sociedade –, permitiu a gravação de entrevistas com muitos profissionais do futebol. Os encontros se iniciaram em 1967 e se estenderam até a década de 1990, mas, com menor visibilidade, ficaram à sombra dos demais acervos da instituição carioca.

Em um espaço dilatado de tempo, e variando ao sabor das diferentes diretrizes políticas por que passou a instituição, conforme demonstrou a historiadora Cláudia Mesquita no livro Um museu para a Guanabara: Carlos Lacerda e a criação do Museu da Imagem e do Som (1960-1965) (11), o MIS-RJ foi assim realizando algumas dezenas de entrevistas com dirigentes, técnicos e grandes craques, no momento em que estes se encontravam no apogeu ou já haviam encerrado a carreira. Marcos Carneiro de Mendonça, goleiro da fase amadora do Fluminense Football Club nas primeiras décadas do século XX, foi um dos primeiros entrevistados em fins da década de 1960, na mesma ocasião em que compositores populares como Cartola, Donga e João da Baiana prestavam seus depoimentos para a série Musical, sob a direção de Almirante, pseudônimo do compositor Henrique Foréis Domingues.

Depois de anos sem receber a devida atenção, a iniciativa do MIS-RJ se materializou sob a forma de livro durante a gestão de Marília Trindade Barbosa, na década de 1990, com a publicação do volume duplo intitulado Futebol é Arte: depoimentos (12). A obra, no entanto, teve distribuição limitada e foi organizada pelo veterano jornalista Mário de Moraes, que redigiu o primeiro volume. No segundo tomo são transcritas, na íntegra, três entrevistas com grandes craques da seleção brasileira – Domingos da Guia, Pelé e Zizinho – com uma mostra do valor dos testemunhos colhidos.

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Sem negar a importância e o mérito da experiência pioneira do Museu da Imagem e do Som, em particular a coleção “Depoimentos para a Posteridade”, a montagem de um acervo de História Oral em torno da Memória do Futebol Brasileiro requer outro nível de estruturação e sistematicidade. Estes se assentam em uma distinta época histórica, em novos parâmetros de pesquisa acadêmica e em novas demandas do campo museológico no Brasil. O presente projeto se justifica na medida em que busca superar o caráter aleatório, impressionista e fragmentado das entrevistas até então feitas com jogadores, técnicos, jornalistas e autoridades esportivas, quer para biografias jornalísticas, quer para instituições como a referida Fundação Museu da Imagem e do Som, quer para a filmografia nacional. A título de exemplo, citem-se dois filmes pontuais sobre a temática futebolística que tiveram por base entrevistas com estas personalidades: um dirigido por João Moreira Salles e Arthur Fontes (a trilogia Futebol); outro por José Carlos Asbeg (o longa-metragem 1958: o ano em que o mundo descobriu o Brasil(13). Ambos colhem, decupam e entremeiam trechos de narrativa destes protagonistas, com lembranças de experiências vivenciadas em Copas do Mundo, mas a totalidade dos depoimentos não se encontra acessível aos pesquisadores e ao público interessado.

Em meio a um amplo leque de possibilidades de pesquisa – tópicos como “Clubes de Futebol Amador e de Várzea”, “Política Esportiva Institucional”, “Policiamento e Segurança em estádios”, “Torcidas Organizadas”, “Arquitetura de Estádios”, todos da competência de pesquisadores do CPDOC/FGV –, a aproximação de um megaevento esportivo a ser realizado no Brasil daqui a quatro anos serve de estímulo para que se busque na Seleção Brasileira, e em sua participação nas Copas do Mundo, um foco privilegiado de atenção e investigação na construção dessa memória coletiva. Elemento galvanizador da identidade nacional desde os anos 1930, quando ocorre de maneira efetiva a nacionalização do futebol, através da adoção do profissionalismo, da difusão do rádio e da invenção deste torneio internacional que se desmembra dos Jogos Olímpicos (Amsterdã/1928-Uruguai/1930), este esporte assumiu especial repercussão na vida social brasileira. Ele instituiu aquilo que Benedict Anderson chamou de uma “comunidade imaginada” (14) e passou a caracterizar uma espécie de “segunda natureza” do brasileiro, reveladora de sua auto-imagem no país e alhures.

Se o jornalismo e a memória jornalística constituíram até hoje a principal fonte de acesso na elaboração de uma história das Copas do Mundo, a possibilidade de dar organicidade a esses relatos, por parte daqueles que foram testemunhas daqueles eventos e sem o intermédio/filtro dos jornalistas, é a razão principal pela qual o escrutínio da História Oral vem a contribuir nesta esfera da vida social e coletiva. A obtenção de depoimentos daqueles que estiveram em campo nos últimos oitenta anos servirá de base para uma visão de conjunto das experiências e das transformações por que passou o futebol e o mundo no decurso desse tempo.

 

Referências:

  • (1) MALHANO, Clara; MALHANO, Hamilton. São Januário: arquitetura e história. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.
  • (2) É abundante a literatura sociológica sobre o duo história/memória. O seu marco fundador é a obra clássica do francês Maurice Halbwachs, de filiação durhkeimiana, publicada em 1925: Les cadres sociaux de la mémoire. Para um balanço historiográfico da questão, ver a obra enciclopédica do historiador Jacques Le Goff. GOFF, J. L. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1996. No Brasil, a professora Ecléa Bosi foi responsável por uma obra seminal, inspirada em Henri Bergson e Maurice Halbwachs, fruto de sua tese de doutorado, defendida no final dos anos 1970, na Universidade de São Paulo (USP). BOSI, E. Memória e sociedade – lembrança de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
  • (3) Em São Paulo, deve-se destacar o Núcleo de Estudos em História Oral, da USP, coordenado pelo historiador José Carlos Sebe Bom Meihy. No Rio de Janeiro, o Centro de Pesquisas e Documentação em História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV), fundado na década de 1970.
  • (4) A título de exemplificação, cito apenas três: COSTA, Alexandre da. Arthur Friedenreich - o tigre do futebol. São Paulo: DBA, 1999. RIBEIRO, André. O diamante eterno: biografia de Leônidas da Silva. São Paulo: Editora Gryphus, 2000.
  • (5) CASTRO, Ruy. Estrela solitária: um brasileiro chamado Garrincha. São Paulo Companhia das Letras, 1994.
  • (6) MORIN, Edgar. As estrelas: mito e sedução no cinema. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
  • (7) COELHO, Maria Cláudia. A experiência da fama: individualismo e comunicação de massa. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.
  • (8) CALDEIRA, Jorge. Ronaldo: glória e drama no futebol globalizado. São Paulo: Editora 34, 2002.
  • (9) Em 21 meses de funcionamento, o Museu do Futebol recebeu mais de 750 mil visitantes. Atualmente, é o segundo museu mais visitado no Estado de São Paulo, segundo levantamento feito pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 2009.
  • (10) Em pesquisa de avaliação do perfil do público visitante e do seu grau de satisfação com o Museu do Futebol, 98% dos entrevistados identificaram tal espaço como um museu de história. Fonte: Pesquisa de Avaliação e Perfil Socioeconômico e Cultural dos Freqüentadores do Museu do Futebol – Relatório Final. ADM Museologia e Educação, março de 2009.
  • (11) MESQUISTA, Cláudia. Um museu para a Guanabara: Carlos Lacerda e a criação do Museu da Imagem e do Som (1960-1965). Rio de Janeiro: Folha Seca; FAPERJ, 2010.
  • (12) MORAES, Mário de (Org.). Futebol é arte: depoimentos. Rio de Janeiro: FAPERJ/ MIS Editorial, 2002, II vols.
  • (13) SALLES, João Moreira; FONTES, Arthur. Futebol. Rio de Janeiro: Vídeo Filmes, 1998, 3 episódios; ASBEG, José Carlos. 1958: o ano em que o mundo descobriu o Brasil. Rio de Janeiro: Palmares Produções e Jornalismo, 2008.
  • (14) ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas. São Paulo: Ática, 1989.

 

Metodologia. Os últimos anos assistiram a um enorme esforço coletivo no sentido de gravar entrevistas de âmbito histórico-documental e, desta forma, criar um registro permanente de informações que, de outro modo, acabariam olvidadas ou perdidas. Pelas questões que suscita na relação história/memória, as entrevistas de História Oral são vias de acesso úteis à compreensão histórica de uma personagem, um grupo ou uma instituição, bem como de acontecimentos e conjunturas que o entrevistado vivenciou na qualidade de ator e/ou de testemunha. Continua...

O trabalho com a metodologia de História Oral compreende, pois, a pesquisa e o levantamento de dados para a preparação dos roteiros das entrevistas; passa pela gravação das entrevistas propriamente ditas; e se estende até a duplicação das gravações e o tratamento do material gravado. Assim sendo, a realização das entrevistas será precedida de um estudo intensivo da biografia de cada um dos depoentes selecionados para participar do projeto, de maneira a subsidiar a elaboração de roteiros que abarquem a trajetória pessoal, a carreira futebolística e o contexto histórico em que se inscrevem os entrevistados. Mais do que um interesse episódico e pontual, como costuma ocorrer nas entrevistas conduzidas pelas pautas jornalísticas, está em jogo a possibilidade de reconstituição de um período histórico e de reconstrução de uma memória coletiva, nos quadros durkheimianos propostos por Maurice Halbwachs [1].

Com vistas a superar esses desafios da escrita e da narrativa na historiografia, os depoimentos serão conduzidos por pesquisadores, sendo preferencialmente um do CPDOC e outro do Museu do Futebol. De início, feito o levantamento da totalidade das entrevistas, dar-se-á preferência àqueles que residam no eixo Rio – São Paulo. Uma vez gravados, os depoimentos deverão ser duplicados e processados. O processamento da entrevista, isto é, sua passagem da forma oral para a escrita, incluirá a transcrição das gravações e a conferência de fidelidade da transcrição. Em paralelo, será necessário elaborar o sumário, a fim oferecer um instrumento de consulta aos usuários, no momento em que as entrevistas forem liberadas ao público.

O Programa de História Oral do CPDOC tem como norma, assim como a maioria dos programas orais no Brasil e no mundo, apenas abrir para consulta do público os depoimentos que forem cedidos pelos entrevistados através do documento de cessão de direitos. Por essa razão, deverão ser processadas apenas as entrevistas que forem expressamente cedidas pelos entrevistados. Uma vez autorizadas, as entrevistas estarão à disposição de pesquisadores e do público em geral, sob a forma material e digital, escrita e visual.

A definição do escopo de entrevistados se baseia na tipologia ternária estabelecida no Brasil por Luiz Henrique de Toledo, a partir da sociologia do campo esportivo delimitado por Pierre Bourdieu na França (Profissionais, Especialistas e Amadores) [2]. Entre estes, apenas o primeiro está compreendido. A elaboração das linhas mestras de um roteiro de entrevistas será feita após a realização de um encontro que reunirá a equipe do CPDOC e o grupo de colaboradores do Museu do Futebol, parceiros do projeto.

De início, para a realização das entrevistas, será utilizada a listagem constante do livro “Seleção Brasileira: 90 anos”, de Roberto Assaf e Antônio Carlos Napoleão [3]. A localização dos entrevistados será facilitada uma vez que boa parte das informações e dos contatos já se encontram disponíveis no Museu do Futebol. De uma lista de 280 jogadores, presentes na fonte de dados do MF, estão selecionados previamente 50 nomes, com a previsão de duração de 3 horas em média por depoimento. As entrevistas estão sujeitas à alteração, em virtude de contingências dos mais variados tipos – recusa, cobrança de cachê, distância de moradia, falecimento – estão descartados, por exemplo, todos os jogadores da década de 1930, que atuaram nas Copas do Uruguai, da Itália e da França, já falecidos.

Uma mostra dos atletas em princípio previstos para os depoimentos encontra-se discriminada na tabela a seguir:

 

COPA DISPUTADA POPULARMENTE CONHECIDO NOME LOCAL NASCIMENTO DATA NASCIMENTO OBSERVAÇÕES
1950 Nena Olavo Rodrigues Porto Alegre - RS 17/07/1923 Mora em Goiânia
1950 Noronha Alfredo Eduardo Ribeiro - 25/09/1918 -
1950 Ruy Rui Campos - 02/02/1922 -
1954 Alfredo Alfredo Ramos Castilho Jacareí - SP 27/10/1924 -
1954 Cabeção Luís Moraes Areado - MG 23/08/1930 -
1954 Índio Aluízio Francisco da Luz - 01/03/1931 Mora no Rio de Janeiro
1954 Pinheiro João Carlos Batista Campos dos Goytacazes - RJ 13/01/1932 Mora no Recreio dos Bandeirantes – RJ
1958 De Sordi Nílton De Sordi Piracicaba - SP 14/02/1931 Mora em João Pessoa – PB
1958 Dino Sani Dino Sani Rocha de Oliveira São Paulo - SP 23/05/1932 Mora em Barueri
1958 Mazzola José João Altafini Piracicaba - SP 24/07/1938 Mora em Turim - ITA

 

Criado há 38 anos, em 1973, o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getulio Vargas, tem desenvolvido inúmeros trabalhos nas áreas de pesquisa e documentação, caracterizando-se como instituição pioneira pela atuação integrada nesses dois domínios. O Centro tem como foco a história brasileira do período pós-1930 e detém o maior acervo de arquivos pessoais de homens públicos do país, com a reunião de mais de 1,5 milhão de documentos textuais, fotografias, discos e filmes, provenientes de 200 arquivos doados ao Centro. Entre estes, encontram-se os arquivos de Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Lysâneas Maciel e Franco Montoro, para citar alguns dos nomes que marcaram a história política da recente redemocratização do país.

O acervo histórico do CPDOC é composto de 1.500 entrevistas de História Oral, o que totaliza mais de 5.000 horas de gravação [4]. O acervo de entrevistas teve origem com a criação, em 1975, do Programa de História Oral, também voltado para o estudo e a constituição de fontes sobre a história contemporânea brasileira. Além de entrevistas com próceres da vida política nacional, o programa também desenvolve projetos com empresas, movimentos sociais e intelectuais. Em período recente, foi concluído o projeto “Cientistas Sociais de Países Língua Portuguesa: Histórias de Vida”, que servirá de parâmetro metodológico para o projeto que ora se encaminha.

Várias das entrevistas que compõem o acervo já foram editadas em livros, como é o caso do depoimento do governador do estado do Rio de Janeiro, Ernani do Amaral Peixoto; do jurista e senador Afonso Arinos de Melo Franco; do economista e ministro da Fazenda, Octavio Gouvêa de Bulhões; do jurista Evandro Lins e Silva, do presidente Ernesto Geisel e de lideranças comunitárias das favelas da cidade do Rio de Janeiro. Os arquivos e as entrevistas são organizados, preservados e divulgados, tornando-se preciosas fontes para pesquisadores nacionais e estrangeiros. Além disso, na área de História Oral, o CPDOC desenvolveu metodologias reconhecidas e adotadas em várias instituições congêneres. Em decorrência, ele tem sido convidado a ministrar cursos e prestar consultorias na área de documentação histórica, o que contribui para consolidar no país a preocupação com a preservação e a divulgação da memória nacional.

Nos últimos anos, o CPDOC vem ampliando suas áreas de atuação. Ao completar 30 anos (1973-2003), tornou-se, além de centro de pesquisa e documentação, uma instituição de ensino, com a instalação de seu Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais e, mais recentemente, da Escola Superior de Ciências Sociais. O portal do CPDOC na Internet (www.cpdoc.fgv.br) permite o acesso a informações sobre os seus arquivos, suas entrevistas e sobre a produção intelectual de seus pesquisadores, além de viabilizar a consulta a seu acervo de imagens, a verbetes do seu Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro, importante obra de referência, e a artigos publicados em Estudos Históricos, periódico que vem sendo editado a cada semestre desde 1988.

 

Referências:

  • (1) HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
  • (2) TOLEDO, Luiz Henrique de. Lógicas no futebol. São Paulo: Hucitec/ FAPESP, 2000. BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990.
  • (3) ASSAF, R.; NAPOLEÃO, A.; C. Seleção Brasileira – 90 anos (1914-2004). Rio de Janeiro: Mauad, 2006.
  • (4) ALBERTI, V. História oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro : Editora FGV, 1989.

 

Desafios científicos e tecnológicos e os meios e métodos para superá-los. Em décadas recentes, parece ocorrer com a Museologia o mesmo fenômeno que se processou com a Historiografia no último quartel do século passado. A “síndrome de museus” (1), típica de nossa era (2), remete a uma discussão iniciada entre os historiadores nos anos 1970, a partir da obra coletiva organizada por Jacques Le Goff e Pierre Nora: Faire de l’histoire: nouveaux problèmes, nouvelles approches, nouveaux objets(3) (1974). Naquele momento, a crítica epistemológica à História como ciência do passado coincidia com a eclosão de novos objetos passíveis de investigação científica, sob o mote geral de “tudo é História”. Com efeito, estes historiadores, representantes da terceira geração dos Annales, abriam mão de sua condição de voz onisciente e autorizada do passado para lançar-se à pesquisa de temas até então considerados triviais, como o clima, o corpo e a cozinha. Tal postura resultou, nas décadas subseqüentes, na legitimação de temáticas incomuns, dedicadas, por exemplo, às variações históricas nas percepções dos odores ou nas formas de contemplação do mar no Ocidente (4). Continua...

 

O campo da Museologia assiste a um debate não muito distinto, e talvez mais radical, nos últimos anos, com o alargamento dos conceitos de museu, patrimônio e coleção. Desde pelo menos o fim da Segunda Guerra mundial, instituições internacionais como a UNESCO têm envidado esforços para alargar a fronteira das concepções museológicas e das práticas museográficas, pautadas no pressuposto da pluralidade das culturas e na necessidade de representação dos diversos grupos da sociedade, em âmbito não apenas nacional como local e regional. Este processo se intensificou durante a década de 1970 e se institucionalizou em período recente, com a introdução da idéia de “patrimônio cultural”, categoria que estende a prática de coleta, preservação e tombamento dos bens materiais e tangíveis para a esfera do simbólico e do intangível. O caráter monumental dos museus, cuja função precípua seria a sagração do passado nacional, é, pois, sucedido por uma redefinição dos espaços patrimoniais, mais flexíveis e fragmentários, capazes de contemplar uma variedade de escalas, uma diversidade de temas e uma polifonia de vozes. Assim, tudo se musealiza, na proporção em que tudo se historiciza.

O campo museal no Brasil acompanha essa tendência contemporânea, não sem algumas particularidades, decorrentes de suas próprias vicissitudes históricas. Depois da voga de “românticos e folcloristas”, estudados pelo sociólogo Renato Ortiz (5), o nascimento dos museus brasileiros é situado pela antropóloga Lilia Moritz Schwarcz na conjuntura da virada do século XIX para o XX, dentro do contexto de afirmação institucional republicana, quando o país assiste à permuta de seus símbolos cívicos (6), à “explosão do espírito comemorativo” (7) e à conformação de instituições como o Museu Goeldi (1886), o Museu Paulista (1894) e o Museu Histórico Nacional (1922). Deste modo, em um primeiro momento (1870-1930), os pilares dos museus brasileiros se assentam, tal qual os modelos internacionais, nas áreas artística, científica e natural.

A questão patrimonial ganha impulso durante os anos 1930, com a ação institucional de Rodrigo Melo Franco de Andrade (8) e de Mário de Andrade (9) - este último protótipo do “moderno intelectual brasileiro” (10) -, seja no Serviço do Patrimônio Artístico Nacional (SPHAN) seja na Secretaria Municipal de Cultura, da cidade de São Paulo. A questão sofre uma inflexão no período que se segue à Segunda Guerra mundial, com a expansão cronológica, tipográfica e geográfica do campo do patrimônio nos países asiáticos, africanos e americanos. Nestes, os processos culturais, baseados em criações anônimas populares, não dependem de maneira exclusiva da materialidade e de sua posterior reificação, sob a forma de artefatos expostos nos espaços descontextualizados dos museus. A partir de então, ocorre uma progressiva diferenciação frente ao perfil dos congêneres europeus e norte-americanos, graças em parte a iniciativas de alguns intelectuais engajados.

Enquanto na França surge o Musée de l’homme (1937), no Brasil o antropólogo Darcy Ribeiro seria responsável pela criação do Museu do Índio (1953), durante o segundo governo Vargas, informado por um forte espírito indigenista, na esteira do positivismo de Rondon, e preocupado com a salvaguarda das tradições indígenas. Concomitante ao surgimento dos Museus de Arte Moderna em São Paulo (MASP/1947; MAM/1948) e no Rio (MAM/1949) (11), cuja inspiração evidente é o homônimo de Nova York (MOMA/1929), o crítico de arte Mário Pedrosa (12) propõe a instalação de museus de corte temático, tais como o Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado em 1952 no Rio de Janeiro, com base nas experiências de terapia ocupacional, implementadas pela Dra. Nise da Silveira, em centros psiquiátricos.

Desde a década de 1990, os museus têm sofrido significativas transformações na sua configuração espacial, bem como na disposição de suas peças, no suporte de suas exposições e na redefinição de seus objetos, não apenas palpáveis e corpóreos. O advento e a concorrência dos Centros Culturais – na França, o marco inaugural é o Centre Georges Pompidou (1977); no Brasil, remontam à década de 1980, com o Centro Cultural São Paulo – levaram os museus a uma maior dinamização, com o emprego de novas mídias para a utilização da infra-estrutura interna e para a atração dos visitantes, sendo estes cada vez mais integrados ao circuito da formação pedagógica escolar e à indústria do turismo-entretenimento internacional. A explosão temática estimulou ainda o aparecimento de museus especializados em uma diversidade de gêneros, dedicados a recontar a história através de eixos temáticos como a migração, a escravidão, a tortura, o trabalho, a ecologia, as empresas, as cidades, as universidades, entre inúmeros outros (13).

A criação do Museu do Futebol se inscreve nessa fase de flexibilidade de temas, em que tudo parece ser musealizado. Inaugurado em setembro de 2008, o museu pertence ao governo do Estado de São Paulo e é fruto de uma parceria público-privada com a Fundação Roberto Marinho. Atualmente, é gerido por uma organização social de cultura intitulada Instituto da Arte do Futebol Brasileiro, entidade sem fins lucrativos, que firmou com a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo um contrato de gestão para a administração do museu.

O espaço para visitação se situa nas dependências do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, e ocupa três andares do setor sul de sua área interna, que sofreu profundas intervenções para a utilização. O museu fica, portanto, incrustado em um estádio que é tombado e, ao mesmo tempo, palco vivo da prática do futebol, em suas atividades cotidianas dos jogos válidos pelo campeonato profissional, durante a semana e os fins de semana. Mais do que um dado circunstancial, a justaposição entre museu e estádio, entre prática e representação, é reveladora da especificidade deste locus: um complexo esportivo com setenta anos de história. Tal simbiose é importante para a compreensão de seu sucesso – cerca de quatrocentos mil visitantes no primeiro ano de funcionamento –, pois vários são os depoimentos que atribuem a aceitação de público aos museus e aos centros de visitação que preservam os lugares de origem, como as casas de escritores ou as sedes residenciais de governo, a nos fiarmos no exemplo do Palácio do Catete, onde hoje funciona o Museu da República, no Rio de Janeiro (14).

As linhas-mestras da concepção original inspiram-se em outro museu recentemente inaugurado na capital paulistana: o Museu da Língua Portuguesa (2006). A inspiração se deve, em particular, à utilização de recursos tecnológicos e expográficos, assim como à ausência de coleções ou de acervos em sua acepção tradicional. O museu foi concebido e projetado segundo padrões condizentes com as diretrizes da arte contemporânea, a romper com a bidimensionalidade e a investir em interações comunicativas com o visitante. As escolhas curatoriais podem ser percebidas pela expertise da equipe responsável por sua elaboração: Daniela Thomas e Felipe Tassara (expografia); Mauro Munhoz (projeto arquitetônico); Jair de Souza (design e projeto visual) e Leonel Kaz (curadoria). As obras que serviram de base ao curador – ele próprio organizador de livros dedicados à arte contemporânea (15) – revelam o futebol em estreita sintonia com o universo artístico-cultural brasileiro: Futebol-arte: a cultura e o jeito brasileiro de jogar e Brasil: um século de futebol – arte e magia (16). Esta visão artística, e culturalista, vem retratada na exposição permanente do Museu, subdividida em um total de quinze salas, o que contribui para sublinhar o fato – legítimo – de que se trata de um museu do futebol brasileiro.

O quadro sintético, acima exposto, permite o entendimento da inscrição do Museu do Futebol nas novas tendências da museologia contemporânea e na enunciação dos desafios técnicos e científicos do projeto que ora se encaminha.

Uma das atribuições do Museu é tornar-se referência para a consulta e pesquisa de acervos, com a criação de indicadores de memória do futebol. Deste modo, encontra-se em andamento, sob os auspícios da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos/ Ministério da Ciência e Tecnologia), a criação do Centro de Referências do Futebol Brasileiro (CRBF). Uma parte deste projeto prevê a constituição de uma base de dados que integre o acervo museológico, bibliográfico e audiovisual, e disponibilize tais dados para consulta pública no interior do Museu. Isto lhe permitirá transcender a sua condição de passagem para constituir também uma infra-estrutura de consulta e pesquisa, in loco ou via web.

Além da aquisição de documentos como fotos, livros e filmes relativos ao assunto em tela, a presente proposta de pesquisa visa a elaboração de um corpus documental para o CFRB, cujo ponto de partida, amparado na metodologia da História Oral, é a articulação entre memória/história, tal qual enunciada na historiografia francesa por Jacques Le Goff. Em vista disto, a escolha aqui operada, dentre os inúmeros indicadores de memória que o futebol suscita em nossa sociedade, se esteia nos depoimentos daqueles atores que vivenciaram a experiência das Copas do Mundo, eventos cuja magnitude deu a tônica da popularidade do futebol no Brasil nos últimos oitenta anos, contribuindo para costurar uma unidade analítica entre memória esportiva, memória nacional e história política brasileira.

 

Referências:

  • (1) ABREU, R.; CHAGAS, M. (Orgs.). Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 13.
  • (2) SEVCENKO, N. “O declínio das cidades e a espetacular ascensão dos museus”. In: A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • (3) NORA, P.; LE GOFF, J. (Orgs.). História: novos problemas, novas abordagens, novos objetos. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1988, 3 vols.
  • (4) CORBIN, A. Saberes e odores: o olfato e o imaginário social nos séculos XVIII e XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Id. O império do vazio: a praia e o imaginário ocidental. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
  • (5) ORTIZ, R. Românticos e folcloristas. São Paulo: Olho D’Água, 1992.
  • (6) CARVALHO, J. M. de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
  • (7) A expressão é de Jacques Le Goff. Cf. SCHWARCZ, L. M. “O nascimento dos museus brasileiros (1870/1910)”. In: MICELI, S. (Org.). História das Ciências Sociais no Brasil. São Paulo: Editora Sumaré, 2001, p. 30.
  • (8) GONÇALVES, J. R. A retórica da perda: os discursos do patrimônio cultural no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2002.
  • (9) CHAGAS, M. Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de Mário de Andrade. Chapecó: Argos, 2006.
  • (10) MICELI, S. “Mário de Andrade: a invenção do moderno intelectual brasileiro”. In: SCHWARCZ, L. M.; BOTELHO, A. (Orgs.). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
  • (11) ARRUDA, M. A. N. “Vanguardas concretas, linguagens e museus de arte”. In: Metrópole e cultura: São Paulo no meio século XX. Bauru: EDUSC, 2001, p. 385.
  • (12) ARANTES, O. Mário Pedrosa: itinerário crítico. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
  • (13) FONTES, P. “Museu e história do trabalho: algumas experiências internacionais”. In: Revista Perseu: História, Memória e Política. São Paulo: Editora da Fundação Perseu Abramo, 2007, vol. 1, n. 1.
  • (14) SANTOS, M. S. dos. “Museu Imperial: a construção do Império pela República”. In: ABREU, R.; CHAGAS, M. (Orgs.). Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 121 e 122.
  • (15) Em parceria com Nigge Loddi, Leonel Kaz publicou: Arte e ousadia: o Brasil na coleção Sattamini; Vik; e Galvão, entre outros.
  • (16) SOUZA, J. de; RITO, L.; LEITÃO, S. S. Futebol-arte: a cultura e o jeito brasileiro de jogar. São Paulo: SENAC, 1998. KAZ, L; MÁXIMO, J. Brasil: um século de futebol. Rio de Janeiro: Aprazível Edições, 2006.