Mais um fim de semana de caos nos embarques e desembarques em Lisboa expôs o ponto frágil da retomada econômica: a infraestrutura no principal aeroporto do país, como mostrou o Portugal Giro.
Diante desta nova onda de turismo de massa, que só estava prevista para chegar em 2023, Portugal foi surpreendido pelo grande volume de voos e passageiros. O índice está próximo ao nível de 2019, último ano sem pandemia de Covid-19.
As greves de funcionários de companhias aéreas de outros países e um jato comercial que teve um problema na aterrissagem em Lisboa agravaram o problema.
Foram cancelados mais de uma centena de voos desde sexta-feira até o início da noite de ontem. Grande parte da TAP, mas outras companhias também enfrentam problemas.
Demissões no auge da pandemia e falta de mão de obra para recontratar são alguns dos entraves no caminho da recuperação da infraestrutura aeroportuária e do turismo em Portugal. O número de voos está apenas 2,8% abaixo do mesmo período de 2019, enquanto na Europa o índice é de 15%.
Os dados são da Associação Internacional de Transporte Aéreo e mostram que Portugal tem potencial para voltar a ser destino da moda. Isso ocorre apesar do caos aéreo, que pode impedir uma retomada similar ou superior aos tempos pré-Covid.
Cancelamentos em cima da hora, passageiros retirados de voo prestes a decolar, malas extraviadas, longas filas, confusão para pedir reembolso, desinformação e dificuldades para embarcar em outra aeronave. Esse foi o panorama não só do fim de semana, mas dos últimos dias, uma mancha à beira das férias em massa na Europa.
A brasileira Pamella Lima, que viajava pela Iberia para o Brasil, relata:
— O voo em Lisboa atrasou 50 minutos e a conexão para São Paulo em Madri não esperou. Pior: o avião estava no pátio, mas os funcionários encerraram o embarque. (...) Tem uma fila enorme. Tentei filmar, mas me pediram para parar e apagar — disse ela, antes de conseguir embarcar.
Após o primeiro-ministro António Costa desautorizar o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, o problema extrapolou os terminais e chegou aos gabinetes do governo e da oposição.
A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, criticou a tentativa do governo emplacar o projeto de um novo aeroporto em Lisboa, com etapa transitória em Montijo até a construção da estrutura definitiva em Alcochete:
— Ao mesmo tempo que se gasta dinheiro a fazer um aeroporto que os cientistas já disseram que vai ficar inundado em poucos anos, com a subida do nível das águas (...) Isto não é fazer decisões estruturais, isto é ser estruturalmente contra a economia portuguesa.
Em nota, a TAP informou:
“Devido aos constrangimentos em vários aeroportos em que a TAP opera, incluindo o incidente com um jato privado na sexta-feira no aeroporto de Lisboa, muitos voos da companhia foram afetados e, consequentemente, toda a nossa operação. Os passageiros afetados deverão aguardar uma mensagem com um novo horário de voo”.
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