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Por Bolívar Torres — Rio de Janeiro

A recuperação judicial das Lojas Americanas também afetou o mercado editorial. É o que dá a entender a lista de credores apresentadas pela loja na última quarta-feira, 25, que inclui 76 editoras. A dívida total, que envolve empresas como Companhia das Letras, Record, Intrínseca, Sextante e Rocco, se aproxima dos R$ 70 milhões.

Embora vista com preocupação no mercado editorial, a situação não deve repetir o terremoto causado pela crise de grandes redes como Saraiva e Cultura, em 2018, que chegaram a dever R$ 325 milhões para as editoras. O prejuízo deve ser menor, já que na época as duas megalivrarias concentravam muito mais negócios do que a Americanas, uma vitrine relativamente pequena para livros. Em alguns casos, editoras tinham até 40% de seus faturamentos focados na Saraiva.

Segundo editores ouvidos pelo GLOBO, o impacto da falência da Americanas.com não é tão grande quanto foi o da Saraiva e Cultura, pois o Submarino, que era o principal canal de vendas, detinha entre 5% e 10% do mercado, dependendo da editora.

- Claro que isso é um baque enorme no nosso fluxo de caixa, especialmente por conta das lojas físicas - diz Marcos Pereira, da Sextante, que tem 8 milhões a receber da gigante do varejo. - Mas, na venda online, as operações devem migrar naturalmente para outros canais. Nesse caso, não deve haver uma grande diferença.

Ao contrário de Saraiva e Cultura, a Americanas quase não operava por consignação. Ou seja, a maior parte das editoras têm apenas a dívida a receber, enquanto em 2018 precisavam recuperar também os livros em estoque naquelas lojas.

Presidente do Grupo Editorial Record, Sonia Machado Jardim confirma que o impacto é muito menor em relação a 2018.

- No caso específico do Grupo Editorial Record, estamos vindo de um ano histórico em termos de faturamento, o que nos dá alguma tranquilidade para encarar mais este sobressalto. Mas é claro que cria uma situação desconfortável se você pensar que, destes R$ 7 milhões devidos, honraremos quase R$ 1,5 milhões em direitos autorais para os nossos autores. Portanto, esperamos, de alguma forma, reaver o valor que a Americanas nos deve”.

Diretora executiva da HarperCollins Brasil, Leonora Monnerat diz que a a notícia pegou os editores "de surpresa".

- Estamos atentos aos próximos passos da rede e absorvendo os impactos. Com certeza (a Americanas) é um player importante e estratégico, principalmente para fazer o livro chegar em regiões que muitas vezes não têm livrarias.

A dívida da Americanas é relativamente pequena se comparada com o faturamento do mercado editorial como um todo em 2022, de mais de R$ 2 bilhões, avalia o Presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Dante Cid. Porém, ele alerta que o impacto poderá ser considerável para editoras menores, que concentravam seus negócios na Americanas por ainda não possuírem uma estrutura sólida de e-commerce.

- Editoras que tinham exclusividade com a Americanas terão mais problemas - diz Cid. - O mercado vai ter que se acomodar de alguma forma e vai ter uma reação imediata 

Segundo Cid, a dívida das Americanas será tratada na próxima reunião do Snel, no dia 8.

- Vamos analisar as melhores forma de apoiar os associados caso eles decidam por uma ação conjunta para lidar com a situação - diz Cid.

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