VENEZA - Depois de um hiato de 12 anos sem dirigir longas (o último foi "O brilho de uma paixão", de 2009), a cineasta neozelandesa Jane Campion apresentou "The power of the dog", seu novo filme no Festival de Cinema de Veneza. Ao falar sobre o longa nesta quinta-feira (2), Campion celebrou diretoras que ganharam prêmios importantes no último ano, afirmando que o movimento #metoo foi como o "fim do Apartheid" para as mulheres.
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- As mulheres estão indo muito bem - afirmou Campion, a primeira mulher a receber a Palma de Ouro no Festival de Cannes, pelo filme "O Piano", em 1993. - Tudo o que posso dizer é que desde que o movimento #metoo aconteceu, tenho sentido uma mudança de ambiente. É como o muro de Berlim caindo ou o fim do Apartheid para as mulheres - disse Campion, de 67 anos, se referindo a Chloe Zhao , que ganhou o Leão de Ouro em Veneza no ano passado e também três Oscars, e Julia Ducournau, vencedora da Palma de Ouro em Cannes este ano.
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Campion escolheu uma história de machismo e vingança passada em 1925 e baseada num romance de Thomas Savage para "The Power of the Dog", seu primeiro filme desde "O brilho de uma paixão", um drama sobre o poeta John Keats, e após anos trabalhando em séries de TV.
"The Power of the Dog" foi filmando na Nova Zelândia e tem no elenco Benedict Cumberbatch, como Phil Burbank, um dono de rancho cruel que atormenta Rose, personagem de Kirsten Dunst, e também a seu filho.
Cumberbatch afirmou que a atitude tóxica de seu personagem é produto de sua criação e também do medo de se perder quando Rose, a nova mulher de seu irmão, se mudar para o rancho da família. O ator disse que ele e Dunst mal se cumprimentavam no set para manter o clima de tensão e a atmosfera de antagonismo do filme.
- Benedict e eu não falávamos um com o outro. Sempre nós sentíamos culpados se disséssemos um "Oi" - concordou a atriz.
O filme de Campion, cuja estreia foi atrasada por causa da pandemia de Covid-19, é um dos longas produzidos pela Netflix que estão na caompetição principal em Veneza. O outro é "The Hand of God", do italiano Paolo Sorrentino. Os dois filmes foram convidados para o Festival de Cannes, mas optaram por Veneza, que não exige estreia nos cinemas para concorrer ao prêmio principal.