Música
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Por — Rio de Janeiro

Alguns aconteceram em pequenos espaços, para uns poucos privilegiados. Outros, em grandes casas ou mesmo estádios, e arrastaram multidões. Em comum, a sensação do público de estar vivendo um momento único, do qual se falaria muitos anos depois. Boa parte deles até foi registrada em discos ao vivo, alguns de grande vendagem — que, no entanto, e por mais bem gravados que fossem, não deram conta da emoção de quem de fato se espremeu ali na plateia. Eles são a matéria do livro “Os 50 maiores shows da história da música brasileira”, de Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes, que acaba de ser lançado pela editora Belas Letras.

A obra é “o irmão mais novo” de “Os 50 maiores shows da história da música”, livro que Luiz (criador do canal do YouTube “Alta fidelidade”) lançou em 2022, acompanhado de uma série de 50 pôsteres dos shows (de Robert Johnson em 1938 a David Byrne em 2019) “reimaginados” pelo ilustrador Jonas Santos. Em sua empreitada com a música brasileira, ele teve a colaboração de Tito, autor de “Querem acabar comigo: da jovem guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical” (2021), com quem por sinal depois dividiu “Lado C: a trajetória musical de Caetano Veloso até a reinvenção com a BandaCê” (2022).

— O fato de ter feito o livro com o Tito foi muito legal, porque a gente tem um gosto musical em comum, mas tem coisas ali que, se fosse um livro só meu ou só do Tito, não estariam — explica Luiz Felipe Carneiro. — Eu tenho 44 anos e ele, 26. E a geração do Tito dá um valor muito grande para os medalhões da MPB, um valor que as outras gerações não deram. Na minha época, no Canecão, você comprava um ingresso meia hora antes do show, na bilheteria. Agora, os ingressos (para os medalhões) esgotam em 30 minutos.

Do esforço conjunto em eleger 50 shows (dos quais, desta vez, 11 viraram pôsteres reimaginados por Jonas Santos), chegou-se a um painel que começa em 1962, com Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto e Os Cariocas no Au Bon Gourmet, casa na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Eram os principais nomes da bossa nova, pela primeira vez reunidos num mesmo palco, num show que viu a estreia de “Garota de Ipanema”. E a seleção termina em 2023, com a estreia, na Jeunesse Arena, no Rio, de “Todos ao mesmo tempo agora”, turnê de comemoração de 40 anos dos Titãs — show incluído, por pressão de Luiz, quando o livro já estava quase pronto.

O resultado é, como dizem os autores no prefácio, “uma espécie de manual da história da nossa música por meio de seus shows mais importantes”. Que passa pelo nascimento da MPB no “Opinião” (1964), com Nara Leão, João do Vale e Zé Kéti; por Maysa em 1969, lustrando um Canecão inaugurado menos de dois anos antes, num show moderno em que cantava até Roberto e Erasmo Carlos; e pelo próprio Rei, também no Canecão, estabelecendo novos parâmetros para o showbiz em 1970 com o show pós-jovem guarda “A 200 km por hora!”. Isso, lembrando-se que em 1969, o astro Wilson Simonal regera 30 mil vozes numa apresentação no Maracanãzinho (ele deveria aquecer a plateia para Sérgio Mendes, mas passou do ponto de fervura).

Há outros shows inescapáveis, como o dos Secos & Molhados no Maracanãzinho, em 1974 (que teve 20 mil pessoas dentro do estádio e outras 20 mil do lado de fora), e o “Falso Brilhante”, de Elis Regina, que ficou em cartaz de 1975 a 1977. Ou o “Paratodos” (1994, de Chico Buarque) e “O Grande Encontro” (1996, com Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho), nos quais os veteranos conquistaram toda uma nova geração. E há também shows que os livros insistem em desprezar, apesar de suas incríveis histórias, como o que o cantor de churrascarias Elymar Santos fez em 1985, quando moveu céus e terras para alugar o Canecão — jogada arriscada que o transformou numa celebridade.

— Ele era um cantor de subúrbio, fã da Maria Bethânia e de Simone, que tinha o sonho de cantar nesse lugar e conseguiu realizar esse sonho de um modo quase surreal. Mas não foi uma aventura de uma noite só. Elymar ficou famoso, começou a lançar discos, tornou-se um ícone desse universo brega e continuou fazendo show no Canecão até ele fechar — conta Tito, que insistiu para que o show constasse entre os 50 do livro, assim como um de Simone em São Paulo, em 1983 (no qual, anos à frente de Madonna, a cantora elevou o grau de erotismo ao pôr uma cama no palco).

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