Nelson Motta
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Na minha distante infância, pré-televisão, nos fins de tarde, a molecada da rua se reunia em volta do rádio para ouvirmos eletrizados as aventuras de “Jerônimo, o herói do sertão” e seu fiel companheiro “Moleque Saci”, que fazia o contraponto cômico com o caubói justiceiro, que cruzava os sertões cavalgando seu fabuloso “Príncipe” e enfrentando bandidos terríveis como o “Caveira” e o “Cobra”, sempre em defesa dos fracos e oprimidos e terminando nos braços de sua namorada Aninha.

Também amávamos ouvir o “Sombra”, versão brasileira do seriado americano que era grande sucesso com Orson Welles, seus suspenses e mistérios, e aguardávamos sempre a sua pergunta clássica “Quem sabe o mal que se esconde nos corações humanos?”, e a voz poderosa respondia: “O Sombra sabe”.

Nostalgia? Não, modernidade. A mídia que mais cresce no momento. Estou ouvindo eletrizado o podcast “França e o labirinto” no Spotify. Espetacular série de mistério com um detetive diferente e fascinante, interpretado por Selton Mello, um cara durão e experiente que perdeu a visão, mas continua positivo e operante, com a ajuda de seu fiel cão guia “Bonaparte” e de um comando de voz que faz tudo em sua casa. É difícil desgrudar das aventuras e desventuras do detetive Nelson França, que tem um humor ácido e bebe um pouco demais (você ouve a bebida enchendo o copo, as pedras de gelo, os goles) e uma história de amor mal resolvida com a perita criminal Ângela, enquanto mantém relações turbulentas com a polícia. Todos os melhores clichês do romance policial, acrescidos de novidades e invenções que dão personalidade ao seriado.

Mas um ótimo personagem feito por um grande ator e um elenco afiado numa boa história não bastam. É preciso o “cenário sonoro”, a sonoplastia, arte de criar ambientes, barulhos, ruídos e sonoridades que envolvam a ação, e isso faz a diferença no seriado. Você não só ouve passos, carros, gritarias de bar, chuva, tiros, mas também “vê” um espancamento brutal ou uma rebelião numa cadeia. Você “sente” o bafo do cachorro rosnando, ofegando, ao lado do detetive, e, com o efeito estéreo dos fones, o bicho “passa” de um lado para o outro de seus ouvidos.

Esta era a grande mágica do rádio: os cenários, ambientes, personagens e ações se formavam na imaginação de cada um, que, como se sabe, não tem limites. Cada um ouve e “vê” o melhor que consegue, com o seu repertório visual, sua sensibilidade, sua capacidade criativa. Ninguém vê igual, cada um tem seu próprio universo de imagens, seu “catálogo” de romances policiais em filmes e fotos. Só que o cinema deixa o espectador passivo, não há nada a inventar ou acrescentar ao que se está vendo, enquanto o velho rádio, ou o moderníssimo podcast, proporcionam a cada um uma viagem única, ou, para ser mais contemporâneo, customizada.

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